quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Hurra Europa!!!


A primeira pedra, que é como quem diz, o primeiro satélite do Galileu, o sistema de navegação por satélite europeu, foi colocado ontem em órbita. O Galileu é, como se sabe, a alternativa europeia ao actual GPS norte-americano e ao GLONASS, russo. Tem a vantagem de, ao contrário destes dois sistemas, ser um sistema civil e não militar. E representa para a Europa um valor estratégico incalculável, uma vez que até agora a utilização do GPS estava limitada à boa-vontade dos EUA que decidiam o grau de precisão com as coordenadas eram fornecidas aos utilizadores civis. Mas o Galileu não será apenas um sistema complementar relativamente aos já existentes. O Galileu será mais moderno, com maior precisão e mais funcionalidades. O simples facto de a precisão aumentar para erros inferiores a um metro vai permitir que o sistema de navegação venha a ter novas utilizações que até agora não eram viáveis devido à margem de erro inaceitável.

Quando o Galileu foi inicialmente proposto, os EUA fizeram uma lobbying enorme para convencer a Europa a desistir do sistema com argumentos que iam desde a possibilidade de o sistema vir a ser utilizado por terroristas até à redundância de um novo sistema quando já existe um. No entanto o que os EUA queriam e querem era manter o controlo completo sobre a navegação por satélite. Felizmente a UE e a ESA não cederam às pressões.

O Galileu terá ainda implicações na criação de novos empregos, estimando-se que venham a ser criados cerca de 100.000 postos de trabalho em aplicações do sistema às diversas indústrias.

De qualquer maneira já ganhavam demais (este país é uma trampa)

O Governo propõe-se aumentar os funcionário públicos uns estrondosos 1,5%. Eu acho bem, afinal eles provavelmente já ganhavam demais e hão-de sentir-se muito mais motivados a fazer um bom trabalho se tiverem aumentos inferiores à inflacção. Provavelmente até passam a ir a pé para casa e como chegam muito quentinhos do esforço até poupam no aquecimento, reduzindo assim o consumo energético e as importações de petróleo. O que ajuda a equilibrar a balança de importações. É só vantagens.

Coño, pues que si, que soy portugués (este país é uma trampa)

Mais um da série "Este país é uma trampa". Segundo o DN, cada vez mais mulheres portuguesas da raia alentejana vão ter as suas crianças em Espanha. Algumas utilizam-se de clínicas privadas a que têm direito através de seguros de saúde espanhois, outras de hospitais públicos. Mas a opinião destas mães parece ser unânime: os meios e o apoio médico disponível em Espanha são incomparavelmente superiores aos existentes em Portugal.

É interessante ver como Espanha e Portugal encaram de forma diferente as suas regiões do interior. É porque até prova em contrário, Badajoz é tão interior para os espanhois como Elvas o é para os portugueses. A diferença é que Espanha investe no seu interior enquanto Portugal desinveste. Mas tavez seja uma medida inteligente. Como somos pobrezinhos talvez faça mais sentido concentrar tudo no litoral para não dispersar recursos. E com sorte os espanhois compram umas coisas ali junto à fronteira e pode ser que façam lá alguma coisa de jeito.


Mulheres da raia alentejana preferem ter bebés em Espanha
no DN

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Este país é uma trampa (26)

Este país é uma trampa, por milhões de razões, sendo a que vou referir certamente uma das menos importantes. Mas é a que me está a enervar neste momento, por isso...

As pessoas que gostam de banda desenhada já analisaram bem como funciona o nosso país em termos de publicações de banda desenhada? É ou não é uma tristeza? Passo a descrever para quem não sabe.

Este país, não sei se por ser minúsculo, se por ser um país de gente pobre o com outras prioridades que não comprar BD, é um deserto em termos de publicações de BD. As grandes escolas de BD de qualidade, isto é, BD com boas histórias e bom traço, são basicamente três: a escola Norte-Americana, a escola Franco-Belga e a Japonesa. Depois existem outras fontes de BD, como o Brasil, mas que não me seduzem e vivem muito à custa do humor em formato tira de jornal como "Os Skrotinhos".

A BD norte-americana vive essencialmente à custa de dois tipos diferentes. Por um lado a BD de super-heróis, sendo as principais editoras a DC Comics e a Marvel, e por outro as BD humorísticas estilo tira de jornal como o Calvin. A DC e a Marvel primam mais pela quantidade que pela qualidade. Têm publicações mensais, que já coleccionei quando era miúdo e têm publicações mais esporádicas e mais cuidadas em formato de história completa. Em Portugal as edições Marvel e DC são publicadas com a mesma periodicidade que nos EUA e os fãs deste tipo de BD vão-se safando.

A escola japonesa na forma dos Manga tem pouca publicação em português mas a Fnac importa alguma Manga em francês e penso que existe uma ou outra loja especializada que também se dedica à importação deste tipo de BD.

Finalmente, a escola franco-belga, a minha preferida, historicamente tem bastantes albuns publicados em português, mas a cadência de publicação é muito reduzida. E vê-se um fenómeno tremendamente irritante que é publicarem um ou dois albuns de uma colecção e depois ter de se esperar tempos infindáveis por novos albuns. Tenho umas quatro colecções começadas mas que não avançam. E a coisa é tanto mais irritante quanto a Fnac importa as versões francesas, o que demonstra que os albuns estão a sair mas que as editoras portuguesas não os publicam. Se eu lesse em francês estava feliz da vida. Comprava os originais e borrifava-me para as versões portuguesas. Infelizmente não é o caso, por isso tenho de me resignar ao prolongado calendário das editoras portuguesas. Alternativamente podia tentar comprar as edições traduzidas para inglês, mas se adicionarmos os portes de correio, os preços são proibitivos.

Outro dos problemas que existe para quem gosta de BD é a fraqueza dos sítios na net dos editores.

A Meribérica-Liber, uma das editoras mais importantes do país, tem há anos e anos apenas uma página inicial em construção que não diz absolutamente nada. Antes ainda tinha uma daqueles sinais das obras agora é simplesmente uma página em branco. Há uns tempos correram informações de que esta editora estava perto da falência.

A Editorial Verbo tem a obra completa do Tintin e pouco mais de jeito, mas pelo menos dá para listar a colecção toda.

Depois temos a BookTree que editou uns albuns interessantes. O sítio desta editora é esteticamente muito pobre e falta-lhe um plano das próximas publicações. Mas pelo menos parece listar todos os albuns já publicados e oferece boa informação sobre estes.

A editora que tem o melhor sítio em Portugal é a Devir que actualmente publica a Marvel em português e daí talvez o seu sucesso mas que tem muito mais BD, incluindo brasileira e franco-belga.

Mas se quiserem ver como é que é um sítio a sério podem espreitar a Les Humanoides Associes editora francesa por exemplo da série "O Incal" e "A Casta dos Meta-Barões", ambas (lentamente) publicadas pela Meribérica-Liber. Só para terem uma ideia, o último album desta última série publicado em Portugal é o número 3 e foi publicado em 2000. Em França a Humanoides publicou o número 8 em 2004.

Entretanto encontrei um sítio sobre a BD em Portugal que embora seja muito fraco em termos gráficos tem muito informação e constitui uma boa base de pesquisa: BD Portugal.

Com o cabelo escorridinho

Estava a pensar no nojo que não devia ser uma visita à idade média, ou a outras épocas um pouco mais recentes em que os banhos diários eram um conceito desconhecido. Estou a imaginar toda a gente, dos mais pobres aos mais ricos a tresandarem a suor e com o cabelo escorridíssimo. A maioria das pessoas não deviam tomar banho até à hora da morte. O mais parecido que a maior parte das pessoas dessa época deve ter tido com um banho deve ter sido no dia em que nasceram que os limparam com um pano sujo para tirar a maior. E uma pessoa que nunca tivesse lavado o cabelo devia ter uma comichão horrível na cabeça. Acho eu.

As pessoas deviam cheirar tão mal que dias depois de morrerem os conhecidos ainda deviam ficar na dúvida se o morto estaria mesmo morto ou apenas particularmente mal cheiroso.

E pronto, estava há tanto tempo sem escrever que qualquer coisinha fútil é melhor que nada.

terça-feira, 22 de novembro de 2005

Um gajo morre

Imaginemos que os católicos e outros têm razão e que de facto vamos parar ao céu. Imagino que tenhamos a oportunidade de olhar para a nossa vida terrena e ver tudo o que fizemos nesta Terra. Já imaginaram o potencial que esta situação tem no que diz respeito a elaboração de estatísticas? Por exemplo. Hoje tive de ir a uma farmácia de serviço. Fui na carrinha da minha mulher que é a que está à frente. Pus em altos berros um disco da Madonna que ela lá tinha e lá fui a esticar a carrinha. Quando cheguei a casa fiz como costumo fazer e subi os cinco andares a pé em vez de utilizar o elevador. E então lembrei-me: vim a gastar gasóleo à parva, mas pelo menos poupei na electricidade do elevador. Retomando o pressuposto inicial, não seria interessante que postumamente pudéssemos quantificar o gasóleo e gasolina que gastámos em toda a nossa vida? De forma directa e indirecta. E quanta electricidade gastámos e quanta poupámos. E por exemplo saber o dia em que gastámos mais energia em toda a nossa vida. E será que conseguimos fazer essas contas de cabeça e instantaneamente ou teremos de utilizar uma máquina de calcular divina? Ou será que temos de Lhe pedir uma audiência para que nos esclareça? Nesse caso convinha apontar todas as perguntas que gostávamos de lhe colocar... espera, Ele é omnisciente, nem seria necessário colocar-lhe as perguntas. Provavelmente mal entrássemos na sala Ele começaria imediatamente a responder às nossas dúvidas mais intímas... mas vendo bem, sendo Ele também omnipresente é bem provável que não fosse necessário sequer marcar audiência. Será que sempre que tivéssemos dúvidas Ele aparece e nos responde? Instantaneamente? E partindo do princípio que no Paraíso ou no Céu ou lá o que é não temos frio, será que andamos nus? E somos anjos? Os anjos não têm sexo, certo? Será que os anjos são todos assexuados, género rapazes sem pila. Ou será que existem anjos com e sem mamas? E em princípio não teriam também nádegas. Será que têm todos o mesmo penteado? Será que têm traços distintos ou serão estilo clones? Ou se calhar nem têm forma corpórea. Era o que fazia mais sentido, acabava-se a discussão relativamente ao sexo. Uma névoa não tem forma. Lá estou eu a tender para representações com massa. Os anjos seriam provavelmente meras existências. Consciências autónomas, dispersas pelo tempo e pelo espaço. Com percepção de si próprias mas sem sensações terrenas. No fundo apenas colectoras de informação do passado e do presente. Do futuro? Teriam noção de conforto? Teriam fobias? Por exemplo, uma dessas consciências no espaço sideral poderia sentir agorafobia, medo dos espaços abertos? Uma coisa é certa: não teriam dores de costas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Benzós Deus, nem tudo está perdido

Os habitantes de Dover algures nos EUA votaram esta terça-feira (8 de Dez de 2005) contra a alteração do programa escolar que a direcção da escola local pretendia introduzir. A ideia era acrescentar ao programa uma teoria alternativa à da Evolução e que é designada por concepção inteligente. Dizem os defensores desta teoria que o universo é tão complexo que tem de ter sido criado por uma entidade superior. Género Deus.

Como o povo de Dover não foi na conversa, Pat Robertson, fundador da Coligação Cristã e da Christian Broadcasting Network, disse-lhes que se houvesse alguma catástrofe natural na zona que não fossem pedir ajuda a Deus, já que lhe tinham virado as costas. Valha-nos Deus tanta estupidez.


"Evangelist says voters reject God

A US Christian evangelist has told a Pennsylvania town not to ask for God's help if disaster strikes after it voted against teaching intelligent design.
"

in BBC News

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Como é que isto é possível?

Esta história dos tumultos em França é pura e simplesmente inconcebível. Como é que possível que noite após noite sejam incendiados centenas de carros sem que a polícia consiga fazer detenções de monta nem interromper o ciclo de violência?

Eu não conheço bem a França mas lembro-me de um filme que vi há uns anos que abordava a problemática dos bairros dos subúrbios, cheios de jovens emigrantes de segunda geração. Nestes bairros existe uma situação de paz podre ou de guerra não declarada em que os jovens vêem a polícia como inimiga e a polícia vê-os como uma cambada de inúteis que ou estão a roubar ou a drogar-se. E este clima, embora relatado num filme, deve ser o que ainda hoje reina neste tipo de bairros. Estes emigrantes de segunda geração, que afinal não são emigrantes coisa nenhuma, encontram-se num limbo de cidadania. Se por um lado nasceram em França e são cidadãos de pleno direito, por outro não se revêem na cultura de um país que os mantém em bairros dormitório, cinzentos e sem outros estímulos que não os da violência. Mas também não se vêm como cidadãos dos países de origem dos seus pais ou avós, países esses onde se calhar nunca puseram os pés. São como apátridas culturais que rejeitam o seu país, sentem uma atracção pelas suas origens, mas também não as compreendem de forma consequente. As taxas de sucesso escolar destes adolescentes são necessariamente baixas e as hipóteses de alguma vez abandonarem aqueles bairros são remotas. Estão assim presos numa realidade que odeiam e não concebem uma forma de lhe escapar. O Governo não encontra ou não procura formas de melhorar as perspectivas destas pessoas e elas próprias não são capazes de alterar a sua situação. É num clima deste género que a notícia de que dois jovens morreram electrocutados enquanto fugiam da polícia cai que nem uma bomba e dá origem aos primeiros tumultos.

Mas será que o facto de dois miúdos terem morrido a fugir à polícia, mas sem intervenção directa desta, pode justificar oito dias de tumultos? Eu acho que não. Parece-me que o que se passou é que o primeiro dia mostrou que é possível causar pânico e destruição sem consequências. Num estado de direito a polícia não pode simplesmente começar a disparar contra tudo o que se mexa. E para queimar um carro basta uma pessoa, o que aliado ao facto de que ser impossível ter 1 polícia a cada 10 metros, faz com que seja possível passear pelas cidades a incendiar carros uns a seguir aos outros sem que a polícia o possa evitar.

Apercebendo-se de que é possível cometer estes actos impunemente, estes jovens que viveram toda uma vida de exclusão e violência e não têm mecanismos morais que os controlem, repetem as acções de destruição noite após noite. A acirrá-los existe ainda o factor competição entre gangues. Se um destruiu 100 carros, o outro quer destruir 200. Acabou por se criar uma luta pelo poder que se baseia não no combate entre os gangues mas na afirmação do seu poderio pela destruição de carros, mobiliário urbano e neste momento até edifícios.

E tudo isto tem algum objectivo? Existe de facto algum protesto com exigências por trás de toda esta violência? Não me parece. Tudo isto me parece de uma irracionalidade talvez resultante da desumanização criada pelo modelo de bairros dormitórios, hoje já se percebeu que não funciona mas que ainda existe e não desaparecerá tão cedo.

Passeios espaciais



A New Scientist costuma ter uns artigos porreiros e encontrei este sobre um passeio espacial que está planeado para hoje às 14h30. Têm de fazer várias reparações e uma das que vão fazer é a remoção de uma sonda de flutuação potencial (Floating Potential Probe, era o que lá dizia, não me perguntem o que isso é) que já não funciona e está a ficar solta. Eles vão simplemesmente soltá-la e atirá-la na direcção da Terra. Dizem que daqui a 100 dias deve entrar na atmosfera, queimando-se completamente.

Ao ler isto surgem-me várias dúvidas. Por exemplo, qual é o tamanho máximo de um objecto para garantir que é completamente consumido na entrada na atmosfera? Depende certamente do material. Por exemplo, se estivermos a falar de diamante industrial, qual é o tamanho máximo que pode ter para termos a certeza de que se desintegra completamente e não acerta na cabeça de ninguém?

Outra dúvida: na entrada na atmosfera, as coisas entram em combustão devido ao atrito do objecto com a atmosfera, resultante das enormes velocidades a que estas entradas são feitas. Mas não é possível chegar à atmosfera a uma menor velocidade? Se o objecto estiver em órbita geo-estacionária e descesse de forma controlada não seria possível manter uma velocidade suficientemente reduzida para evitar todo aquele fogo-de-artifício? Possivelmente isso não é possível porque a energia necessária para controlar essa descida deve ser astronómica. Tenho de perguntar isto a alguém.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Vão por muito mau caminho

Um amigo enviou-me um artigo do Guardian Unlimited que fala de algo curioso que está acontecer nos dias de hoje. Os EUA estão a usar campos de prisioneiros em países do antigo bloco soviético para deter indefinidamente suspeitos de terrorismo por períodos indeterminados e sem qualquer contacto com o exterior, na maior parte das vezes em condições desumanas. Mas o melhor do artigo é a referência a um pedido ao Congresso feito por Dick Chenney, Vice-Presidente dos EUA e Peter Gross, director da CIA, para isentar a agência das leis que proibem o tratamento desumano e cruel de prisioneiros. Esta gente quer poder fazer tudo o que lhes der na gana a qualquer pessoa que os olhe de lado. Se não for terrorista, azar.

Isto representa uma ameaça à Democracia tão grande quanto o terrorismo.

"EU to investigate secret CIA jails

Staff and agencies
Thursday November 3, 2005

The European commission is to investigate claims the CIA is holding al-Qaida captives at Soviet era compounds in eastern Europe.

The detention centres are part of a global internment network that includes Guantánamo Bay, Cuba and the Bagram air base in Afghanistan, according to the Washington Post.
(continuar a ler)"

in Guardian Unlimited

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Queres doar esperma? Será boa ideia?

Encontrei esta notícia estonteante na New Scientist. Um rapaz de 15 anos que foi concebido por inseminação artificial com esperma doado anonimamente, conseguiu descobrir o pai utilizando um conjunto de empresas acessíveis pela net. Basicamente o miúdo enviou o seu próprio ADN para análise para uma empresa que faz estudos geneológicos. Com essa informação obteve um apelido de outros dois homens com um cromossoma Y que dava 50% de hipóteses de serem do mesmo pai. Com essa informação e mais algumas que a mãe tinha acerca do dador de esperma (o pai do puto), comprou a uma segunda empresa os nomes de outros homens com características semelhantes. Um deles tinha o mesmo apelido que ele tinha obtido inicialmente.

Esta história é assustadora e estonteante. Por um lado porque acaba com o mito do anonimato dos dadores de esperma. E por outro porque um rapazinho de 15 anos conseguiu ter o engenho para utilizar um conjunto de serviços disponíveis na net para, com algum dinheiro, identificar um entre os 125 milhões de homens que devem viver nos EUA.

E põe-se um conjunto de questões éticas relativamente ao anonimato dos dadores de esperma. Será que um homem que contribua para a geração de uma criança, ainda que de uma forma tão indirecta, tem o direito de exigir anonimato absoluto? Será que uma mulher tem o direito de conceber uma criança negando-lhe à partida um pai?

No Reino Unido já não existe a garantia de anonimato. E identidade dos dadores é guardada e pode ser revelada à criança a partir de determinada idade.

Eu nunca fiz tal doação, só mesmo sangue, mas imagino que alguém que vá a um desses serviços, vai lá com a ideia de ver uns filmes porno, bater uma e receber uns trocos. Acho que nunca mas nunca dispensará dois segundos ao resto do processo em que o seu esperma venha a ser utilizado. E a última coisa em que deve pensar será que eventualmente uma criança nascerá e que ele estará irremediável e indelevelmente ligado a essa criança através da sua herança genética.

"LATE last year, a 15-year-old boy rubbed a swab along the inside of his cheek, popped it into a vial and sent it off to an online genealogy DNA-testing service. But unlike most people who contact the service, he was not interested in sketching the far reaches of his family tree. His mother had conceived using donor sperm and he wanted to track down his genetic father. (continuar a ler)"

in New Scientist

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Haaaaaaa, que alívio

Estive hoje a reparar e quando estou no urinol gosto de olhar para cima. Por alguma razão o acto de olhar para cima enriquece imenso a experiência de urinar. Essa simples acção consegue transformar um acto fisiológico numa actividade prazenteira. É claro que isto só é possível num urinol, onde se pode apontar mais para cima ou mais para baixo e qualquer um dos lados serve. Convém talvez evitar apontar directamente em frente, caso contrário teremos de tentar convencer os colegas ou familiares de que abrimos em demasia a torneira do lavatório. Mas tente-se fazer isso com uma sanita e o mais provável é o esguicho percorrer o autoclismo, paredes, papel higiénico e por aí fora... nalguns casos até eventuais bibelots poderão apanhar um duche. E se os bibelots forem levezinhos é bem possível que o potente jacto tenha o mesmo efeito sobre estes que um canhão de água da polícia sobre uma multidão de manifestantes. Se tal acontecer, para além de termos de limpar a urina do chão, teremos de salvar os objectos decorativos de um afogamento em urina.

A melhor forma de aumentar o prazer de uma mijadela é aguentar durante várias horas. Quando a bexiga estiver quase a rebentar então ir devagarinho para a casa de banho e encontrar um urinol limpinho. Devemos então colocar-nos em frente ao urinol, afastar ligeiramente as pernas, sacá-lo cá para fora e apontar para um ponto da nossa preferência. E depois relaxar e deixar as coisas acontecerem. Quem for bastante corajoso e talvez um pouco masoquista, pode bloquear o fluxo por uns momentos, sofrer, e depois libertar novamente. E quem for um Sandokan, pode ainda fazer o mesmo mas sem recorrer ao processo muscular normal para bloquear a bexiga. Em vez disso pode agarrar o prepúcio fazendo com que este se expanda qual balão de água. Confesso que nunca fiz isto. Não pode dar bom resultado. Uma mijadela destas é coisa para levar uns bons minutos e deve ser apreciada em toda a sua plenitude. De preferência acompanhar o acto com uns urros de média intensidade. HAAAAaaaaaaaaaa

Estou com uma destas vontades de trabalhar...

...ao menos podia ser sexta-feira :-(

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Ecrãs extensíveis mais perto




A Phillips apresentou um protótipo de um ecrã flexível que pode ser enrolado. O ecrã é bi-estável, ou seja, só é necessário aplicar energia para alterar a imagem, mantendo-se esta sem mais consumo de energia. outra característica é ter legibilidade equivalente à do papel e ser reflector, ou seja, pode ser lido de forma confortável em situações de muita luz. Este ecrã poderá ser utilizado por fabricantes de dispositivos como leitores de livros electrónicos (eBook readers), telemóveis e PDA para oferecerem ecrãs maiores que o dispositivo de base.

domingo, 9 de outubro de 2005

Inocentes até prova em contrário

Cá em Portugal é assim. Somos um povo que acredita religiosamente na máxima "inocente até prova em contrário". Um autarca está sob investigação por corrupção enquanto Presidente da Câmara? Então elege-se outra vez porque se ainda não foi condenado então é inocente e os inocentes devem ser protegidos. Só espero que estas reeleições não influenciem o percurso das investigações e os próprios julgamentos e que os que forem de facto corruptos venham a ser condenados. Mas isto é Portugal...

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Eu Conan

A respeito desta crise existencial lembro-me de que quando era miúdo era o mais rápido da turma. Ninguém corria mais rápido do que eu e em relação à maioria dos rapazes e raparigas da turma ganhava por grande margem. Na apanhada era imbatível fazendo slalons entre resmas de miúdas sem que sequer me conseguissem tocar (na altura a palavra resmas só se usava mesmo para pilhas de folhas de papel de fotocópia). Havia apenas uma rapariga que tinha chumbado, que era mais alta do que eu e tinha umas pernas que nunca mais acabavam, que conseguia chegar perto de mim (agora que penso no assunto, já no liceu ela era daquelas que eram feias como tudo mas compensavam largamente com um corpo que dava vontade de uivar). E era extremamente ágil. Era capaz de saltar mais longe, mais alto que os outros. Nas aulas de ginástica eu era o único que com um daqueles trampolins de madeira dava um mortal por cima do boque (aquela caixa de madeira trapezoidal com o topo almofado constituída por diversas caixas sucessivamente mais estreitas que se encaixavam umas nas outas. Acho que era assim que se chamava).

Por isso quando apareceram os fantásticos desenhos animados "Conan, o Rapaz do Futuro" achei que de forma natural os meus colegas deixariam de me tratar pelo meu apelido para me passarem a chamar de Conan. Para minha surpresa tal nunca aconteceu. O Conan veio e foi, sem que nunca me tivessem chamado de tal. Acho que aos meus coleguinhas lhe faltou um pouco de perspicácia... ou fui eu que fui demasiado ambicioso.

Crise existencial blogueriana

Tenho estado a pensar que Portuga é capaz de transmitir uma ideia errada acerca da minha pessoa. Quem é que eu quero ser na Blogoesfera? Vejo muitas vezes nos comentários chamarem-me erradamente de Portugal, o que transmite uma ideia de nacionalismo que não podia estar mais longe da verdade. Se há coisa que não sou é nacionalista. E será que sou tão tipicamente português que Portuga se me aplique? Bom, pelo menos falar mal de Portugal e dos outros portugueses falo. Não gosto de pagar impostos e acho que os governantes de Portugal são sucessivamente e talvez incrementalmente incompetentes. Gostava mesmo era de ganhar o Euromilhões, abandonar de vez o trabalho e passar a viver dos rendimentos. Mas apesar disso tudo não me parece que Portuga transmita de todo a minha personalidade. Talvez esta dúvida seja fruto de alguma situação de redefinição da minha vida.

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

E não há ninguém que queira mudar a Lei?

O que eu acho escandaloso é que seja possível a uma pessoa que tem um processo judicial em curso, sob suspeita de corrupção enquanto autarca, possa recandidatar-se como se nada se passasse. Especialmente tendo em conta que os processos judiciais contra candidatos ficam suspensos durante a campanha eleitoral. Mas isso não é o mais escandaloso. O mais escandaloso é que a Lei tem estas falhas clamorosas e não se houve ninguém (bem, ok, o Mendes falou do assunto, mas como se não estivesse também nas mãos dele alterar a situação) dizer que a Lei tem de ser alterada.

Quanto ao povo de Felgueiras... Eu não percebo esta maneira de pensar de pessoas que quanto muito terão falado com a Fátinha duas vezes na vida deles e que só porque gostaram das cinco rotundas que a senhora lá fez, porque também se chama Felgueiras como a terra, passam a vê-la como se fosse a enviada de deusnossosenhor e livre de quaisquer pecados ou tentações. E que tenham falado com ela todos os dias nos últimos quinze anos. Sabem lá como é que ela conduz os negócios da Câmara entreportas. É não ter qualquer noção da sua própria ignorância.

Como ressalva devo dizer que aceito o princípio de que as pessoas são inocentes até que seja possível provar o contrário e que como tal não a dou desde já como culpada. O senso comum já provou não ser infalível e acusações leva-as o vento.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Pronto, lá puseram o raio da mulher cá fora

A Sra. Dra. Juíza de Felgueiras considerou que o facto de já ter fugido uma vez não era indicador de que o poderia fazer outra vez. Pronto, é uma maneira de pensar nas coisas. Vamos lá a ver se quando forem ler o veredícto, a senhora não está já a passar umas férias no Brasil.

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Hurraaaa!!!! Felgueiras atrás das grades



Finalmente a Fátima Felgueiras está presa!!!! Palavra que me dava a volta ao estômago de cada vez que via a senhora a falar para as câmaras com aquele ar cínico.

PUBLICO.PT: "Fátima Felgueiras detida hoje à chegada ao aeroporto de Lisboa 

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

Este beco sem saída

A situação portuguesa no que diz respeito ao Imposto Automóvel (IA) é ultrajante. Não é de hoje e certamente não será resolvida tão cedo. Como todos sabemos, Portugal tem dos carros mais carros a nível europeu. Isto deve-se a uma chicospertice fiscal que o Estado português impõe aos seus contribuintes e que é verdadeiramente obscena. Ao valor de base do automóvel é somado o IA, um valor calculado em função da cilindrada. O IVA é então calculado sobre este somatório, dando origem a uma situação de dupla tributação, obrigando os contribuintes a pagar um imposto sobre um imposto. Isto é bem sabido por todos os portugueses que alguma vez sonharam em comprar carro e não tem qualquer novidade. Esta situação mantém-se há anos e a União Europeia até já aconselhou a uma harmonização fiscal relativamente ao mercado automóvel. No entanto está prevista uma ressalva no que diz respeito aos impostos de cada país da União e que basicamente permite aos países manterem determinados impostos que não estão de acordo com o princípio de harmonia fiscal, desde que estes representem uma fatia significativa das receitas fiscais de que os estados não possam abdicar. Ora outra coisa que os portugueses também sabem, é que não só a nossa Administração Fiscal é pouco eficaz na colecta dos impostos, como ainda por cima, todo o Estado português é extremamente ineficiente no que diz respeito à aplicação desses mesmo impostos. E para mal dos pecados de qualquer pessoa que pretenda comprar um automóvel novo, o IA deve ser o imposto mais eficaz de todos os impostozinhos que os portugueses têm de pagar. Não há fuga possível. Existem várias situações previstas na lei em que os veículos não estão sujeitos a IA, mas não há a possibilidade de fuga ao imposto. Não é possível comprar um carro sem que se pague o IA porque pura e simplesmente os carros não seriam matriculados sem passarem por todos os trâmites legais. E ao contrário de outros países como os EUA, em Portugal não é possível circular sem matrícula. Portanto, as probabilidades de o Estado português abdicar de um imposto, que é ao mesmo tempo significativo em termos de receitas e tem a garantia de colecta que o IA tem, são muito, mas muito reduzidas. Portugal pura e simplesmente não pode abdicar desse volume de receitas fiscais. Mas pelos vistos, segundo
esta notícia do Portugal Diário, existe um número crescente de portuguese que recorrem a uma solução para fugir ao absurdo que é o IA. Adquirem uma falsa residência espanhola, incluindo identificação e carta de condução espanholas, e passam a poder comprar um carro tendo como único imposto 16% de IVA, capítulo onde os espanhóis também nos batem por uma margem de 5 pontos percentuais.

Embora, de acordo com a notícia, o número de portugueses que recorrem a este subterfúgio tenha vindo a aumentar, não me parece que seja algo que se possa vir a generalizar. Isto porque embora as autoridades espanholas não dificultem o processo, este nunca poderá ser demasiado fácil e implicará certamente várias deslocações ao país vizinho e horas perdidas em instituições governamentais. Eu pela minha parte não teria qualquer prurido em passar pelo processo se para isso tivesse oportunidade.

É claro que por cada carro que seja comprado em Espanha o Estado português perde não só o seu precioso IA, como o IVA e ainda causa a perda de uma venda em Portugal, prejudicando as empresas nacionais do ramo. Estas perdas são da única e inteira responsabilidade dos governos que optam por manter um imposto injusto.

Agencia Financeira: "Centenas de portugueses compram carros em Espanha"

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Teve de ser



Tive de aderir à "palavra de verificação" para impedir comentários introduzidos de forma automática. Agora é necessário introduzir as letras que se encontram numa imagem distorcida para fazer comentários no meu blogue. Felizmente que o Blogger acrescentou essa funcionalidade. Isto deve impedir comentários automáticos por uns tempos.

Captcha - Wikipedia, the free encyclopedia

Que belas autárquicas

PUBLICO.PT: "Carrilho e Carmona trocam acusações em debate televisivo"

(ler com sotaque brasileiro)
Xiiii, qui gentchinha mais baixa, né?

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Solução para depilação total

Eu posso não ter uma grande memória, que não tenho, mas capacidade para inventar soluções não me falta. De repente veio-me à cabeça a solução ideal para os homens se depilarem sem fazerem figuras tristes. Depilação completa sem risco de lascar a masculinidade. E o melhor é que também serve para as mulheres.

A ideia é ter um tanque cheio de uma versão mais líquida do Veet ou qualquer outro produto do género onde o futuro depilado se mergulha até ao pescoço. É só aguardar o tempo necessário para o produto fazer o seu efeito e pimba, todos pelinhos do corpo desaparecem. Depois é só tomar um valente duche.

Quem tem cabelo comprido deve ter o cuidado de o manter acima do nível de depilação, claro.

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Erradicar os pelos?



No Verão levanta-se-me sempre a questão "e se eu rapasse os pelos das pernas?". Não é que esteticamente me incomodem, mas a verdade é que me enerva supinamente ver 70% do protector solar inutilmente retido nos resquícios da nossa herança primata que até prova em contrário já não servem qualquer propósito. Mas logo, logo, a ideia varre-se-me da cabeça mal começo a ponderar a melhor maneira de erradicar a evidência macaca. A imagem das minhas pernas cobertas de Veet, enquanto leio uma revista cheio de cuidados para não sujar nada, assusta-me de tão ridícula e de tal maneira que a instrospecção se fica logo por ali.

O mais que fiz foi aparar os pelos do peito e devo dizer que até fiquei satisfeito com os resultados. Quem é que precisa de pelos com 5 cms de comprimento?

lista de compras: "E quem vai pôr isto na lista?"

Espargos

Acho fascinante a velocidade com que os espargos alteram o cheiro da urina. Basta ir à casa de banho a seguir ao almoço e zás, lá está o cheiro característico dos espargos. Ao investigar um pouco este fenómeno encontrei um sítio onde se pode saber tudo sobre os espargos, esses maravilhosos brotos designados cientificamente por Asparagus officinalis. Por exemplo, o cheiro característico dos espargos na urina é causado coniferina e o facto de o odor da urina ser alterado pelos espargos é um indicador de que os rins estão a funcionar bem, caso contrário a coniferina ficaria retida nos rins.

Mais fantástica ainda é a informação de que se juntarmos à urina com cheiro a espargos um pouco de terebentina, a coniferina que entretanto se descompôs em álcool coniferínico é transformado por sua vez em vanilina que tem um agradável odor. Onde é que poderei comprar um pouco de terebentina para fazer a experência?

http://pwp.netcabo.pt/naturosofia/diet_alimentos.htm#_Espargos

sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Su Doku



O Público publica estes jogos no seu jornal e parece que isto está a pegar qual fogo de verão. Vou fazer uma folhinha Excel para verificar se uma solução está correcta.

Su Doku no Times Online

segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Zezé Camarinha e o Futuro

A propósito dos anúncios da Olá, com o nosso querido Zezé Camarinha, bateu-me uma grande preocupação com o seu futuro. Será que o Zezé se acautelou? É que aquela profissão é de desgaste acelerado. Espero que ele tenha feito bons investimentos num plano poupança reforma, ou que tenha um bom gestor de conta que lhe dê bons conselhos de investimento. Angustia-me profundamente a ideia de ver um gigolô daquela craveira, o nosso mais vistoso artista do engate, vir a morrer na miséria. E qual Camões, ser enterrado numa vala comum. Eu digo não! Não!

Vou abrir uma conta bancária, para a qual poderão contribuir com a vossa generosidade. Com esse dinheiro comprometo-me a criar um fundo para garantir a reforma do melhor gigolô português de que há memória (enfim, eu tenho memória curta, estava agora a tentar lembrar-me do que almocei ontem).

E penso ser também importante que não se perca o capital de conhecimento na arte de engatar e por isso proponho-me escrever as memórias do Grande Camarinha, que tenho a certeza será um sucesso a nível nacional e um serviço à Nação e ao Mundo.

E quando o nosso guru um dia, enfim, bater as botas, prontifico-me desde já a liderar o movimento a exigir a transladação do corpo para o Panteão (ou como disse alguém, o Pantilhão) Nacional.

Viva o Zezé Camarinha!

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Paciência de chinês

Estive de férias a primeira quinzena de Agosto, de maneira que esta semana tenho tido uma certa dificuldade em concentrar-me, especialmente porque tenho de estudar um conjunto de documentos que não são propriamente muito estimulantes.



Por alguma razão lembrei-me de um documentário que vi há uns anos sobre a revolução comunista na China. Quando a revolução rebentou, as embaixadas dos EUA foram evacuadas e a documentação destruída com recurso a shredders, aquelas máquinas que cortam papel em tirinhas muito pequeninas, precisamente para que não possam ser lidos à posteriori, e das quais não sei o nome em português. Infelizmente os americanos subestimaram a perseverança e vontade dos chineses em ler aqueles documentos, que conseguiram reconstituir grande parte dos documentos como se fossem puzzles. Se alguém alguma vez precisasse de um exemplo de dedicação, paciência e perseverança, acho que este deve ser dos melhores.

sexta-feira, 29 de julho de 2005

A Guerra ao Terrorismo

Toda a gente sabe, estamos em guerra com o terrorismo. Mas será que estamos mesmo? Uma guerra é, ou tem sido ao longo da história, um conflito entre partes que acaba com a capitulação de uma das partes. Ora esta suposta guerra ao terrorismo, a acabar com a capitulação de alguma parte, teria de ser obrigatoriamente do lado dos governos. Isto porque do outro lado não há ninguém que possa dar às tropas a ordem de rendição. Há umas tendência actual para associar o terrorismo apenas com o de origem islâmica radical. Mas convém não esquecer o terrorismo nacionalista basco, o terrorismo do IRA e dos protestantes da Irlanda do Norte (o primeiro muito mais visível que o segundo) e muitos outros exemplos espalhados pelo mundo. Convém não esquecer que nos anos 80 as Brigadas Vermelhas italianas ainda cometeram assassinatos e na Alemanha só em 1998 a Rote Armee Fraktion (RAF) se auto-declarou extinta. Quero com estes exemplos demonstrar que o terrorismo é um meio para atingir fins e que não é exclusivo de nenhuma religião ou ideologia. E arrisco afirmar que o terrorismo nunca se extinguirá, por muita guerra que se lhe faça.

Mas não vale a pena tapar o sol com a peneira. Actualmente, e seguramente desde que a palavra terrorismo é utilizada com o sentido que lhe damos hoje, o terrorismo islâmico é o mais visível, o mais ameaçador e o mais destrutivo. E as coisas tornaram-se tanto mais graves quanto o terrorismo atingiu níveis de organização nunca antes vistos e o requinte de um franchising multinacional.

Mas também é tapar o sol com a peneira pensar que conseguiremos derrotar o terrorismo através de um combate reactivo ou meramente de perseguição e desmembramento das organizações e células terroristas. Se é verdade que temos de estar armados e vigilantes para evitar as acções já preparadas e as outras que o venham a ser, não é menos verdade que essa lógica nos dará possivelmente muitos sucessos mas também nos garantirá alguns insucessos que se manifestam sobre a forma de mortos e estropiados e terror generalizado, preço esse que é inaceitável.

É então crucial trabalhar um pouco mais a montante e perceber as causas e as motivações do terrorismo. E combatê-lo também e sobretudo por aí. Porque o verdadeiro combustível do terrorismo não é o dinheiro de múltiplas actividades ilegais que flui pelo mundo inteiro e desagua em contas de off-shores para financiar as células terroristas, mas sim o ódio e a motivação doentia que leva a que uma pessoa veja como aceitável explodir-se a si próprio para matar o maior número possível de seres humanos às sua volta. A melhor forma de combater os terroristas não é apanhá-los antes que despoletem as bombas, mas sim garantir que nunca venham a ter vontade de o fazer. Os anglo-saxónicos dizem algo que se aplica muito bem ao que quero dizer: when there is a will, there is a way.

O Ocidente tem de se auto-analisar e fazer uma auto-crítica que lhe permita perceber quais as suas responsabilidades na construção deste ódio ao nosso modo de vida e que nos transforma em alvo de bombistas suicidas. Não quero com isto dizer que os países democráticos são os únicos responsáveis pela expansão do terrorismo, mas quem pense que pode sacudir essa responsabilidade e que a culpa é só dos outros, está a contribuir para a manutenção de um terrorismo global saudável por muitos e bons anos.

controversa maresia

terça-feira, 26 de julho de 2005

Prisão perpétua

Sempre fui da opinião que a pena de morte não devia existir, por uma série de factores que não vou apresentar agora. Já em relação à prisão perpétua não tenho a mesma perspectiva. A prisão perpétua é sempre reversível caso surjam novas provas que ilibem o condenado, coisa que não acontece com a pena capital. Depois de executada...

Eu acho que temos de admitir que há pessoas que cometeram crimes horríves e que pura e simplesmente não são recuperáveis para a sociedade. E se postas em liberdade continuam a representar uma ameaça inaceitável.

É claro que isto pode dar origem a problemas práticos, como o excesso de ocupação das cadeias, a possibilidade de cairmos no extremo de considerarmos demasiados casos como sendo irrecuperáveis e outros certamente. Mas por princípio não vejo nenhuma objecção filosófica suficientemente forte que me leve a excluir a existência da pena de prisão perpétua.

BBC NEWS | Europe | Van Gogh killer jailed for life:
"Van Gogh killer jailed for life
Mohammed Bouyeri
Bouyeri was arrested shortly after Van Gogh's killing
A Dutch court has sentenced a 27-year-old radical Islamist to life in prison for the November murder of controversial film-maker Theo van Gogh."

quarta-feira, 20 de julho de 2005

BBC NEWS | Asia-Pacific | US reports China missile build-up

O Pentágono emitiu um relatório relativo à situação militar da China, apontando nomeadamente um crescimento no investimento em armamento destinado primariamente à reconquista de Taiwan. Mas também afirmam que o armamento adquirido pode indiciar uma futura postura agressiva da China em relação a outras potências. Se de facto a China tivesse intenções de invadir Taiwan e reclamar de vez aquele território então fazia sentido que se precavesse contra os EUA que sempre apoiaram a manutenção do actual estado de coisas entre a China e Taiwan. Mas parece pouco credível que a China tivesse outras intenções mais imperialistas que excedessem a conquista desta ilha.

É curioso verificar que os EUA apontam como censurável os gastos com a defesa chinesa que poderão ascender a 90 mil milhões de dólares, quando eles próprios gastam cerca de 400 mil milhões.

"O problema são os outros"

BBC NEWS | Asia-Pacific | US reports China missile build-up: "China has increased the number of short-range ballistic missiles on its coast opposite Taiwan, the US has said."

Miguel

Será verdade que o Benfica forjou um contrato com o Miguel? Esta descrição no DN pinta uma imagem muito feia dos dirigentes do Benfica.

DN Online: Um potencial caso de pol?cia

Água em Marte



Aqui está uma imagem de água encontrada em Marte. A existência de água em Marte é crucial para a viabilidade de missões tripuladas ao planeta vermelho. Estas bolsas de água permitirão a permanência de humanos no planeta por muito mais tempo e a construção de habitates onde possam se possam reproduzir plantas, facilitando em muito o processo de reciclagem do ar.

Astronomy Picture of the Day

terça-feira, 19 de julho de 2005

Guerra aos gafanhotos

Os gafanhotos são uma praga terrível especialmente em África, mas pelos vistos também na China. Para combater esta praga os chineses estão a usar galinhas e patos na tentativa de reduzir a utilização de pesticidas. Os patos têm um apetite terrível e são capazes de comer 400 gafanhotos por dia.

BBC News | Asia-Pacific | Fowl plot to hunt Chinese locusts: "Fowl plot to hunt Chinese locusts"

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Torre Solar de 1 Km de altura

Encontrei esta notícia de um projecto que ainda está na fase inicial na Austrália. O nome é enganador porque a electricidade não é produzida por células fotoeléctricas mas sim por turbinas, ou seja, através do vento. Esta torre é oca e tem no seu interior 32 turbinas eólicas. O modo de funcionamento é relativamente simples. Com a incidência do sol, o ar dentro da torre aquece e sobe por convecção a uma velocidade de 56 kmh, fazendo girar as turbinas e gerando electricidade. Durante o dia é ainda armazenado calor em células solares, que é depois libertado durante a noite garantindo a produção de electricidade mesmo quando não há sol. A grande vantagem desta solução é que funciona mesmo quando não há a mínima brisa. E a produção de electricidade através de energia eólica oferece um rendimento muito superior ao das células fotoeléctricas. Calcula-se que esta torre produzirá 200 megawatts de electricidade, suficiente para 200.000 habitações, com as consequentes vantagens em termos de emissão de gases de efeito de estufa. Uma parte do investimento já foi feito através da aquisição de um terreno no interior da Austrália (outback), no entanto ainda não existem investidores para avançar com o projecto que custará qualquer coisa entre 500.000 e 750.000 USD. Já existe um acordo com a China para a construção de várias destas torres.

Wired News: Solar Tower of Power Finds Home: "The quest for a new form of green energy has taken a significant step
with the purchase of a 25,000-acre sheep farm in the Australian outback. The huge alternative energy project isn't driven by manure, but by a 1-kilometer-high thermal power station called the Solar Tower."

DN Online: Pol?cia procura "cérebro" dos atentados de Londres

Interessantíssima esta montagem do puzzle ainda com peças desaparecidas relativamente aos atentados de Londres e aos bombistas suicídas. E extremamente preocupante a capa de normalidade que cobre os quatro jovens muçulmanos, aparentemente todos imigrantes de segunda geração, ou seja, súbditos da Rainha.

DN Online: Pol?cia procura "cérebro" dos atentados de Londres: "Os quatro bombistas-suicidas eram jovens muçulmanos com vidas quase normais"

BBC NEWS | Americas | Schwarzenegger has $1m media job

E ainda se queixam dos nossos políticos :-).

BBC NEWS | Americas | Schwarzenegger has $1m media job: "Arnold Schwarzenegger is being paid at least $1m (?567,000) a year as a
consultant for fitness magazines, their publisher has revealed."

BBC NEWS | Health | Prayer 'no aid to heart patients'

Um estudo médico conduzido nos EUA chegou à conclusão de que a reza não influenciava a o resultado (sucesso, ou morte) ou recuperação de pacientes submetidos a intervenção cirúrgica ao coração. O objectivo do estudo não era perceber se Deus ajudava ou não os pacientes, mas sim perceber se o bem estar e estado de espírito positivo causado ao paciente por ter alguém a rezar por ele, o ajudaria. De acordo com os resultados, a reza não qualquer influência. No entanto uma combinação de música, imagens e estimulação táctil trouxe alguns benefícios, se bem que estatísticamente pouco relevantes.

Como já disse aqui várias vezes sou agnóstico, mas não me custava acreditar que a fé de uma pessoa a ajudasse a superar uma doença. É que aquilo em que a pessoa acredita não tem necessariamente de ser verdade, basta que a pessoa acredite que é. Da mesma forma que o estado de espírito e postura de uma pessoa em determinada fase da sua vida podem influenciar o desfecho de uma situação de vida ou morte. Com o meu avô materno aconteceu isso. A minha avó tinha morrido uns dois anos antes, quando o meu avó teve uma complicação cardíaca com oitenta e poucos anos. Ele estava inconsciente quando foi para o hospital e já não voltou a recuperar. Mas o que os médicos disseram era que tinham tentado tudo mas ele pura e simplesmente já não queria continuar a viver. Outras pessoas em situações semelhantes acabam por conseguir recuperar.

BBC NEWS | Health | Prayer 'no aid to heart patients': "Praying for patients undergoing heart operations does not improve their outcomes, a US study suggests."

Há pessoas com uma lata

Há uns anos atrás emprestei um livro a uma amiga. Um romance de Ficção Científica. Quando me devolveu o livro vinha todo escrevinhado. Chamei-lhe a atenção para isso e pedi explicações. A mim o que me ensinaram é que se devia devolver as coisas no mesmo estado que nos emprestaram. Qual não é a minha surpresa quando ela ficou toda ofendida e ainda teve a lata de dizer que eu lhe devia agradecer porque ela me tinha enriquecido o livro. A vida traz-nos com cada imbecil.

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Era uma vez um Arrastão



Olha, então não é que não houve arrastão nenhum? A Diana Andringa fez um trabalho verdadeiramente jornalístico, com confirmação de testemunhos e tudo, e que contradiz, assim no mínimo um bocadinho, a histeria da restante imprensa portuguesa. Um gajo na sua ignorância fica a pensar se não será melhor limitar-se aos canais de filmes e aos pornográficos. Ao menos nesses já se sabe que é tudo montado.

Isto revolta-me um bocadinho porque me lembro bem que me senti muito mal com a imagem da situação que criei com base nas notícias do próprio dia. E não calhou nada bem porque eu já não me sentia grande coisa com o estado calamitoso da economia portuguesa.

Se fossem todos à merda...

Era uma vez um Arrastão

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Benditas autárquicas

É tão bom termos autárquicas. Só é pena serem de quatro em quatro anos. Deviam ser pelos menos de dois em dois. É que com esta calendarização temos de esperar quatro anos para que se façam uma série de obras, umas necessárias, outras estéticas. Por exemplo, lá para os meus lados reformaram o parque infantil. Agora tem uma cerca e aqueles baloiços novos em plástico, excelentes para os miúdos. A cerca então é uma dádiva divina (bem, enfim, freguesaica ou autárquica). Solta-se os miúdos lá dentro, tranca-se a cerca e pronto, dali não saiem. Aqui para o sítio onde trabalho começaram a embelezar duas grandes rotundas. É só obras, é só melhorias. Valha-nos Deus, que bom, que bom.

Rua da Saudade: "9 de Outubro
Vai ser lindo, vai. Em termos pessoais, lamento que neste país o voto em branco não seja interpretado como deveria. Porque esse seria o meu voto nas pr?ximas aut?rquicas."

A vítima

Há que ver Jardim pelo que ele realmente é. Um mártir na defesa dos interesses dos Madeirenses.

É-me difícil compreender como é que os madeirenses elegem Jardim, legislatura após legislatura. O homem não tem ponta por onde se lhe pegue. Ninguém o pode acusar de ter pose de Estado, não tem o mínimo de respeito pelo cargo que ocupa, não se dá ele próprio ao respeito e é mal educado e inconveniente sempre que pode. Manipula os orgãos de informação madeirenses e axincalha os nacionais. Quando lhe apontam os excessos, como Marques Mendes de forma exageradamente comedida fez, ainda o acusa de falta de solidariedade política. Obviamente que está habituado aos lambe-botas do PSD Madeira que não passam de uns boçais ignorantes cujo único objectivo é viverem à custa do erário público e que não só lhe aparam todos os golpes como ainda lhe fazem ovações de pé. E é como agnóstico que digo, graças a Deus por não viver na Madeira. Só tenho pena que o Governo do continente continue a fazer transferências desproporcionais para a região autónoma da Madeira. O meu rico dinheirinho.

DN Online: Jardim afronta Marques Mendes e 'proíbe-o' de visitar a Madeira: "Jardim reafirma comentários sobre a comunidade chinesa dizendo defender os interesses da Madeira"

quinta-feira, 7 de julho de 2005

BBC NEWS | Science/Nature | Comet's huge plume hides crater

Tempel 1's colision

Ora bolas, a ideia era tão gira e ficámo-nos por uma nuvem de pó num pedregulho muito grande.

BBC NEWS | Science/Nature | Comet's huge plume hides crater: "Nasa's Deep Impact spacecraft may have missed its chance to see the
crater made in Comet Tempel 1 because of the large plume of material
kicked out."

sexta-feira, 24 de junho de 2005

É favor formar fila de forma ordeira



Recebi um mail da Virgin Galactic a anunciar que estão abertas as inscrições para os primeiro ano de vôos da VSS (Virgin SpaceShip) Enterprise. O bilhete está muito em conta, são só 200.000 dólares. Ao câmbio de hoje dá cerca de 163.000 €. Aceitam um depósito reembolsável de 20.000 USD. As primeiras viagens estão planeadas para 2008.

quinta-feira, 23 de junho de 2005

BBC NEWS | UK | Indian call centre 'fraud' probe

BBC NEWS | UK | Indian call centre 'fraud' probe: "Police are investigating reports an Indian call centre worker sold the bank account details of 1,000 UK customers to an undercover reporter."

O que eu acho impressionante nesta notícia é que através de um caso provocado por um repórter comecem logo a tirar conclusões a respeito da Índia como fornecedor de serviços de call center. Como se em Inglaterra ou na Holanda ou noutro país qualquer isto não fosse possível.

quarta-feira, 22 de junho de 2005

Só foram precisos 41 anos

Ao fim de 41 anos, o mandante do assassinato de três activistas dos direitos humanos em Mississipi nos EUA, foi condenado por homicídio involuntário. É curioso que o júri de 9 brancos e três negros tenha considerado provado que ele contratou os assassinos para assassinar as vítimas mas não tenha considerado que esse homicídio foi premeditado. Este senhor, hoje com 80 anos é pregador baptista e nos seus melhores dias dava uma perninha no Klu Klux Klan. Agora vai poder disfrutar durante os próximos 20 anos da hospitalidade do sistema prisional dos EUA, onde será certamente bem acolhido pelas tribos arianas que pululam em muitas dessas instalações.



Com todo o respeito que me merece uma pessoa desta idade, tem um belo ar de filho da puta.

BBC NEWS | Americas | KKK verdict sees 'justice arrive': "The families of three US civil rights workers beaten and shot to death 41 years ago in Mississippi have welcomed the conviction of Edgar Ray Killen."

terça-feira, 21 de junho de 2005

Vida submarina

Fizeram o caminho inverso ao dos seus antepassados. À medida que permaneciam mais e mais tempo no mar, foram adaptando o próprio corpo à vida submarina. O processo foi gradual mas incomparavelmente mais rápido que o penoso caminho da evolução. Inicialmente limitaram-se a construir cidades flutuantes. Estas mais não eram que reproduções do mundo da terra firme. As cidades tinham a capacidade de submergir para evitar grandes tempestades e eram construídas em zonas em que o fundo submarino não se encontrava a demasiada profundidade.
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As primeiras cidades eram muito dependentes do comércio com os continentes, de quem obtinham parte dos alimentos, energia e bens de consumo. As cidades flutuantes foram evoluindo para montanhas submarinas, bem ancoradas ao fundo marinho e com um contacto mais completo com o mundo submarino. Os seus habitantes foram-se adaptando a uma vivência submarina mais e mais prolongada. Para além das actividades que traziam mais benefícios se executadas debaixo de água, como a piscicultura, as quintas de algas, a produção de ostras para pérolas. Um número cada vez maior de actividades demonstrava trazer mais benefícios debaixo de água que à superfície. As actividades desportivas beneficiavam de uma movimentação verdadeiramente tridimensional, a espeleologia submarina era cada vez mais procurada. As cidades submarinas foram-se autonomizando em relação aos continentes. A produção de energia passou a ser mais baseada nas correntes submarinas e nos moinhos eólicos diminuindo desta forma o comércio energético. A evolução das técnicas de produção de algas e de piscicultura levou também a uma menor dependência dos continentes. Por outro lado, décadas de consumo incremental de bens alimentares produzidos debaixo de água, reduziram o apetite em relação à comida produzida ao ar livre. As próprias cidades foram sendo transformadas, adquirindo zonas submersas onde era possível desempenhar tarefas mais organizadas debaixo de água.


A medicina e a cirurgia foram encontrando soluções para as necessidades do dia a dia. As primeiras soluções eram apenas tecnológicas, fornecendo dispositivos e meios de transporte mais eficientes e práticos. Mas à medida que a vivência submarina se tornava mais natural que a vivência fora de água, a necessidade de soluções mais definitivas foi surgindo de uma forma natural. As primeiras alterações morfológicas eram simples. A criação de membranas interdigitais facilitava mergulhos de curta duração e a baixa profundidade, evitando o uso de barbatanas.


Para mergulhos a maiores profundidades, os sistemas de respiração utilizando líquidos ricos em oxigénio era já normais mas implicavam algum grau de desconforto e mesmo sofrimento durante as transições. Na fase em que se iniciava a introdução de líquido nos pulmões, os mergulhadores sentiam uma grande angústia, enquanto que na fase de transição inversa o processo de expulsão do líquido implicava vómitos e um grande desconforto. Bastou que um único indivíduo desse o passo de adoptar em definitivo a respiração por líquido para que logo uma multidão o seguisse. Parte das instalações submarinas foram alteradas para servirem a função de casernas e posteriormente de casas familiares. Esta alteração no modo de vida levou a que alguns dos indivíduos acabassem por se suicidar por não se adaptarem, entre outras coisas, à impossibilidade de comunicar através da fala, uma vez que sem ar nas cordas vocais não lhes era possível emitir sons. Essa dificuldade foi ultrapassada com a utilização de sintetizadores de voz adaptados à emissão num meio líquido.


As alterações seguintes foram mais radicais e implicaram o destino das cidades submarinas. Para evitar o desconforto de vestir os fatos de mergulho e os óculos, alguns dos habitantes, poucos ao início deram um passo ousado, aceitando submeter-se a um processo de enrijecimento da pele e à introdução de camadas extra de isolantes térmicos compatíveis com os tecidos humanos. Mantiveram a morfologia normal dos braços mas acrescentaram membranas em torno das pernas aumentando em muito a sua capacidade como barbatanas.


Finalmente a medicina evoluiu de tal maneira que foi possível dar o passo que cortou definitivamente a ligação dos habitantes das cidades submarinas com o mundo terrestre. Os cientistas conseguiram remover o cérebro de um corpo humano, mantendo-o vivo e consciente e colocá-lo num exosqueleto cibernético virtualmente indestrutível. Este mecanismo mantinha as condições de sobrevivência do cérebro debaixo de água, conseguia transmitir sensações tais como a aceleração e o tacto e tinha os seus próprios meios de locomoção perfeitamente adaptados ao meio subaquático. Este exosqueleto, em forma de gota de água, possuía diversos tentáculos que substituíam com vantagem as mãos e os braços. Eram mais fortes e resistentes e eram capazes de executar todas as tarefas dos membros humanos. Embora tivessem a capacidade de sintetizar a voz humana, foram dotados de outros meios mais eficazes para comunicação submarina. Foi criada uma linguagem completa com base no método de comunicação dos cetáceos que utilizava assobios e estalidos. Estes mamíferos marinhos foram também a inspiração para uma adição aos sentidos humanos. Os novos corpos humanos eram capazes de utilizar o seu sistema sonoro para emitir estalidos que eram utilizados como sonar. O sistema de sonar passou a ser utilizado em complemento ou substituição da visão, conforme a luminosidade. Um sistema de detecção de campos electromagnéticos semelhante ao dos tubarões-martelo foi também integrado no sistema de visão/navegação. O exosqueleto tinha uma construção que lhe permitia enfrentar as pressões máximas conhecidas nos oceanos terrestres e praticamente toda a gama de temperaturas, com excepção das elevadas temperaturas criadas pela actividade vulcânica submarina.


Com esta morfologia os novos humanos ganharam acesso a todas as massas de água acessíveis a partir dos oceanos mas perderam por completo o contacto com a superfície. Sem capacidade reprodutiva acabaram por se extinguir

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Tão perto. Tão longe


As pequenas vagas transmitiam uma sensação de paz que lhe acalmava o espírito. Mas o problema mantinha-se. Olhava sem focar para o oceano a perder de vista e pensava no ridículo da sua actual situação. Estava a 2 metros da água, esgotado e sedento. Sabia que a água era potável, mas servia-lhe de tanto como um oceano de cianeto. Como é que a sua vida tinha ido parar àquele preciso ponto no tempo e no espaço, de tal maneira desfavorável que provavelmente seria o fim da linha?
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Tinha conseguido uma passagem para um planeta que servia de entreposto comercial onde esperava arranjar um emprego qualquer. Podia dizer-se que tinha sido a sua última cartada, já que a tinha ganho num jogo de poker. Aliás, tinha sido duplamente a sua última cartada, visto que tinha apostado os seus últimos créditos. Se tivesse perdido estaria em maus lençóis.



As coisas não lhe tinham corrido muito bem no planeta X-2145. Tinha ido para lá depois de terminar o seu curso, para fazer um estágio conseguido através da universidade. O salário acordado não era grande coisa mas tinha perspectivas de evoluir na carreira rapidamente e começar a ganhar um bom salário no prazo de um ano, um ano e meio. Ou pelo menos assim lho tinham prometido. Na realidade as coisas tinham-se passado de modo menos favorável que o que tinha idealizado. O trabalho como químico estagiário limitava-se a umas quantas tarefas simples que em nada lhe aumentavam a experiência. Ao fim de três meses e de numerosos pedidos ao seu superior hierárquico, tinha chegado à conclusão de que ninguém estava muito preocupado com a sua carreira e que no fim do estágio era garantido que o punham na rua. Começou a aproveitar as horas vagas para procurar alternativas de emprego. Aquele jogo de poker tinha sido providencial. Quase tão providencial quanto aquele poker de ases. Isto porque tinha ficado provado que não tinha o mínimo jeito para fazer bluff. No primeiro jogo tinha tentado e isso tinha-lhe custado metade das sua economias. No segundo manteve-se em jogo apenas o tempo suficiente para perder um quarto da sua fortuna inicial. Mas ao terceiro, quando se preparava para desistir e voltar para o seu quarto, calhou-lhe uma mão excelente. Quando pediu duas cartas conseguiu converter duas cartas sem valor em dois ases. Infelizmente, da mesma forma como todos lhe tinham visto na cara o bluff, também o seu sorriso de triunfo foi por demais evidente. Ninguém cobriu a sua aposta. Conseguiu apenas reaver uns trocos e ficar com aquela passagem. No fim do mês recebeu o pagamento da empresa e não voltou lá. Se ninguém mostrava respeito pelo seu trabalho e pelas suas capacidades, não havia de ser ele a preocupar-se com a empresa. Ainda pensou levar uma embalagem dos químicos com que trabalhava, que venderia facilmente no mercado negro e lhe renderia uma boa maquia. Mas a empresa fazia revistas aleatórias aos empregados e depois daquele poker de ases, tentar sair com os químicos seria declaradamente abusar da sorte. É claro que quando saiu da empresa pela última vez ninguém olhou para ele sequer duas vezes.



Passados três dias tinha embarcado num pequeno cargueiro manhoso, que fazia serviço de transporte de longo curso de cargas de terceira categoria. A viagem seria de cinco meses, pelo que tinha a opção de a fazer em animação suspensa. Para a empresa era mais vantajoso manter os passageiros em animação suspensa, uma vez que passavam a ser tão inanimados como a restante carga e davam tanto trabalho como esta. Ou seja, nenhum. Mas os maiores benefícios traduziam-se em créditos. Um passageiro em animação suspensa praticamente não consumia ar, energia, alimentos e água. Tudo isto representava poupanças de combustível. Mais lucro para a viagem, portanto.



Por essa razão, mal os passageiros punham o pé a bordo, o comandante atacava logo tentando convencê-los a aceitar fazer a viagem em animação suspensa. Os argumentos eram invariavelmente um maior conforto, maior segurança e principalmente, o facto de estando em animação suspensa, a sua esperança média de vida ser prolongada na razão directa de dez para nove. Ou seja, por cada dez meses que estivesse em animação suspensa, a sua esperança média de vida seria prolongada por mais nove meses. Para quê desperdiçar dez meses de vida com uma viagem enfadonha quando podia fazer a viagem como se apenas um mês se tivesse passado?



Quando esta argumentação não funcionava, o comandante oferecia-lhes dinheiro. Normalmente os passageiros aceitavam. Afinal de contas, quem fazia viagens em cargueiros não tinha normalmente uma conta muito recheada. Se tivesse certamente optaria por uma nave de transporte mais rápida, mais cómoda, com mais mordomias e actividades de lazer. E muito mais cara, claro.



E Miguel, que nem a passagem tinha pago, aceitou imediatamente e sem pensar duas vezes a primeira oferta do comandante. Nos seus momentos finais de consciência fez uma nota mental - "nunca mais aceitar a primeira proposta que me fizerem. Regatear um pouco primeiro".



Há já uns minutos que a imagem da tampa da câmara de animação suspensa ganhava forma diante dos seus olhos. Era uma imagem que se formava diante dele sem que qualquer pensamento lhe viesse à mente. Ao fim de um tempo, quando a imagem se se começava a parecer com alguma coisa, começaram também a surgir-lhe os primeiros pensamentos. Por exemplo, por que carga de água é que a porcaria da tampa estava sempre a mudar de cor? E que raio de chinfrim era aquele que lhe entrava pelos ouvidos a dentro? Tentou mexer-se mas os seus músculos pareciam não responder. Finalmente a imagem da tampa ficou clara e o chinfrim ganhou contornos de palavras.
- "Perigo de descompressão. A tripulação deve vestir fatos de protecção com a máxima urgência."
Esta mensagem repetia-se em ciclo. A tampa abriu-se lentamente enquanto Miguel matutava sobre o que ouvira. Conseguia perceber as palavras mas ainda não tinha um raciocínio muito coerente, pelo que o seu sentido lhe escapava. Apesar do tom sensual da voz feminina do computador central não o transmitir, ele sentia uma certa urgência em perceber o significado da mensagem. Felizmente que esta se repetia quase que de forma contínua. Entre cada repetição parecia haver apenas o tempo suficiente para que o computador bebesse um pouco de água para clarear a voz. Ao fim da décima quinta vez, o significado da mensagem caiu-lhe em cima como um cometa. A mudança de cor da tampa por cima de si ganhou também significado. Era o flash vermelho da iluminação de emergência. Algo de muito grave tinha acontecido e tinha de se levantar o mais depressa possível. Lutou para ganhar controlo sobre os seus músculos mas sentia-se muito fraco. Normalmente seria apoiado pelo médico de bordo no fim do sono de animação suspensa, mas não parecia estar ninguém por perto para o apoiar. E o maldito computador que não se calava. Era um pouco enervante ouvir estas mensagens de emergência que eram ditas sem o mínimo sentido de urgência. Um pouco como quando se recebe o agente regulador de trânsito nos entrega uma multa por excesso de velocidade com um sorriso amável e nos deseja a continuação de um bom dia.



Aos poucos e poucos conseguiu recuperar o controlo dos movimentos e levantou-se da câmara. Uma porta na parede estava aberta e lá dentro encontrava-se um fato de protecção. À sua volta parecia estar tudo tal como quando tinha entrado em animação suspensa. Nenhum sinal de acidente, nada fora do lugar. Arrastou-se até ao fato de protecção e vestiu-o lentamente, ou tão rápido quanto conseguiu. Deslocou-se então para a porta da sala mas esta tinha sido trancada pelo sistema de controlo atmosférico. Destravou a porta utilizando o manípulo de emergência e abriu-a a custo. Mal se abriu uma fresta sentiu o ar da sala ser sugado violentamente, arrastando consigo uma série de objectos soltos. Agarrou-se com firmeza para não ser arrastado para a fresta. Sentiu-se invadido por uma corrente de adrenalina. O seu coração batia descontroladamente. A situação era bem pior do que ele imaginava. Quando a pressão se estabilizou abriu o resto da porta e saiu para o corredor. Não havia vivalma.



Caminhou até a ponte de comando. A porta da antecâmara estava fechada. Do outro lado havia atmosfera. Utilizou o manípulo de emergência para abrir a porta e depois de a passar voltou a fechá-la. A porta para a ponte de comando também estava fechada e do outro lado também havia atmosfera. Pressionou o comando para reestabelecer a atmosfera na antecâmara e quando a luz verde se acendeu, pressionou o botão para abertura normal da porta da ponte e esta abriu-se imediatamente. Tirou o capacete e desligou o fornecimento de ar. Por precaução activou o sistema de restabelecimento das reservas de ar.



A ponte de comando também estava vazia. Não conseguia ver danos aparentes, mas todas as consolas continham indicadores de perigo. Dirigiu-se à consola do comandante e accionou o sistema de comunicação para toda a nave
- Olá? Existe mais alguém a bordo? - fez uma pausa na esperança de que alguém respondesse, mas nada. Tentou novamente.
- Daqui fala o passageiro que seguia em animação suspensa. Está aí alguém que me possa explicar o que se passa?
Nada. Silêncio total. Sentiu um medo imenso, uma solidão enorme. Era a única pessoa na nave. Ou pelo menos a única viva. Mas ao mesmo tempo apossou-se dele uma enorme excitação. Estava na ponte de comando de uma nave, para todos os efeitos à sua disposição e sob o seu comando. A nave tinha sido abandonada pelo seu comandante e tripulação e ele próprio tinha sido abandonado a uma morte solitária no espaço. Portanto podia fazer o que quisesse com a nave que ninguém podia alguma vez acusá-lo fosse do que fosse. Nem sabia por onde começar. O que é que poderia fazer primeiro? O miúdo grande que ainda tinha dentro dele lembrou-se logo que podia lançar um míssil contra alguma coisa. Algumas naves de carga tinham sistemas de armamento simples, que serviam como desmotivador para piratas mal armados. Procurou a consola do sistema de armas mas ao fim de um tempo chegou à conclusão de que esta nave em particular era tão inofensiva quanto uma vaca no pasto. Ou seja, o máximo que conseguia fazer era abalroar outra nave, o que era uma táctica muito pouco usada no espaço. Por razões óbvias.



Sentiu-se um pouco desiludido, mas nada estava perdido. Resolveu fazer um reconhecimento das diversas consolas para perceber o que poderia fazer com a nave. À esquerda da cadeira do comandante estava a consola de comunicações. Logo a seguir, no sentido dos ponteiros do relógio, estava a consola de navegação. Ia começar a olhar para esta quando um ronco primitivo e assustador se fez ouvir em toda a ponte de comando. Dois meses sem comer davam uma fome de leão. Ficou indeciso entre continuar a sua exploração da ponte e ir buscar qualquer coisa para comer à cantina. "Que diabos", pensou, "até agora não vi nada de realmente urgente". Voltou a ligar o fornecimento de ar, que entretanto já estava a 100%, colocou o capacete, saiu para a antecâmara da ponte de comando e a porta fechou-se atrás de si. A sua ideia era preparar uma refeição rápida. Era um sistema muito prático. Vinham numa embalagem de vácuo e bastava injectar um pouco de água na embalagem e metê-la no forno rápido. Deixar esperar dois minutos, agitar e deitar para uma tigela. Infelizmente todo o equipamento da cozinha estava sem energia. Possivelmente algum mecanismo disparado pela situação de emergência. Teve de se contentar com umas quantas barras energéticas.



Mal a pressão atmosférica foi reposta na antecâmara, abriu uma das embalagens. Sentou-se na consola de comunicações. Estava a ser emitido um sinal de SOS em permanência. O SOS indicava o nome da nave, a empresa a que pertencia, dizia que a nave tinha perdido controlo direccional, as coordenadas actuais, a trajectória que levava e a hora de cada emissão. Esta trajectória era corrigida em tempo real pelo sistema de navegação, uma vez que podia haver alteração devido a forças gravitacionais. Também era afirmado que toda a tripulação tinha sido evacuada e as coordenadas, rota e hora do lançamento das cápsulas de emergência. "Toda a tripulação excepto o otário do passageiro", pensou Miguel. No entanto havia algo que não batia certo. Por que carga de água havia uma tripulação de abandonar uma nave que mantinha as condições de habitabilidade, ainda que tivesse perdido o controlo direccional? Mudou para a consola de controlo de sistemas e pediu um diagnóstico do estado da nave. Parte da nave parecia ter sido arrancada por um grande impacto, mas os sistemas vitais estavam todos intactos e funcionais para as restantes zonas da nave. Ou seja, era perfeitamente possível aguardar na nave por apoio da nave que se encontrasse mais perto. Mesmo que esse apoio levasse meses a chegar, os sistemas de reciclagem de ar e água eram capazes de manter a tripulação sobrevivente durante o tempo necessário. Tinha de haver outra explicação. Activou a consola de navegação e fez uma pesquisa para determinar se tinha havido alguma alteração da rota devido ao impacto. Ora aí estava, de facto na altura do impacto a nave sofrera um considerável desvio. Pediu uma análise da nova rota da nave. A única razão que lhe ocorria para o abandono da nave seria esta estar em rota de colisão com algo. No entanto o relatório não mostrava nenhum obstáculo dentro dos limites de alcance dosa sensores de curto ou longo alcance. Aliás, a nave parecia até dirigir-se para uma zona bastante desimpedida... anormalmente desimpedida... completa e absolutamente desimpedida. A zona do espaço para a qual a nave se dirigia parecia ser completamente vazia. Como um buraco negro! Agora as peças começavam a encaixar-se. Esta zona do espaço não estava muito bem cartografada e uma nave desta categoria não tinha a capacidade de determinar o horizonte de evento do buraco negro. Sem a possibilidade de avaliar o ponto de não retorno, a única medida lógica seria abandonar a nave o mais depressa possível. E a nave já apresentava uma apreciável aceleração, apesar de ter a propulsão desligada.



Rapidamente pediu ao sistema de navegação para localizar os planetas mais perto. Dois planetas apenas. Um deles por demais inospitaleiro mas o outro parecia ter condições para uma aterragem de emergência. Transmitiu as coordenadas do segundo planeta para a cápsula de salvamento restante e voltou a colocar o capacete. Dirigiu-se para a cantina e reuniu todos os mantimentos que conseguiu. Depois foi ao armário onde tinha os seus pertences e juntou rapidamente o que pôde, com especial atenção para o seu computador de bolso, onde mantinha o seu diário, os seus livros, fotografias e todo o entretenimento necessário para se manter ocupado durante as cerca de duas semanas que levaria a viagem para o planeta seleccionado.



A cápsula foi lançada com a potência máxima e manobrou de maneira a perder o mínimo de impulso inicial. A propulsão principal manteve-se activa durante todo o tempo possível para contrariar a força atractiva do buraco negro que já se fazia sentir nesta zona. Quando o combustível da propulsão principal chegou aos 95%, esta desligou-se e foi substituída pela propulsão iónica que iria funcionar em contínuo durante a maior parte da viagem.



A aterragem tinha corrido mais ou menos bem, mas a cápsula perdera a estanquecidade. A afirmação mais simpática que se podia fazer em relação ao planeta era que era o melhor que se tinha conseguido arranjar. Tinha água potável, não era particularmente sísmico ou com uma actividade vulcânica demasiado activa. Tinha era aquele problemazito de ter uma atmosfera venenosa. É claro que podia ser venenosa e corrosiva, por isso e vistas bem as coisas nem se podia queixar muito. A cápsula ligou automaticamente o sinal de socorro, mas Miguel sabia bem que ninguém o viria buscar. Viu ao longe um oceano e dirigiu-se para lá. Já que ia morrer, ao menos que acabasse os seus dias com uma vista bonita.



Sentado a olhar para o mar pensou nas suas alternativas. Não tinha hipótese de voltar a encher o tanque de ar. Com a nave sem estanquecidade a produção de mais ar era impossível. Para além disso era impossível comer ou beber porque não podia tirar o capacete. A única coisa que podia recarregar era as baterias do fato, mas de que é que isso lhe servia? O seu único consolo era que o ar se acabaria muito antes de ter fome ou sede realmente graves. Se bem que um grande golo de água neste momento lhe saberia muito bem. Na realidade tinha apenas mais meia-hora de ar. Perdeu dez minutos a ajeitar a areia de maneira a que se pudesse encostar confortavelmente a ver as pequenas vagas. Os seus últimos vinte minutos passou-os a tentar lembrar-se dos melhores episódios da sua vida. Aos poucos foi perdendo a consciência, até que a falta de oxigénio acabou por o matar.


3º lugar, ganda espectáculo

O Tiago Monteiro conseguiu um feito nunca antes alcançado na história do desporto português que foi o último degrau do pódio no campeonato mundial de F1. O que eu achei mais curioso foi o ar do Michael Schumacher, em mais um 1º lugar da sua carreira enquanto Monteiro festejava esfusiantemente o seu fabuloso e possivelemente último 3º lugar. Pareceu-me ver um misto de estranheza com paternalismo e talvez uma certa nostalgia, certamente pela alegria que sentia quando os seus lugares no pódium ainda eram uma raridade.

DN Online: Monteiro no pódio em corrida polémica: " Português fez por merecer os seis pontos, que lhe dão o 13.º lugar no Mundial de Pilotos"

quinta-feira, 2 de junho de 2005

Esta perdeste, oh Valentão!

O Tribunal da Relação do Porto indeferiu o recurso de Valentim Loureiro num processo por difamação contra um conjunto de dirigentes do PS de Gondomar que fizeram declarações públicas acusando a Câmara de Gondomar de manter relações promíscuas com o Boavista. O tribunal considerou que as declarações podiam ser consideradas como uma mera crítica sobre a realidade indiscutível. Conforme é escrito no DN "Valentim Loureiro, além de presidente da autarquia, é presidente honorário do Boavista e pai de João Loureiro, o vice-presidente, José Luís Oliveira, era presidente da Assembleia Geral do Boavista e o assessor para o Desporto na autarquia era treinador da equipa de ciclismo.". E consideraram ainda os juízes "Julgamos que o sentimento geral da sociedade portuguesa é o de que a acumulação de cargos, em diversas áreas públicas e privadas, não é desejável".

E eu estou de acordo com os juízes pelo que pergunto, não se poderia consagrar esse sentimento geral da sociedade na própria lei?

DN Online: Valentim perde recurso na Rela?o

"Garganta Funda"

Em relação à recente revelação da identidade do famoso "Garganta Funda", que passou aos jornalistas a informação necessária para expôr o caso Watergate, diz Luís Delgado no DN "Não é muito saudável que um director do FBI revele segredos, não na perspectiva dos media, mas para salvaguarda da sua instituição.".

Não percebo se com isto ele queri dizer que W. Mark Felt nunca devia ter revelado ter sido ele a fonte do Washington Post ou se ele simplesmente não devia ter fornecido as informações.

Em relação à primeira hipótese a única coisa que se pode dizer é que mais tarde ou mais cedo se saberia quem tinha sido o "Garganta Funda" e que tinha sido um agente do FBI. Mas se a perspectiva era a segunda, então as coisas são um pouco mais graves. O dever das forças da ordem e de investigação criminal não é encobrir os actos ilegais dos governantes. O seu dever é zelar para que a lei seja cumprida e para que os crimes sejam investigados. Alguém duvida que o Watergate devia ter sido exposto?

DN Online: DN, CNN e Watergate

quarta-feira, 1 de junho de 2005

Preservativos vegan

Na minha pesquisa para tentar verificar a veracidade da notícia que referi no meu último texto, encontrei esta outra notícia sobre uns novos preservativos no mercado que são biodegradáveis, precisamente para prevenir fenómenos como os que descrevi. Espero que a tecnologia seja adoptada pelas outras marcas.

Get Ethical - Ethical Matters

Preservativos a perder de vista

Encontrei esta notícia referida num blogue americano mas apesar de ver o conteúdo numa série de outros sítios não encontrei nenhuma fonte realmente credível.

Ao que parece um grupo de cientistas encontrou um recife artificial constituído por preservativos usados. Este recife tinha dimensões bastante assustadoras tendo em conta a matéria de que é feito. Cerca de duas milhas de comprimento, meia milha de largura e alguns pontos com 60 pés de profundidade. A explicação científica para a agregação de todos estes preservativos é que um fenómeno a que chamaram algo como "agregação de semelhantes" (like aggregation), um fenómeno que confirmei que existe e que consiste na concentração de objectos semelhantes por acção dos ventos, das marés, campos magnéticos etc. Um exemplo que dão do mesmo fenómeno são as bolas de cotão que encontramos em casa.

Quando li esta notícia veio-me logo à ideia um filme de terror um bocado para o nojento, o The Blob.

A ser verdadeira, esta notícia chama a atenção para duas questões. Por um lado a necessidade de encontrar fórmulas para tornar os preservativos biodegradáveis, e por outro a necessidade de explicar às pessoas que podem deitar a merda dos preservativos usados na porra do caixote do lixo, em vez de o fazerem na trampa da sanita!!!

Condom Reef Discovered (Sydney, Australia, 1996)

"Oceanographic scientists say they have discovered a vast, floating "reef" of the world's disposed condoms in the middle of the South Pacific, about halfway between Tahiti and Antarctica. The phenomenal mass is almost two miles long, an eighth of a mile wide, and in places up to 60 feet deep, the oceanographers say."

Tabaco de mascar



Ouvi hoje na rádio a notícia de que entrou hoje em vigor na Suécia a proibição de fumar em locais públicos de diversão. Isso não me parece nada de extraordinário para um país como a Suécia, só me espanta ter levado tanto tempo. O que desconhecia por completo e realmente me espantou, foi a explicação para o facto de se esperar um grande apoio à medida. Note-se que o facto de o apoio ser grande não é o que me espanta. O que me espanta realmente é que esse apoio se deva a um hábito dos suecos, que na europa só é partilhado com os noruegueses, e que consiste em mascar uma pasta à base de tabaco, água e sal e a que chamam snus. Muitas suecos que desistiram de fumar passaram numa fase intermédia pela utilização do snus ou adoptaram-na em definitivo. Pelos vistos, tendo os fumadores uma alternativa que não causa incómodo a ninguém, não vão contestar a proibição.

Mas a ideia de os suecos, de quem se tem uma ideia tão civilizada, terem um hábito que tem tão má imagem, parece-me paradoxal. A imagem que tenho da prática de mascar tabaco foi construida pelos western modernos em que se vê cowboys com ar de quem não se lava há já vários meses, com dentes estragados e barba por fazer, a cuspir algo de cor indescritível para um escarradouro a dois metros de distância, que ao acertar-lhe o faz deslocar-se 15 centímetros com o impacto.

Tenho uma certa dificuldade em conciliar esta imagem com a que tenho dos suecos.

History of snuff (snus)

terça-feira, 31 de maio de 2005

Dia Mundial do Consumo

Parece que amanhã é Dia Mundial da Criança. O que eu não sabia era que era suposto oferecer-se coisas às crianças nesse dia. A minha mulher diz que sim. Portanto depois do trabalho tenho de ir comprar um triciclo para o puto. Por mim não se dizia nada ao miúdo e dava-se-lhe o triciclo no sábado, mas não pode ser, porque amanhã é que é o Dia Mundial da Criança. Já não faltava o dia de anos, o dia de Natal, os ovinhos da Páscoa, as máscaras de Carnaval, o dia da vacina, o dia das análises,...

And now for something completely different



A coisa na foto, embora não pareça é um teclado. Não, a sério, não estou a gozar. Foi inventado para minimizar os movimentos repetitivos que dão origem ao Síndroma do Tunel Carpal. As letras são formadas fazendo deslizar as pegas numa das oito direcções possíveis. Por exemplo, para formar a letra "r", deslizar-se-ia a pega da esquerda para a direita e a pega da direita para a frente.

O "teclado" também pode ser utilizado para movimentar o cursor do rato.

Uma ideia gira, mas não só é caro (USD 695 = +/- € 487) como o tempo de aprendizagem deve ser extremamente penoso.

OrbiTouch Review: A Keyless Keyboard

segunda-feira, 30 de maio de 2005

Valha-nos Deus tanta estupidez junta

O reitor do Santuário de Fátima, Luciano Guerra, escreveu um conjunto de patacoadas num jornal de que nunca tinha ouvido falar chamado "Voz de Fátima" a respeito da IVG e do casamento entre homossexuais.

Diz o sábio reitor que "corpos esquartejados de bebés vão aparecer em lixeiras de toda a espécie ao olhar horrorizado ou faminto de pessoas e animais". É sem dúvida uma imagem poderosa, mas convém acrescentar que é também um pouco inverosímil. Que eu saiba os resíduos hospitalares de natureza orgânica são incinerados. Aliás, se o bom reitor soubesse utilizar a net, e se calhar até sabe, encontraria por exemplo este artigo que identifica os diferentes tipos de resíduos hospitalares. Os "corpos esquartejados de bebés" como o nosso reitor tão pictoricamente colocou, pertencem ao Grupo IV, que terão de ser obrigatoriamente incinerados. E diga-se que esta classificação está em vigor há 9 anos. Um bocadinho mais de objectividade e menos propaganda fariam bem ao discurso do idoso senhor.

Como o olhar honesto sobre os temas da actualidade não se podia ficar por este tema, Luciano debruça-se também sobre a questão dos casamentos entre homossexuais. Diz ele que o Parlamento Europeu "amanhã poderá impor a união entre homossexuais". Mas repare, o PE não impõe nada, limita-se a reconhecer como válida. Os homossexuais só se casarão se quiserem, ninguém os obriga. Possivelmente seria este o receio do libertário reitor. A ideia de que num futuro próximo os homossexuais fossem levados para os cartórios para que oficializassem a sua relação de forma compulsiva, terá seguramente ofendido os ideais de liberdade do senhor reitor. Mas não se preocupe, bom senhor, os homossexuais poderão manter as suas relações ao nível do namoro ou simplesmente de sexo ocasional ou ainda com múltiplos parceiros em festas regulares, sem que o Estado os obrigue a "salvar a honra" mútua.

DN Online: Corpos de bebés "em lixeiras"

Comer, beber, homem, mulher

Enquanto escrevia o texto anterior, lembrei-me deste filme que me emprestaram há pouco tempo. Com o título original de
Yin shi nan nu, este filme de Ang Lee mostra a complexidade da vida através das coisas mais simples que ela tem.

O filme mostrava a vida de um velho chefe de cozinha, viúvo e que vivia com as suas três filhas já adultas. E muito do filme se passa à volta de comida. O início é fantástico, mostrando as elaboradas técnicas da cozinha chinesa. Todos os dias o pai preparava um banquete para o jantar de família, de maneira que todo o filme faz água na boca.

Neste filme a comida tem um papel importantíssimo não só por ser uma constante mas também porque é um ponto de partida para as relações mais complexas entre as pessoas. A comida, as refeições, são mostradas como um meio agregador da família - os jantares diários em que a família falava do seu dia; como uma forma de exercer poder - o pai não deixava uma das filhas preparar as refeições apesar de esta se ter tornado uma excelente cozinheira; como forma de auto-determinação - a mesma filha passou a cozinhar quando o pai se voltou a casar; associada à carreira e ao respeito pelos mais sábios - o pai é cozinheiro num hotel de luxo e os seus ajudantes e responsáveis do hotel reconhecem-no como um mestre e, finalmente, como forma de prazer associada ao sexo.

A cozinha neste filme é sempre muito requintada e exótica. É engraçado ver como são variadas as técnicas utilizadas, que vão desde a fritura à cozedura a vapor. E até à mesa havia uma geringonça para cozinhar a vapor.

Cozinha a vácuo

Descobri por acaso que existe uma nova (ou pelo menos desconhecida para mim) técnica de cozinha, a cozinha a vácuo. Se bem percebi, este tipo de cozinha consiste em guardar os ingredientes em embalagens de vácuo e cozinhá-los a baixas temperaturas. É suposto preservar melhor o sabor e as qualidades dos alimentos. Gostava de experimentar. Só é necessário um aparelho que permita criar vácuo nas embalagens, o resto dos utensílios é idêntico. Ou seja, não é necessário nenhuma câmara de vácuo altamente sofisticada e um fato de astronauta. Mas uma coisa que me faz espécie é o custo acrescido das embalagens de vácuo. A não ser que sejam reutilizáveis.

Os métodos principais para cozinhar a comida a vácuo parecem ser o vapor e o banho-maria. Ou então não é nada disto e eu não percebi nada do assunto.

LOEUL et PIRIOT - Les gammes Plats Cuisin?s pour les Professionnels: "Put briefly, vacuum cooking looks much like an updating of cooking en papillotte, or in parcels. The products are packed under vacuum in trays or soft sachets and are cooked at low temperature (below 100ºC) inside the same packaging. This allows cooking to be adapted to each dish appropriately and to preserve the flavours and textures of the ingredients. The products can then be kept between 0º and 3º C."

sexta-feira, 27 de maio de 2005

Energia ondulante



Ora aí está uma daquelas notícias de que eu gosto. Uma empresa escocesa, a Ocean Power Delivery, Ltd (OPD) assinou um contrato com a portuguesa Enersis para a construção de um conjunto de geradores que utilizam a energia das ondas para produzirem electricidade. Este projecto de exploração comercial, que será o primeiro a nível mundial, será construído ao largo da Póvoa do Varzim, a cerca de 5 kms da costa. Na primeira fase deverá produzir energia suficiente para 1.500 lares. Os três geradores deverão entrar em funcionamento em 2006 e evitarão a emissão de 6.000 toneladas de CO2 para a atmosfera. Se os resultados da primeira fase forem satisfatórios, serão adquiridos 30 novos geradores.

Esta notícia é tanto mais fantástica quanto Portugal é o país com as características de costa que são bem conhecidas e porque pode ser o início de um investimento sério na energia das ondas, que é limpa e renovável. Não faço ideia da quantidade de instalações deste género que é viável construir junto à costa portuguesa, mas é um bom passo para a diminuição da dependência energética do país e para a diminuição da poluição.

CNN.com - 'Wave farm project gets green light - May 20, 2005

quarta-feira, 25 de maio de 2005

Sobre os festejos na Luz

Eu não sou cá de grandes festejos pelo que não me dei ao trabalho de ir à Luz festejar o nosso campeonato. Mas encontrei um relato de alguém que peca por ser clubisticamente desorientada mas que levou os rebentos para o meio da confusão e fez esta divertida descrição da coisa no blogue controversa maresia:

"como uma onda

Eu, de futebol, népia: descendo de uma linhagem familiar onde se verifica um ligeiro trend sportinguista, mas daqueles insuficientes para tirar o sono a alguém ou assanhar discussão domingueira. Se há derby lisboeta (expressão horrível, esta), torço pelos leões e cuspo nos lampiões, mas numa versão muito softezinha, muito light, que dura o tempo exacto do relato no transistor" (continuar a ler...)

terça-feira, 24 de maio de 2005

País da tanga

Estou farto deste país ridículo. Parece que a cada mudança de governo as coisas pioram. Com a "recente descoberta" de que o défice não é afinal da ordem dos 4% mas sim de 6,83% bem podemos esperar pelas medidas que aí vêm. Aumento do IVA, talvez também do IRS. Nos últimos anos não tenho visto que o país tenha feito reformas estruturais no sentido de aumentar a eficácia dos serviços públicos e cada novo imposto parece ser uma nova muleta de que o Estado não pode abdicar. O exemplo mais cabal disso é o Imposto Automóvel (IA)...ok, este não é novo, mas é absolutamente ofensivo porque se trata de um imposto sobre o qual ainda é cobrado um outro imposto. Ou seja, ao valor de base do automóvel é adicionado o IA calculado com base na cilindrada e com base neste sub total é calculado o IVA. Estamos perante um caso de dupla tributação. Este imposto representa uma fatia importante da receita do Estado e não estou a ver como é que se poderá prescindir dela. Fala-se na cobrança do IA em duas fases distintas. No momento da compra do veículo seria cobrado um montante mais baixo, reduzindo o seu valor. A segunda fase seria uma cobrança anual de um valor muito superior ao actual imposto municipal. Muito bem, mas será que isso vai aumentar o meu rendimento líquido? Duvido. Outro exemplo, o IVA foi aumentado para 19%. Se o défice aumentou na mesma, como é que podemos esperar este imposto ao consumo venha a ser reduzido? Com o combate à fraude e evasão fiscais? Pelo que percebi as Finanças têm conseguido aumentar as cobranças, mas ainda assim o défice cresceu a bom crescer. E como é que vão conseguir a redução da despesa do Estado? Não se pode despedir um grande número de funcionários públicos, especialmente numa fase em que o desemprego tem vindo a aumentar e em que todos os dias se houve falar em desinvestimentos por parte dos investidores estrangeiros, fábricas que fecham e deslocalização de empresas. Mas é claro que o peso dos salários dos funcionários públicos no Orçamento de Estado (OE) tem de diminuir. Isto só será possível através de uma reestruturação de proporções épicas dos serviços públicos. É que ao contrário do que o bom do Santana dizia, não se pode manter a despesa com os funcionários do Estado e limitarmo-nos a aumentar a receita do Estado por via do aumento das cobranças de impostos e como consequência do crescimento da Economia. Isto porque, como bem sabemos, a Economia tem altos e baixos e quando voltasse a descer (primeiro tem de subir, claro), iríamos ter os mesmo problemas. Mas não é só por isso. O Estado tem a obrigação de ser o mais eficiente possível para que possa cobrar o mínimo possível de impostos e representar o mínimo de peso para os contribuintes. É claro que isto é utópico. Até na Alemanha as pessoas falam dos funcionários públicos como pessoas que têm a vida facilitada e não têm de trabalhar assim muito.

Mas a questão que se põe é muito simples. Como é que chegámos a este estado das coisas e será que ainda durante a minha vida teremos um Governo competente que consiga tirar este país deste pântano? E se o défice continua a aumentar e vai ser necessário aumentar os impostos, como é que vão conseguir o milagre do crescimento da Economia?

O meu plano é simples. A empresa onde trabalho tem agora perspectivas de crescer. Eu preciso de ganhar experiência no meu ramo e penso que se a empresa arrancar agora, em dois anos terei currículo e experiência para conseguir um emprego na minha área num país como deve ser. Na Austrália, por exemplo. Se este país da tanga continuar a não mostrar condições e eu me sentir confiante quanto às minhas hipóteses no estrangeiro vou-me embora. Adeusinho, passem bem.

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