domingo, 29 de setembro de 2013

Produção de energia a partir de águas residuais

Ouvi isto em vários dos podcasts que sigo e achei maravilhoso. Actualmente já é possível produzir electricidade a partir de águas residuais, sejam elas domésticas ou industriais. Isto é conseguido através de baterias microbianas.

De acordo com a introdução do artigo científico [Xing Xie et al., Microbial battery for efficient energy recovery], "micróbios num ânodo oxidam matérias orgânicas dissolvidas, libertando electrões para um circuito externo, a partir do qual a energia pode ser extraída.Os electrões entram então num eléctrodo de estado sólido que mantém esse estado enquanto os electrões se acumulam dentro deste. O eléctrodo de estado sólido é retirado periodicamente da bateria, oxidado e re-instalado para uma produção de energia sustentada. Não é introduzido oxigénio molecular na bateria e são evitadas membranas de permuta de iões permitindo eficiências elevadas na recuperação de energia."

O principal obstáculo à utilização generalizada desta tecnologia prende-se com a utilização de prata no fabrico da bateria, o que encarece a sua produção. Um dos principais objectivos da utilização desta tecnologia seria a redução ou eliminação das necessidades de produção de energia para tratamento de águas residuais, podendo eventualmente vir a ser possível que seja possível produzir mais electricidade do que a que é consumida por este tratamento. Isto seriam muito boas notícias principalmente para países em vias de desenvolvimento em que os custos de tratamento de águas residuais são muitas vezes proibitivos.

domingo, 31 de março de 2013

Da Constituição e da Responsabilidade

A chamada de atenção de Passos Coelho ao Tribunal Institucional, afirmando que este será responsável não só pela sua decisão como também pelas consequências desta, é um atentado à Democracia que o envergonha a ele e ao País. Apresentar um (na realidade, dois. E seguidos) Orçamento de Estado inconstitucional e depois queixar-se de que o Tribunal Constitucional o chumba, é o mesmo que cuspir para o ar e acusar a gravidade de lhe atirar com cuspo para a cara. Sem dúvida que para Passos, a Constituição da República Portuguesa é um pormenor com o qual não deveria ter de se preocupar, e não deixa de ser verdade que o Tribunal Constitucional lhe terá criado essa expectativa quando deixou passar o Orçamento de Estado de 2012 apesar das inconstitucionalidades detectadas. Espera-se que o mesmo expediente não seja repetido para o OE de 2013. Em primeiro lugar, e seguramente mais importante, porque uma piada repetida acaba por se tornar aborrecida e em segundo porque, apesar de tudo, Portugal é um democracia constitucional e não é suposto os Governos, por mais maioritários que sejam, beneficiarem da suspensão da Constituição quando esta se torna inconveniente. Tendo em conta que a última revisão da Constituição foi em 2005, Passos não se pode queixar de não conhecer as regras e se não lhe agradavam não devia ter assumido o cargo que assumiu.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Sentido da Vida

Acabei de ver o filme "Up in the Air", realizado em 2009 por Jason Reitman, com o George Clooney no papel principal. Gostei do filme. Dou-lhe 8 em 10 pelo argumento, pelos diálogos e pela realização. Uma das coisas que me desconcertou, que me fez sentir uma profunda desagrado com a realidade, foi a forma idílica como são representadas as viagens de avião. As cenas de paisagens filmadas a partir do ar com uma qualidade e clareza sem mácula e acompanhadas por um maravilhoso silêncio não podiam estar mais longe da realidade. Andar de avião é desconfortável. É barulhento. Aquele barulho de fundo que nunca se vai embora acumula com a pressão artificial que faz com que os pés inchem dentro dos sapatos. E quando se olha pela janela, as mais belas paisagens perdem sempre cor devido ao reflexo na janelas duplas. Isto quando não se vai em cima da asa, o que arrasa qualquer hipótese de se ver seja que paisagem for. Mas adiante. O que me fez pegar no blogue foi a pergunta que ecoa ao longo de todo o filme: qual é o sentido da vida? É uma pergunta eterna que porventura toda a gente já se colocou. Mas é pergunta que tresanda a religião. Por que carga de água terá a vida que ter algum sentido? Qual é o sentido da vida de um lagarto? Qual é o sentido da vida de uma bactéria? A vida não tem que ter nenhum sentido. Para achar que sim é preciso acreditar no destino. É preciso acreditar que existe uma peça de teatro cósmica em que todos temos um papel a desempenhar. Mas para quê? Com que objectivo? Para a Glória de deus, respondem alguns. Mas por que é que deus tem de ser glorificado? Ele precisa disso? Se tem necessidades, isso não faz dele menos divino? Adiante. Ao longo da nossa vida, o Sentido vai mudando. Quando nascemos nem temos consciência de nós próprios. Nos primeiros anos só queremos brincar, evitar tudo o que seja aborrecido, gastar energia. Entrando na puberdade começa a necessidade de afirmação, a dinâmica de grupo, a instabilidade hormonal, a necessidade de sexo e as primeiras paixões. Aos poucos vão-nos sendo impostas obrigações, que vão crescendo ao longo da vida. A partir do momento em que ganhamos obrigações parece quase irrelevante procurar um sentido na vida e antes disso, a pergunta nem sequer faz sentido. Independentemente de qual seja esse sentido, existem coisas que temos de fazer, sob pena de várias coisas. Quando se tem filhos, quem tem tempo para questionar se tudo isto faz sentido?
É necessário trabalhar todos os dias, não porque temos um papel para desempenhar no Grande Esquema das Coisas, mas antes porque se não o fizermos não teremos dinheiro para comida, para roupa, para uma casa, já para não falar dos luxos dos países ricos, como carros, aparelhos electrónicos, televisão por cabo e por aí fora. À medida que se vai envelhecendo as preocupações vão mudando, os filhos saem de casa (às vezes). O Sentido da Vida, assim mesmo em maiúsculas, não existe. Algumas pessoas não têm, nem podem ter, um horizonte mais ambicioso que a sobrevivência diária. Outras podem dar-se ao luxo de dedicar a sua vida a procurar maneiras de escapar ao tédio. De um extremo ao outro, cabe a cada um dar um sentido à sua própria vida. Isso passa, obviamente, por estabelecer objectivos e trabalhar para os alcançar. Tudo o resto são balelas.

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