segunda-feira, 30 de maio de 2005

Comer, beber, homem, mulher

Enquanto escrevia o texto anterior, lembrei-me deste filme que me emprestaram há pouco tempo. Com o título original de
Yin shi nan nu, este filme de Ang Lee mostra a complexidade da vida através das coisas mais simples que ela tem.

O filme mostrava a vida de um velho chefe de cozinha, viúvo e que vivia com as suas três filhas já adultas. E muito do filme se passa à volta de comida. O início é fantástico, mostrando as elaboradas técnicas da cozinha chinesa. Todos os dias o pai preparava um banquete para o jantar de família, de maneira que todo o filme faz água na boca.

Neste filme a comida tem um papel importantíssimo não só por ser uma constante mas também porque é um ponto de partida para as relações mais complexas entre as pessoas. A comida, as refeições, são mostradas como um meio agregador da família - os jantares diários em que a família falava do seu dia; como uma forma de exercer poder - o pai não deixava uma das filhas preparar as refeições apesar de esta se ter tornado uma excelente cozinheira; como forma de auto-determinação - a mesma filha passou a cozinhar quando o pai se voltou a casar; associada à carreira e ao respeito pelos mais sábios - o pai é cozinheiro num hotel de luxo e os seus ajudantes e responsáveis do hotel reconhecem-no como um mestre e, finalmente, como forma de prazer associada ao sexo.

A cozinha neste filme é sempre muito requintada e exótica. É engraçado ver como são variadas as técnicas utilizadas, que vão desde a fritura à cozedura a vapor. E até à mesa havia uma geringonça para cozinhar a vapor.

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