segunda-feira, 9 de maio de 2005

Viagens no Tempo: falsos paradoxos

Existe um conceito errado associado às viagens no tempo e que é traduzido pelo seguinte paradoxo: um fulano viaja para o passado e assassina o pai antes de este ter engravidado a mãe. Mas se o pai morre antes de ele próprio ter sido concebido, isso quer dizer que ele deixaria de existir e não poderia viajar para trás no tempo, voltando tudo ao ponto de partida.

Este paradoxo foi reforçado por filmes como a trilogia "Back to the Future" e o "Terminator". No entanto esta é uma percepção potencialmente errada das coisas. As visões mais sofisticadas da questão dizem que tudo se processaria de uma forma um pouco diferente. Uma hipótese levantada é a de existirem múltiplos universos ou múltiplas dimensões. Ao viajar para trás no tempo e causar uma alteração, o viajante não estaria a alterar a sua linha temporal mas sim a criar uma outra onde as coisas se passariam de forma diferente. Quando o viajante avançasse no tempo para o seu ponto de partida, não estaria a voltar para o ponto de partida da sua linha temporal mas sim para o ponto no tempo equivalente da nova linha temporal. Logo o paradoxo nunca se daria. E o regresso do viajante seria bem triste porque provavelmente o que encontraria não teria nada que ver com o que tinha deixado. Um livro onde este conceito é magistralmente descrito é o The Time Ships, de Stephen Baxter. Este livro foi escrito para comemorar o centenário da obra The Time Machine de H. G. Wells que se crê (pelo menos é o que está escrito na Wikipedia) ter sido a primeira obra literária onde o conceito de viagem no tempo foi utilizado e é considerada uma obra prima.

Mas esta também é uma visão simplista da coisa porque existe um problema de muito difícil resolução, mesmo que a questão "mais simples" de viajar no tempo fosse resolvida. O problema é que nós vivemos numa nave espacial que está em constante movimento. Não existe nenhum referencial absoluto e fixo no espaço. A Terra move-se na sua órbita à volta do Sol, e o Sistema Solar move-se dentro da sua galáxia, e por aí fora. Isso quer dizer muito simplesmente, que há um ano atrás a Terra não estava no mesmo sítio onde está hoje. Portanto se um viajante no tempo se limitasse a deslocar no tempo um ano para o passado, não se iria materializar na Terra mas sim no ponto do espaço onde a Terra iria estar daí a um ano no futuro. Portanto o mais provável era materializar-se no escuro e frio espaço sideral.

É claro que nada disto é consensual e nenhuma prova de universos paralelos foi alguma vez encontrada.

Para ler mais sobre o assunto ver "Time Travel" na minha querida Wikipedia.

1 comentário:

Personalidade Bloguinho Portuga disse...

Eu também confesso que o futuro me atrai muito, mas tem uma série de inconvenientes. Por exemplo, teríamos de voltar para o nosso tempo à hora das refeições, porque o dinheiro provavelmente não seria aceite (e nas viagens para o passado isso era mais que garantido). E em termos laborais também não devíamos ter grande coisa para oferecer, a não ser que fosse para dar palestras sobre o passado... se bem que se no "nosso" tempo tivéssemos a capacidade de viajar no tempo, no futuro provavelmente também teriam. Uma outra opção sobre a qual às vezes me punha a pensar era sobre a possibilidade de viajar para um futuro em que a humanidade tivesse desaparecido mas as estruturas do futuro ainda existissem com alguma integridade. Acho que era óptimo para descansar um pouco, encontrar uma casa junto à praia no meio da floresta e ir para lá aos fins de semana para a limpar e pô-la em condições. Assim em vez de ir ao fds para o Meco ia para o futuro. E ter disponíveis as engenhocas e brinquedos do futuro? Maravilhoso.

Uma outra possibilidade interessante seria viajar para o passado ou futuro mas ficar num estado de desfasamento com a realidade em que nos fosse possível deslocar-nos e ver o que acontecia à nossa volta mas não tivéssemos a capacidade de interagir com as pessoas e objectos e não nos pudessem ver. Um pouco como se fossemos fantasmas ou os anjos do filme "As asas do desejo". Penso que isso seria o sonho de um historiador. Presenciar in loco os acontecimentos do Passado ou do Futuro, ver e estudar os modos de vida, os comportamentos, as crises, as guerras, etc. Ou recuar mais ainda e ver a evolução das espécies em saltos de milhares de anos. Andar ao lado dos dinossauros, voar com os pterodáctilos ou nadar com os animais marinhos da pré-história. Sem o risco de ser devorado no processo, claro.

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