segunda-feira, 30 de maio de 2005

Valha-nos Deus tanta estupidez junta

O reitor do Santuário de Fátima, Luciano Guerra, escreveu um conjunto de patacoadas num jornal de que nunca tinha ouvido falar chamado "Voz de Fátima" a respeito da IVG e do casamento entre homossexuais.

Diz o sábio reitor que "corpos esquartejados de bebés vão aparecer em lixeiras de toda a espécie ao olhar horrorizado ou faminto de pessoas e animais". É sem dúvida uma imagem poderosa, mas convém acrescentar que é também um pouco inverosímil. Que eu saiba os resíduos hospitalares de natureza orgânica são incinerados. Aliás, se o bom reitor soubesse utilizar a net, e se calhar até sabe, encontraria por exemplo este artigo que identifica os diferentes tipos de resíduos hospitalares. Os "corpos esquartejados de bebés" como o nosso reitor tão pictoricamente colocou, pertencem ao Grupo IV, que terão de ser obrigatoriamente incinerados. E diga-se que esta classificação está em vigor há 9 anos. Um bocadinho mais de objectividade e menos propaganda fariam bem ao discurso do idoso senhor.

Como o olhar honesto sobre os temas da actualidade não se podia ficar por este tema, Luciano debruça-se também sobre a questão dos casamentos entre homossexuais. Diz ele que o Parlamento Europeu "amanhã poderá impor a união entre homossexuais". Mas repare, o PE não impõe nada, limita-se a reconhecer como válida. Os homossexuais só se casarão se quiserem, ninguém os obriga. Possivelmente seria este o receio do libertário reitor. A ideia de que num futuro próximo os homossexuais fossem levados para os cartórios para que oficializassem a sua relação de forma compulsiva, terá seguramente ofendido os ideais de liberdade do senhor reitor. Mas não se preocupe, bom senhor, os homossexuais poderão manter as suas relações ao nível do namoro ou simplesmente de sexo ocasional ou ainda com múltiplos parceiros em festas regulares, sem que o Estado os obrigue a "salvar a honra" mútua.

DN Online: Corpos de bebés "em lixeiras"

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