segunda-feira, 2 de maio de 2005

Então e o contraditório?

Encontrei esta carta de um leitor italiano do DN que parece ter ficado profundamente magoado por na edição do dia da morte do Papa, o DN ter publicado a opinião de um homossexual que "ama Deus mas que detesta a Igreja Católica". A resposta do Provedor do DN é cabal, mas o que eu acho interessante é que as pessoas achem que têm o direito de exigir que apenas os pontos de vista que lhes interessam sejam expressos na comunicação social. Depois da quantidade absurda de horas e linhas de texto dedicadas à vida e obra de João Paulo II ainda exigir que todas as opiniões expressas deviam ter sido favoráveis com o Papa e a Igreja Católica demonstra um claro desconhecimento ou desprezo pelo papel da imprensa.

DN Online: Celebração e informação:"Foi por isto (e não só) que li com muito desgosto o artigo da vossa correspondente de Roma entrevistando o representante gay do sindicato dos comunistas italianos CGIL. O indivíduo disse-nos que ama Deus mas que detesta a Igreja Católica. Tenho umas perguntas a primeira é saber qual dos leitores do DN conhece este indivíduo se até eu, que sou italiano, nunca ouvi falar dele. A segunda é : era efectivamente pertinente e necessário dar conta destes "profundos" pensamentos no dia do maior funeral da história moderna? Era imprescindível pelo DN que, no dia 9 de Abril, informando os leitores do facto de que 200 delegações de chefes de Estado de todo o mundo, e chefes de todas as religiões (islâmicos, judeus, ortodoxos de várias confissões, protestantes, etc.), estavam na Praça de São Pedro e que na Via della Conciliazione e em toda a Roma estavam presentes, todas juntas, milhões de pessoas (heterossexuais ou homossexuais, pouco importa), e que centenas de milhões de fiéis em directo na televisão estavam a ver o funeral deste grande velho, era imprescindível para o DN informar inutilmente os leitores do pensamento dum "ilustre desconhecido" que aparentemente tem a única qualidade de ser amigo da jornalista?

(...) Na minha opinião o não perceber a medida das coisas que se fazem representa um erro imperdoável, e também penso que isto significa estar fora da História."

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