segunda-feira, 24 de julho de 2006

Autodefesa

O argumento de Israel para as suas ofensivas contra o Líbano tem sido o de que tem o direito a defender o seu território e os seus cidadãos. Eu reconheço a Israel esse direito, assim como o reconheço a qualquer outro país. Contudo, não reconheço é que o tipo de resposta que Israel tem dado aos mísseis do Hezbollah constitua uma forma de autodefesa. Por duas razões muito simples. Por um lado não parece estar a afectar a capacidade de lançar ataques do Hezbollah, e por outro está a destruir infraestruturas civis e a matar libaneses que nada têm a ver com o Hezbollah.

Utilizando a imagem do acidente de trânsito seria algo semelhante ao seguinte:

  • O membro do Hezbollah desloca-se a um stand de automóveis e pede para experimentar um carro que está interessado em comprar

  • Seguidamente dá umas voltas com o carro emprestado e pára num semáforo ao lado de um carro de um israelita

  • O israelita, por achar que o outro está demasiado encostado, abre a janela e grita - "Se me riscas a pintura, parto-te o carro todo"

  • O hezbollah, grita por sua vez - "Ai é?!", arranca a chiar os pneus e risca mesmo a pintura do carro israelita

  • Após uma perseguição pelas ruas da cidade, o hezbollah estaciona à pressa na entrada do stand e de fugida diz que o carro é interessante e que vai pensar

  • Entretanto o israelita aparece e começa a partir o carro todo, enquanto o dono do stand grita de mãos na cabeça e o hezbollah se dirige para o stand seguinte



Em que é que a situação do israelita melhorou?

4 comentários:

Personalidade Bloguinho Portuga disse...

"1º o carro é civil mas, quando é necessário, é utilizado pelo terrorista; e
2º dentro do carro (escondido, ou não) pode estar um terrorista."

Na minha parábola, o Hezbollah era mesmo terrorista e não estava escondido, estava bem à vista. Só que nesta versão soft o terrorismo está limitado a danos em automóveis.

"Infelizmente, também vejo a população civil apoiar o hezbollah."

O Hezbollah sempre teve apoio civil, porque uma parte da população libanesa é xiita. Aliás, se não tivessem apoio popular não teriam lugar no parlamento, e neste momento têm. Mas o que eu vi de entrevistas aos libaneses no início dos confrontos não era apoio ao Hezbollah mas sim tristeza por a guerra estar de volta. No entanto, e se eu fosse libanês, tendo em conta a destruição indiscriminada que Israel tem levado a cabo, muito dificilmente não lhes estaria no mínimo com um ódio de morte.

Personalidade Bloguinho Portuga disse...

Pedro, acho que não leste todos os meus textos sobre este assunto. Por exemplo, experimenta ler o texto "Mas quais civis...?".

"Terrorismo soft" foi o que eu representei na minha parábola. Imagino que não tenhas percebido isso, caso contrário não incitarias à sua aniquilição "sem dó nem piedade", que me parece excessivo só por riscar um carro.

Quanto aos civis israelitas de facto não tenho falado muito deles, mas já os referi. Mas isso é porque por cada israelita que morre estão a morrer dez libaneses. Seguindo essa proporção, daqui a mais sete textos sou capaz de falar dos civis israelitas. Se bem que eu já referi os civis israelitas no texto que referi atrás. Portanto, um em três é uma proporção bem melhor do que aquela a que os libaneses estão a ter direito.

Seja como for, acho que estás a perder o Norte. O Hezbollah é uma organização terrorista e não se pode esperar nada deles. Mas Israel é supostamente um estado de direito, e como tal tem obrigações. Uma das obrigações é defender-se com proporção relativamente à ameaça, e não é isso que está a acontecer. E não sou só eu que o digo. Até os EUA já estão desconfortáveis com o nível de agressão da resposta Israelita. Não sei se ouviste os relatos dos portugueses (insuspeitos suponho) que consegueiram regressar. Tudo o que seja camião é atacado para a eventualidade de levar armamento. Uma portuguesa descrevia como um camião cheio de fruta foi pelos ares. Quando o primeiro-ministro de Israel diz que por cada míssil disparado contra Israel, dez edifícios libaneses serão arrasados, não está a combater o Hezbollah, está a castigar os libaneses e a destruir o Líbano. Já agora, porque não utilizar armas nucleares para limpar de vez a faixa Sul do Líbano?

E que há libaneses que apoiam o Hezbollah ninguém contesta. O problema são os outros que não o apoiam e que levam por tabela. E não são poucos. O Hezbollah é constituido unicamente por xiitas que representam apenas cerca de 26% da população libanesa.

Quanto à escalada de violência por parte de grupos de extremistas do médio oriente, dificilmente o Líbano os apoiará. A não ser que estejas a confundir o Hezbollah com o governo libanês. Isso é o mesmo que dizer que nos anos 70 a Itália apoiava o terrorismo porque tinha as Brigadas Vermelhas.

Mas em vez de estares a fazer sugestões sobre o que eu hei-de escrever, porque é que não escreves tu sobre o assunto? Isto não é o "Quando o Telefone Toca".

Avó do Miau disse...

Desculpa não ter lido o post, mas ando a correr todos os blogs amigos para me despedir. Vou tirar umas férias, mas brevemente volto ao ataque!!!
Beijinhos e não te esqueças de visitar o site portuga que estou a construir:
www.portugalcorridinho.com

Novo endereço:www.amar-ela.com

Miss Trouble disse...

Vim desejar um bom fds. kisses

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