segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Dormitório espacial

Como já descrevi num artigo antigo, a exposição prolongada (semanas, meses) a micro-gravidade causa alterações pouco desejáveis no organismo. Por outro lado, vi uma entrevista a uma astronauta norte-americana em que ela contava algo que eu já desconfiava: o Espaço é o melhor sítio do Universo para dormir. Não há posições desconfortáveis, até porque o corpo humano quando em repouso e na ausência de gravidade assume sempre a mesma posição. É uma posição semelhante à que adoptamos quando estamos de barriga para baixo a flutuar na água sem nos mexermos. As costas tendem a arquear e os braços ficam ligeiramente para a frente. Ao pensar nestes dois aspectos da micro-gravidade lembrei-me que uma hipótese para um futuro não muito longínquo seria que as pessoas trabalhassem na Terra mas tivessem as suas habitações no Espaço. Trabalhar no Espaço é um pouco complicado porque nada se comporta como estamos habituados. O simples facto de pousar uma coisa em cima de uma mesa não faz sentido porque sem gravidade essa coisa não fica pousada, fica a flutuar e pode simplesmente ir-se embora. Como é que as pessoas teriam um secretária? A não ser que esta estivesse coberta de velcro e da mesma foram que todos os objectos. É claro que ter as habitações no espaço também teria os seus problemas. Como é que se cozinhava? Teria de ser tudo no microondas ou no forno. Tachos e frigideiras esqueçam, a comida estaria constantemente a flutuar pela cozinha. Trabalhar com fluídos como azeite e leite seria um pesadelo. Para além disso, para manter a forma física e não sofrer de osteoporose e de perda muscular, as pessoas teriam de passar a maior parte do tempo na Terra, ainda não se arranjou uma maneira de evitar esses efeitos secundários da ausência de gravidade. Acho que não há solução, a única hipótese seria usar o espaço como dormitório e local para a prática de sexo (embora essa também deva ser complicada).

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