domingo, 7 de junho de 2015

Tópico interessante mas não infinito

´All About My Vagina

Ao ler entradas minhas antigas neste blogue encontrei uma que falava do blogue All About my Pachacha... perdão, Vagina. Como já não ia lá há que anos resolvi dar uma saltada para ver como iam as modas. Fiquei surpreendido ao verificar que a escritora tinha esgotado o tema. Aparentemente a imaginação faleceu em Fevereiro de 2008, o que é uma pena para quem gosta do tema, mas por outro lado também traz alguma esperança porque fica claro que o esforço necessário para dominar o tema é finito.

Ai Jasus...!

jorge jesus wikipedia

Sim, o JJ saiu do Benfica para o Sporting. E depois? Alguma vez alguém pensou que ele era um Benfiquista ferrenho? E que fosse? Devia ter aceitado as propostas que o Luís Filipe Vieira lhe tentou fazer engolir pela garganta abaixo propostas para ir para a Rússia ou para a Turquia? Devia ter aceitado ficar no Benfica a ganhar menos quando o Sporting lhe ofereceu mais? Por que é que o Benfica não renovou contrato a tempo e horas? E cabe na cabeça de alguém propor uma pioria das condições a um treinador que trouxe o primeiro bi-campeonato dos últimos 15 anos?

O que é uma vergonha não é o Jorge Jesus ter aceitado uma proposta do Sporting em que vai ganhar mais. O que é uma vergonha é a mesquinhez estalinista de apagar da fotografia o treinador português que mais fez pelo Benfica em toda a sua história! A saber (de acordo com o sítio oficial do Sport Lisboa e Benfica):
  • 3 Campeonatos Nacionais
  • 1 Taça de Portugal
  • 1 Supertaça "Cândido de Oliveira"
  • 5 Taças da Liga
  • 2 Finais da Liga Europa
Deixem-se de merdas e reconheçam o valor do homem. Não queriam que ele fosse para o Sporting tivessem conduzido as coisas de outra maneira.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Ovos mexidos com legumes salteados

- Picar gengibre e alho grosseiramente 
- Cortar alho francês e couve em juliana (acho)
- Torrar sementes de sésamo e reservar
- Deitar azeite na frigideira quente e fritar o gengibre 
- Juntar o alho francês e a couve e saltear
- Juntar agrião
- Temperar com molho de soja e molho de peixe tailandês
- Juntar o alho e deixar cozinhar um pouco
- Juntar dois ovos, misturar, baixar o lume e tapar
- Desligar o lume e juntar as sementes de sésamo

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Deve ser lixado ser mulher

A minha mulher hoje de manhã: "Vou perder o autocarro! Estou atrasada por causa da roupa!" - porque levou muito tempo a escolhê-la - "É porque estou bloqueada. Eu sei porque é que estou bloqueada. Estou bloqueada porque não pintei as unhas dos pés." - tenho de confessar que esta me apanhou de surpresa. Mas vai fazer sentido já, já a seguir - "Não pintei as unhas dos pés, por isso não posso usar as outras sandálias e por isso não posso usar as calças que quero e para estas não tenho uma t-shirt branca para vestir por baixo do top!"

E pronto, heis como a ausência de um pouco de verniz desencadeia uma sequência de inconformidades que vão desembocar numa calamidade de proporções épicas. Em boa hora decidiu Einstein reduzir o seu guarda-roupa a vários conjuntos todos iguais e quando não encontrava o par da meia ia mesmo com o pézinho desnudo dentro do sapato. Bom, vá, quando não levava meias era nos dois pés, não era excêntrico ao ponto de ir a recepções com embaixadores só com uma meia. Mas que ia, sem meias, ah lá isso ia. Mas o ponto onde quero chegar é que se o Einstein não tem tomado a decisão de remover a escolha da sua indumentária das suas tarefas diárias, provavelmente não teríamos hoje a Teoria da Relatividade.

domingo, 26 de abril de 2015

Já sei quem é o autor da Criada Malcriada!

Estava a conversar com a minha mulher sobre uma série de coisas e a conversa foi ter à divertida tirinha d'A Criada Malcriada. Perguntei-me sobre o que levaria alguém a dar-se ao trabalho de ser anónimo na publicação de algo tão inócuo como essa tirinha humorística. A conversa direcionou-se para se seria um homem ou uma mulher. Ao ver uma outra tirinha que aparece agora no blogue Maria Capaz e que se chama Verónica, a Mulher Divorciada pensei "só pode ser uma mulher. Algum homem se lembraria daquelas conversas dos casacos, dos vernizes das unhas e dos vestidos?" Mas depois pensei "espera lá, isto podia ser mesmo um homem. Só alguém que tivesse uma reputação a defender se daria ao trabalho de manter um anonimato para algo que não tem uma obscenidade ou qualquer coisa que seja de reprovável. Talvez a simplicidade destas tirinhas contraste com um trabalho de décadas de grande seriedade. E foi então que se fez luz. Quem foi o homem que seguiu uma vida inteira dedicada à literatura, com uma obra de uma qualidade inatacável que passa pela poesia, ensaio, romance, crónica e tradução de obras de extrema complexidade e valor histórico? Quem é que tem uma lista de prémios literários do tamanho do meu braço? Quem? Vasco Graça Moura, claro está! O homem simulou a sua própria morte para se poder dedicar a uma obra que, sendo de qualidade, será também de uma tal simplicidade que se torna incompatível com uma vida inteira a enfrentar e ultrapassar desafios complexos. Com 72 anos, merecia uma pausa...

domingo, 12 de abril de 2015

Het pint sucks

Hoje experimentei fazer um cocktail chamado Het Pint. Leva cerveja, ovo, açúcar e noz moscada. Fica a nota para não repetir. Para começar não gosto do cheiro da cerveja aquecida. Traz-me uma memória de infância que não consigo localizar. É um cheiro que por alguma razão associo às lojas do Celeiro. Por outro lado gemada com noz moscada é bastante bom.

A próxima bebida que vou comprar para fazer cocktails vai ser batida de coco.

domingo, 5 de abril de 2015

Tortilha mexicana com camarões

Para 3

3 tortilhas mexicanas
500 gr de miolo de camarão congelado
1/3 de pacote de queijo Filadélfia
Azeite
Margarina
2 dentes de alho
Uísque q.b
Sumo de 1 laranja
Pimenta cayene ou tabaco verde
Coentros
Hortelã
Salada

- Descongelar e escorrer os camarões
- Marinar os camarões no sumo da laranja durante um mínimo de meia-hora
- Opção 1: juntar a pimenta cayene à marinada
- Cobrir o fundo de um tacho com azeite, esborrachar 2 dentes de alho grandes e fritar em lume forte até amolecer o alho
- Opção 2: em vez da pimenta deitar tabaco verde no azeite e  mexer. Cuidado que espirra!
- Juntar o camarão com uma escumadeira adicionando o mínimo de líquido possível
- Deixar fritar
- Juntar a marinada e um cálice de uísque 
- Colocar o Filadélfia numa tigela 
- Retirar o camarão para a tigela
- Reduzir a marinada
- Adicionar a marinada, os coentros picados e a hortelã aos camarões e mexer bem
- Colocar uma tortilha mexicana num prato fazer uma cama com a salada e colocar os camarões por cima. Juntar molho a gosto
- Enrolar a tortilha

sexta-feira, 27 de março de 2015

De que tamanho serão?

O meu filho mais velho, de 11 anos, chamou-nos às dez da noite porque... Tinha as unhas dos pés muito grandes... De que tamanho serão? Não aguento tanta curiosidade, mas vai ter de esperar por amanhã.

domingo, 15 de março de 2015

O Fim do Mundo - Parte II

Foi-me comentado que o meu texto anterior seria pessimista e redutor. Pois eu contesto essa avaliação e como evidência apresento o Estado Islâmico. Esta organização terrorista que pretende construir um califado tem demostrado alguma facilidade em recrutar novos elementos para as suas fileiras. E porquê? Como é que, mesmo após a exibição de imagens de uma bestialidade horrível, como as da degolação e decapitação de pessoas inocentes, continuam a ser eficazes nos seus esforços de recrutamento? A resposta está na simplicidade da sua mensagem. Quem é que eles recrutam? Como se viu no caso recente do ataque ao Charlie Ebdo, eles recrutam jovens que não compreendem o seu lugar na sociedade e que sentem desenraizados. Eles utilizam mecanismos psicológicos conhecidos e aproveitam-se das fragilidades das pessoas, oferecendo objectivos a quem não os tem. A mensagem é simples: nós sabemos que estás confuso, não sabes como lidar com as complexidades da vida nem qual é o teu lugar neste mundo. Pois bem, o teu lugar é ao nosso lado, a lutar contra os infiéis (os maus) e a defender Alá. É claro que um mínimo de sentido crítico levantaria imediatamente uma série de questões e facilmente desmontaria este discurso, mas a verdade é que quem é susceptível a este tipo de mensagem não está à procura da verdade, mas sim de uma escapatória. O que é que há de mais simples que a guerra? Os bons contra os maus? Os injustiçados contra os injustos?

A minha opinião é que chegámos a um ponto de viragem ou pelo menos de abrandamento nas sociedades democráticas. As pessoas começam a compreender que este regime também tem muitas fragilidades. É claro que noutros países poderão ter chegado a esta conclusão há muito tempo, mas Portugal tem uma democracia jovem. O que eu vejo, embora não possa ter a certeza de que seja uma perspectiva partilhada por outros, é que a democracia foi vendida aos aparelhos partidários que não passam de uma perspectiva de carreira muito promissora para quem sobe pela escadaria interna dessas instituições. As coisas evoluíram de tal maneira que quem chega às posições elegíveis não são aqueles que melhores condições têm e mais desejáveis são para governar o país mas sim os que melhor navegaram o labirinto das juventudes partidárias. Essas pessoas desenvolvem as competências ideais para um vigarista ou para um apunhalador de costas profissional, mas definitivamente não as necessárias para governar um país. O actual primeiro-ministro é o exemplo acabado disso. Desde jovem nas juventudes partidárias, detentor de um longo ainda que não invejável  percurso académico, apresenta um currículo profissional que consiste na passagem por uma ONG onde executou actividades que não consegue nomear para ser fulgurantemente admitido como administrador em empresas de Angelo Correia como se o seu passado profissional o justificasse. Na prática foi levado ao colo e figurativamente engordado para ocupar a posição que ocupa hoje.

Em face a isto, quem é que não precisa de simplicidade?

sábado, 14 de março de 2015

It's the end of the world as we know it

Estava a ver um episódio da segunda temporada da séria Revolution e caiu a moeda. As séries apocalípticas estão na moda:
- Perdidos - Um avião despenha-se numa ilha e os sobreviventes depressa chegam à conclusão de que a ilha não é só uma ilha. Uma mescla de ciência e mística condiciona as opções dos sobreviventes.
- Revolution - a criação acidental de uma inteligência de entidades de tamanho nanoscópico resulta no desligamento da electricidade a nível mundial. A electricidade deixa de existir e a consequência é o desmembramento da sociedade com o retorno a um modelo feudal/nova fronteira. Na prática os EUA regressam ao século XIX com uns toques de século XX mas limitados às roupas e ao armamento mecânico.
- Walking Dead - Um vírus converte cadáveres em zombies o que resulta no fim da civilização fazendo com que os poucos sobreviventes retrocedam à idade média: estabelecer uma comunidade é quase impossível e a vida limita-se a pouco mais que a capacidade de sobreviver, obrigando as poucos vivos a uma vida de caçadores-recolectores em constante migração. Os vivos têm de sobreviver não só aos zombies como aos restantes sobreviventes que abandonam as mais básicas regras de vida em sociedade para retrocederem até à pré-história: a tribo, a caça, um local seguro para pernoitar, sobrevivência.
- The Strain - um nosferatu, um drácula da vida resolveu fazer agora a sua ofensiva definitiva. O seu caixão é enviado para Manhatan num avião e depois deste aterrar todos os passageiros menos quatro aparecem mortos. Os mortos ressuscitam, mas o seu destino é o mesmo dos sobreviventes: transformarem-se em vampiros para conquistarem o mundo em nome do seu mestre. Começando logicamente por Manhatan, nos EUA, como todas as desgraças de jeito. É impressionante como não há porcaria de invasão extraterrestre ou praga zombie que não comece nos EUA.
- The Dome - uma misteriosa redoma invisível mas muito palpável isola uma vila americana do resto do mundo. É impossível entrar ou sair, apenas uma pequena quantidade de ar circula, mas mesmo esse é mínimo. Sem limites impostos pelo exterior o presidente da câmara põe as manguinhas de fora e toda e qualquer decência desaparece, precedida pelos abusos da autoridade e o ataque aos mais básicos direitos humanos. As facções definem-se e o confronto é inevitável.

Todas estas séries são uma variação do mesmo tema: o Apocalipse. Por que é que estas séries têm tanto sucesso? Eu acho que é porque a vida se complicou terrivelmente:

  • As crianças já não têm direito de o ser, a pressão para terem boas notas começa muito cedo e os pais sentem-se obrigados a estudar com os seus filhos desde muito cedo. Por exemplo a professora do meu filho de seis anos que anda no primeiro ano disse hoje na turma que eles podiam chumbar.
  • Já não existem empregos para a vida. Hoje em dia ser funcionário público já não é garantida nenhuma e muito menos trabalhar para uma empresa privada.
  • Aparecem novas profissões todos os dias e as profissões antigas estão a desaparecer.
  • A expectativa de que os nossos filhos venham a ter uma vida melhor que a nossa é cada vem menor. Muito pelo contrário parece quase garantido que terão um movimento descendente na escada social.
  • A especialização tanto pode ser uma bóia de salvação como um beco sem saída. Não é possível prever.
  • Os bancos vão à falência e entregar dinheiro ao balcão de um é o mesmo que jogar na roleta russa: não existe a garantia que o dinheiro não é colocado em aplicações financeiras contra as nossas instruções e não parece ser possível condenar que abusa desta maneira da confiança das pessoas.
  • A vida na cidade não permite que os mais novos cuidem dos mais velhos mas a confiança de que todos terão direito a Segurança Social é cada vez menor.
E mais exemplos haveriam, mas onde quero chegar é que as pessoas anseiam por simplicidade. E existem poucas coisas mais simples que a simplicidade da sobrevivência. Dia-a-dia procurar alimentos, abrigo, fugir do perigo, evitar as outras tribos, sobreviver...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Receita de molho de tomate

Para 2 pessoas.

Ingredientes
2 alhos franceses pequenos
1/2 lata de tomate pelado
3 dentes de alho
Azeite q.b.
Sal q.b
Vinagre balsâmico q.b.

Passos
1. Cortar o alho francês às rodelas
2. Pôr o azeite a aquecer
3. Refogar o alho francês
4. Juntar os dentes de alho e o tomate pelado partido aos pedaços
5. Temperar com sal e mexer
6. Deixar cozinhar um bocado
7. Juntar o vinagre balsâmico
8. Deixar cozinhar mais um bocado
9. Passar tudo com a varinha mágica

sábado, 17 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo e a Liberdade de Expressão

 O debate que se seguiu ao crime hediondo que ocorreu em Paris veio demonstrar que quando colocadas perante as Grandes Questões da Civilização, muitas pessoas deixam-se enredar num argumentário obtuso que resulta na desculpabilização dos criminosos e na tentativa de racionalização do irracional. A escolha é bastante clara: queremos manter os nossos ideais que incluem a Liberdade de Expressão, Igualdade entre os Sexos, a impossibilidade de perseguir por motivos de credo, raça e orientação sexual, o primado da Lei e a laicidade do Estado, entre outros, ou voltar aos tempos do Absolutismo em que a arbitrariedade e a injustiça reinavam? Quem é que julga que colocando limitações à Liberdade de Expressão para evitar ofender este ou aquele grupo não vai ter de ceder mais e mais nos outros princípios? Como foi discutido ontem no Governo Sombra, e seguramente noutros fora, é praticamente impossível dizer uma frase completa sem ofender pelo menos uma pessoa neste planeta. O tema da Liberdade de Expressão e dos seus limites já foi debatido em todas as suas vertentes até à exaustão e parece-me que todas as conclusões já foram tiradas previamente. A Liberdade de Expressão, e o seu corolário, a Liberdade de Imprensa, não podem ser limitadas porque as consequências dessas limitações para a Democracia não são aceitáveis. No tipo de sociedade em que vivemos, quem se sente ofendido tem o direito a procurar compensação em tribunal. O tribunal decidirá se houve ou não abuso da Liberdade de Expressão. Não se podem colocar limites à Liberdade de Expressão, seja por razões religiosas, políticas ou outras. Este é um princípio basilar de que não estou disposto a abdicar. Se for necessário estou disposto a pegar em armas para o defender, ainda que espero que o nosso Estado seja suficientemente robusto para que isso não seja necessário. Como diz o ponto 1 do artigo 37 da Constituição Portuguesa, "todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações".

Como exemplo do que está em causa não poderíamos arranjar melhor nem mais paradigmático do que a proibição de desenhar Maomé. Não quero entrar na discussão de se de facto Maomé pode ou não ser desenhado, o que parece que nem para os próprios muçulmanos é tão líquido como isso. A questão, bem mais fundamental e bem mais profunda, é a seguinte: podem membros de uma religião impor ao membros de outras e até aos agnósticos, os seus princípios e proibições? Penso que a resposta será clara para todos: NÃO! Se fosse possível aos muçulmanos impor à consciência e actos de crentes de outras religiões e a não crentes a proibição de algo tão básico como o de fazer um desenho, porquê parar por aí? Onde é que colocaríamos a linha vermelha do que não estaríamos dispostos a deixar de fazer mesmo que isso ofendesse os muçulmanos? E já agora, e todas as outras religiões? Não terão os hindus o direito de se sentirem ofendidos por nós comermos carne de um animal sagrado, ou seja, a vaca? Que outras proibições mirabolantes se seguiriam para evitar ofender as delicadas sensibilidades dos seguidores das centenas de religiões que são hoje seguidas neste planeta? Vamos deixar de cantar e dançar porque os muçulmanos fanáticos acham que isso não é permitido? Vamos proibir o acesso das mulheres à educação porque os talibãs se sentem ofendidos? Vamos apedrejar as mulheres que forem violadas pelo crime de adultério? Vamos excomungar quem comer bivalves, o que o Leviticus 11:10 considera uma abominação? Etc.

Parece-me que a resposta deve ser clara. Aqui, em França e noutros países as sociedades evoluíram para se tornarem mais abertas, tolerantes, igualitárias e "tendencialmente" laicas. Como tal não pode haver cedências naqueles que são os princípios básicos da Civilização Ocidental. Desenhar Maomé pode ser visto como uma ofensa? Lamentamos muito, mas cá no burgo isso não é proibido. Quem se sentir ofendido é livre de apresentar os seus argumentos em tribunal e procurar a devida compensação.

Finalmente, a sátira, não só não deve ser proibida, como não deve sequer ser limitada. A sátira tem um papel essencial para a Democracia. Na suas formas escrita, oral e desenhada serve para pôr a nu as incoerências e hipocrisias da Sociedade e dos seus actores principais e funciona como uma das formas de escrutínio da Democracia e das suas instituições. Portanto, não, não podem haver limites à Liberdade de Expressão e sim, pode-se gozar com as crenças e as práticas religiosas, políticas e sexuais de todos, sejam eles muçulmanos ou de outra religião qualquer.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Confusão aromática

Ontem entrei na cozinha e um odor despertou-me uma memória do passado. Há muitos, muitos anos, depois de uma valente foda, fui a um restaurante de comida rápida comer um hambúrguer. Era uma esplanada na Praça da figueira, não faço ideia se ainda existe. Para grande surpresa minha, o hambúrguer sabia a cona. Na realidade o hambúrguer saberia a hambúrguer, só que o forte odor a cona que provinha das minhas mãos sobrepunha-se ao sabor original. Porventura não terei lavado bem as mãos, ou não as terei lavado de todo. Não consigo precisar. A experiência não foi má, apenas curiosa. Era quase como se estivesse numa trip em que os sentidos tinham sido trocados. A propósito de odores, fico na dúvida se "odor a cona" será uma caracterização correcta. Cheira a cona ou a sexo? Serão os odores dos lubrificantes masculino e feminino, do suor e do esperma todos combinados que resultam naquele buquê? Ou os fluidos vaginais sobrepõe-se a tudo? São questões que me atormentam, tenho de esclarecer isto da próxima vez. No seguimento dessa memória surgiu-me outra questão. Tendo em conta o efeito aromático que os espargos têm na urina, será que alteram também o odor feminino? Seria curioso estar a fazer cunilingus e sentir aquele característico odor a espargos. Podia ser uma oportunidade de negócio. Alimentos que alteram os odores do sexo. Já li num sítio qualquer que o ananás altera o sabor do esperma. E lembro-me de, há ainda mais anos atrás, penso que teria eu uns 15 anos, ter descoberto debaixo da cama de um tio um filão imenso de Playboys, Penthouses e outras que tais. Numa Playboy, nas cartas dos leitores, um fã da revista descrevia como tinha descoberto que uma dieta vegetariana tornava as vaginas mais doces. Essa carta ficou-me gravada na memória de tal maneira que me recordo da frase final: "so girls, if you want to taste sweet, stay off the meat".

domingo, 4 de janeiro de 2015

Gin - a bebida da moda

Nesta passagem de ano um dos convidados trouxe gin de duas marcas diferentes para fazer cocktails para os restantes convivas. Veio munido de um conjunto completo de utensílios de barman, de ingredientes para preparar os cocktails, uma garrafa de gin Bulldog e outra de outra marca que me escapou e finalmente água tónica da marca Nordic que, segundo nos explicou, era muito mais cara do que a Schweppes. Entre os ingredientes contavam-se pimenta rosa, cardamomo, sementes de anis, papaia, toranja e lima. É possível que houvessem mais ingredientes, mas não os fixei. Preparou três cocktails diferentes, embora eu só tenha bebido dois. O terceiro limitei-me a experimentar de outra pessoa porque à hora que era já não me apeteciam bebidas frias. Foi muito bom ter tido este contacto com os cocktails da moda a preços reduzidos (os custos foram divididos por todos, mas não incluíram o salário do barman) porque me permitiu confirmar uma suspeita que tinha desde que a indústria da animação nocturna decidiu eleger o Gin como bebida da moda e veículo para incrementar  as receitas: as bebidas alcóolicas não sabem melhor só porque as passam a vender mais caras, ou porque as vendem em garrafas mais bonitas ou ainda porque enchem os copos em que são servidas com coisas coloridas. A única razão que vejo para cobrarem mais dinheiro por aqueles cocktails é o trabalhão que dá ao empregado de bar encher o copo de coisas que não têm outro efeito que não seja mudar a apresentação do velho e estafado gin tónico. O primeiro e o terceiro cocktails, apesar de num boiarem uma casca de lima e uma rodela de toranja e no outro uma espiral de papaia e possivelmente pimenta rosa, a verdade é que em termos de sabor não passavam de gins tónicos vestidos com uns trapinhos diferentes. Sabiam exactamente ao mesmo que os gins tónicos com a velhinha Schweppes que eu bebia há vinte anos atrás. O segundo cocktail já era melhorzito. Incluía anis que lhe dava um sabor adocicado diferente do tradicional Gin tónico.

Admitamos, a febre do gin não passa de um chamariz para simplórios que acham que a vida deles melhora consideravelmente se forem vistos com uma bebida que possa ser identificada rapidamente como sendo "da moda". A moda do gin é ideal para aquelas pessoas que usam o facebook para convencer os seus conhecidos de que têm a vida perfeita. São as pessoas que valorizam mais a forma que o conteúdo.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Mais de 20 anos para aprender a fazer um bife

Acho que comecei a aprender a cozinhar há uns 24 anos. E ainda não sei nada, claro. Mas acho que já posso dizer que, pelo menos bifes, sei fazer. Parece que hoje em dia quem queira aprender a cozinhar alguma coisa em específico só precisa mesmo de uma televisão ou ligação à internet e um pouco de perseverança. Aprendi a fazer bifes num programa especial sobre carne. É muito simples:
- colocar a frigideira vazia ao lume. Os bifes só se põem ao lume um minuto antes da frigideira derreter;
- besuntar os bifes com azeite, temperar com alho em pó e sal. Normalmente faço isto só num dos lados e repito o processo no outro lado já na frigideira;
- quando a frigideira estiver quase a rebentar colocam-se os bifes. Não, não se põe gordura na frigideira e sim, põe-se o lado temperado para baixo;
- temperar a parte de cima do bife tendo o cuidado de não aplicar tanto azeite que escorra para a frigideira. Eu deito só um pouco e esfrego como dedo. A parte de cima do bife ainda não está quente, não queima;
- com a frigideira tão quente o bife vai tostar por fora mas se a coisa for bem controlada não fica seco por dentro;
- controlar a cor do bife do lado que está a fritar. Virar quando parecer bem tostado. Se o bife largar sangue, este vai ter tendência a agregar-se. Costumo apanhar essa massa e ponho em cima do bife para não se queimar. Mais tarde pode-se juntar ao molho;
- virar o bife. Agora é que ainda preciso de aperfeiçoar a técnica: com os sucos libertados pelo bife a temperatura de frigideira baixou e já não consigo a mesma qualidade de fritura. Agora é também a altura em que é preciso começar a controlar a cozedura, caso contrário o bife duro independentemente da qualidade da carne;
- quando o bife estiver no ponto pretendido, passar para os bifes para um prato. Está na altura de fazer o molho. Aqui, infelizmente, não tenho muito para dizer. Possivelmente preciso de mais alguns anos para perceber como é que se fazem molhos decentes para bifes. O que eu costumo fazer é juntar azeite e margarina à frigideira vazia, deixar derreter a margarina e juntar um pouco de vinho branco. Picam-se uns dois dentes de alho e junta-se ao molho. O alho não precisa de fritar, só de  amolecer.

Curiosamente, constatei hoje que isto de não saber fazer molhos é uma ignorância que partilho com a Knorr. Posso afirmar com propriedade que os cubos de molho cervejeira desta marca são uma trampa.




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Asteróides, venham eles!

Neste artigo da BBC é brevemente apresentada a questão da mineração dos asteróides no espaço. Aparentemente existe legislação de 1966 das Nações Unidas que impide a exploração comercial de qualquer corpo celestial. Na minha opinião existem duas situações claramente diferentes: de um lado a Lua e alguns planetas/luas que poderão conter vida, como é o caso de Europa, uma das luas de Júpiter, do outro lado todos os asteróides. Os corpos celestes do primeiro grupo devem ter toda a protecção possível e imaginária contra a exploração comercial. A Lua é demasiado importante para toda a Terra para que alguém se possa arrogar o direito de a explorar comercialmente. Quando a Europa, se existe a possibilidade de albergar vida no oceano protegido pela superfície gelada então a Humanidade não pode correr o risco de destruir essa possibilidade por questões comerciais. Já quanto aos restantes objectos do sistema solar a questão é bem diferente. Não vejo que faça sentido ou que exista legitimidade para impedir a exploração comercial destes objectos que são riquíssimos em água, minerais e metais. Mais do que isso, acho que é do interesse do planeta que essa exploração comece tão cedo quanto possível. Em primeiro lugar porque isso reduzirá a pressão sobre os recursos da Terra. Em segundo lugar porque é do interesse de todos que se comecem a identificar e a por em prática formas de controlar asteróides e cometas que representam um perigo para a Humanidade.

sábado, 21 de junho de 2014

A razão pela qual o porco está na gaiola

Tenho um porquinho da Índia como animal de estimação. Os miúdos é que o quiseram mas o bicho é meu e da minha mulher. Mais meu que da minha o mulher uma vez que na realidade sou eu que faço quase tudo. Enfim.

Até hoje o bicho tem estado sempre à solta, mas passou das marcas e fechei-o da gaiola. Tão cedo não sai de lá. Já por várias vezes que o tinha avisado de que não podía cagar fora da gaiola e normalmente até se portava bem. Mas hoje encontrei umas 30 caganitas debaixo de uma mesa da cozinha e depois de tanto o avisar achei que já chegava. E dizem vocês, "Ai, oh Paulo, mas coitadinho do bicho, não vês que ele não percebe?". E então, o que é que querem que eu faça? Se o bicho não aprende não pode estar cá fora, é tão simples como isso. Imaginem que eu tinha um tigre de Bengala e deixava-o andar à solta pela casa. A primeira visita que ele comesse, pronto, dava-se um desconto, podía ter sido acidente. Da segunda vez, enfim, estaría na brincadeira, ter-se-á entusiasmado.  Mas à terceira tinha mesmo de ir para a gaiola. É porque depois dá imenso trabalho convencer a polícia de que o bicho não fez por mal, que foi só na brincadeira. Depois as pessoas começam a não querer aparecer cá por casa. É só chatices.

sábado, 8 de março de 2014

A Prescrição volta a atacar

Jardim Gonçalves viu reduzidas a metade as coimas a que tinha sido condenado pelo Banco de Portugal (BdP) e anulada a proibição de ter actividade profissional na banca por 9 anos. Mais uma vez, através do mecanismo da prescrição, um caso de crime económico fica por julgar em Portugal. Num caso em que existe um milhão de euros em coimas em jogo, quando há prescrição não há consequências para ninguém? Quem é que estava a dormir? Ou será que é o mecanismo que está errado? Uma coisa é certa, Jardim Gonçalves sacode o problema dos ombros, pode voltar às falcatruas e ainda pode fazer de vítima por não lhe ter sido dada a oportunidade de provar a sua inocência. A prescrição é o Euromilhões dos corruptos.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Pimenta no rabo dos outros...

Eu e a minha mulher estivemos hoje a recordar com prazer uma das cenas mais hilariantes a que já assistimos na nossa vida. Até estou espantado por nunca ter escrito sobre esse acontecimento, mas a verdade é que não encontrei nenhum texto neste blogue sobre este assunto.

Bom, então há muitos, muitos anos, quando ainda não tínhamos filhos, fomos fazer uma Passagem de Ano em Nelas, Concelho de Viseu, a casa de um amigo/colega da minha mulher. Na realidade, o dono da casa não era do nosso círculo de amigos mais próximos, mas outros amigos em comum eram. Dentro desses amigos há um casal em que são ambos um pouco peculiares, muito em particular, ele que é uma pessoa muito pouco característica. Pela sua postura perante a vida, pelos seus gostos e passatempos, pelo seu percurso de vida, etc. É um tipo um pouco excessivo numa série de coisas, entre as quais a comida. É um gajo porreiro mas um bocado inútil em casa. Tanto quanto sei, em casa só ocupa espaço. Não ajuda a mulher em nada e recusa-se a tirar a carta pelo que tudo o que implica deslocações obriga a mulher a ir. Idas ao médico, ir levar e buscar as miúdas à escola, ir às compras, etc, ou vai sozinha, ou tem de o levar a ele. Uma coisa é certa, aquele carro sem ela não se mexe. E é um tipo fino. De manhã vai de carro com a mulher para Lisboa, ela deixa-o num sítio qualquer e o rapaz daí para o trabalho só mesmo de táxi. Transportes públicos não são para ele. Ao fim do dia há mais táxi. Bom, é lá com eles. À parte estes pormenores é um tipo porreiro e é interessante conversar com ele porque é culto e tem coisas divertidas para contar.

Regressando a Nelas, num dos dias fomos almoçar fora. Cada um comeu a sua coisa, e ele pediu uma posta mirandesa, ou um bife, não sei. A verdade é que, como é um tipo um bocado exagerado, cortou um naco de um tamanho absurdo e foi mesmo assim para dentro da boca. Andou com a carne às voltas dentro da boca durante um bocado, mas ao fim de um pouco tornou-se evidente que não era possível mastigar aquilo. Como dava um bocado mau aspecto cuspir a carne para o prato e a situação estava a tornar-se incomportável, o meu amigo tentou empurrar o naco para baixo com vinho tinto. Entretanto já toda a gente se tinha apercebido de que a coisa estava complicada. Foi por isso que toda a gente o viu a levantar-se da mesa com ar atrapalhado enquanto o vinho voltava pelo mesmo caminho por onde tinha entrado uma vez que, tal era o tamanho do pedaço de carne que tinha entupido completamente a canalização. Nesta altura já se lhe via pânico nos olhos. E foi com um ruído curioso que um pedaço de carne de grandes dimensões lhe voou directamente da garganta para cima da mesa. A mulher dele estava nervosíssima a mandar vir com ele e o dono da casa onde passámos o Ano encolhia-se contra as costas da cadeira o mais que podia com um ar enojado, tentando aumentar a distância entre si e aquele pedaço mal-tratado de carne. Um dos empregados aproximou-se rapidamente para compor a mesa e a cena terminou com o meu amigo a apanhar o pedaço de carne com o guardanapo e a entregá-lo ao empregado - "Olhe, já agora leve também isto".

Com toda aquela alarvidade, a mim já me doía a barriga de tanto rir...

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