domingo, 15 de março de 2015

O Fim do Mundo - Parte II

Foi-me comentado que o meu texto anterior seria pessimista e redutor. Pois eu contesto essa avaliação e como evidência apresento o Estado Islâmico. Esta organização terrorista que pretende construir um califado tem demostrado alguma facilidade em recrutar novos elementos para as suas fileiras. E porquê? Como é que, mesmo após a exibição de imagens de uma bestialidade horrível, como as da degolação e decapitação de pessoas inocentes, continuam a ser eficazes nos seus esforços de recrutamento? A resposta está na simplicidade da sua mensagem. Quem é que eles recrutam? Como se viu no caso recente do ataque ao Charlie Ebdo, eles recrutam jovens que não compreendem o seu lugar na sociedade e que sentem desenraizados. Eles utilizam mecanismos psicológicos conhecidos e aproveitam-se das fragilidades das pessoas, oferecendo objectivos a quem não os tem. A mensagem é simples: nós sabemos que estás confuso, não sabes como lidar com as complexidades da vida nem qual é o teu lugar neste mundo. Pois bem, o teu lugar é ao nosso lado, a lutar contra os infiéis (os maus) e a defender Alá. É claro que um mínimo de sentido crítico levantaria imediatamente uma série de questões e facilmente desmontaria este discurso, mas a verdade é que quem é susceptível a este tipo de mensagem não está à procura da verdade, mas sim de uma escapatória. O que é que há de mais simples que a guerra? Os bons contra os maus? Os injustiçados contra os injustos?

A minha opinião é que chegámos a um ponto de viragem ou pelo menos de abrandamento nas sociedades democráticas. As pessoas começam a compreender que este regime também tem muitas fragilidades. É claro que noutros países poderão ter chegado a esta conclusão há muito tempo, mas Portugal tem uma democracia jovem. O que eu vejo, embora não possa ter a certeza de que seja uma perspectiva partilhada por outros, é que a democracia foi vendida aos aparelhos partidários que não passam de uma perspectiva de carreira muito promissora para quem sobe pela escadaria interna dessas instituições. As coisas evoluíram de tal maneira que quem chega às posições elegíveis não são aqueles que melhores condições têm e mais desejáveis são para governar o país mas sim os que melhor navegaram o labirinto das juventudes partidárias. Essas pessoas desenvolvem as competências ideais para um vigarista ou para um apunhalador de costas profissional, mas definitivamente não as necessárias para governar um país. O actual primeiro-ministro é o exemplo acabado disso. Desde jovem nas juventudes partidárias, detentor de um longo ainda que não invejável  percurso académico, apresenta um currículo profissional que consiste na passagem por uma ONG onde executou actividades que não consegue nomear para ser fulgurantemente admitido como administrador em empresas de Angelo Correia como se o seu passado profissional o justificasse. Na prática foi levado ao colo e figurativamente engordado para ocupar a posição que ocupa hoje.

Em face a isto, quem é que não precisa de simplicidade?

Sem comentários:

Seguidores