quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Cabeçalho desonesto

O DN noticia a morte de um jovem esmagado por um comboio na estação de Belém, após ter sido empurrado por um indivíduo com perturbações mentais. Este mesmo indivíduo já teria empurrado uma mulher para a linha do comboio no início do mês. Felizmente dessa vez a mulher terá sido empurrada numa altura em que não circulava nenhum comboio pelo que sofreu apenas de escoriações. No entanto, e após o indivíduo ter sido detido pela PSP, recusou-se a prestar queixa pelo que a PSP não pôde fazer mais que libertar o agressor. Dias mais tarde este homem acaba por repetir a agressão, infelizmente com consequências fatais. Quer-me parecer que a única pessoa que poderia ter evitado este desfecho teria sido a vítima inicial, que devia ter apresentado queixa. Mas qual seria a pena por uma simples agressão? Será que teria mesmo evitado que esta pessoa com perturbações voltasse a repetir o ataque? É claro que agora, após o facto consumado, é fácil dizer que "se isto" e "se aquilo", "então...". Mas a verdade é que tudo isso são conjecturas. Só espero que este caso não seja incorporado na lista de queixas contra as autoridades policiais que neste caso claramente não podiam ter feito mais e nem podia saber que esta desgraça ia acontecer. E mesmo que desconfiasse o que é que podiam fazer?

No entanto, e apesar de a mulher que foi inicialmente empurrada não pudesse ela própria adivinhar o que se iria passar, tenho alguma curiosidade em saber como é que ela pensará neste assunto. Será que se sente de alguma forma culpada? Parece-me que este tipo de situação acontece muitas vezes. As pessoas que são assaltadas ou agredidas e não participam à polícia, terão noção de que não fazer nada é uma forma de influenciar o futuro?

DN Online: Morte de jovem em Belém podia ter sido evitada

3 comentários:

Personalidade Bloguinho Portuga disse...

E será que se voltasse a ser agredida ou assaltada apresentaria queixa?

Personalidade Bloguinho Portuga disse...

Mas podes acusar alguém de tentativa de homicídio se não houver perigo de morte? Ou seja, não havendo nenhum comboio em circulação no momento é difícil provar intenção de matar.

Em relação ao "desculpar", apesar de estar entre aspas, não foi bem isso que aconteceu. Pelo que diz na notícia a senhora estava muito transtornada, pelo que talvez se possa alegar um tipo de insanidade temporária. Mas a não apresentação de queixa para mim indicia mais vistas curtas e burrice do que propriamente loucura. Basta ver que se o homem a empurrou uma vez e não sofreu consequências a poderia empurrar a ela própria novamente. Nem que fosse por um instinto egoísta de auto-defesa ela devia ter apresentado queixa. Mas as pessoas nem sempre conseguem agir da maneira mais racional.

Personalidade Bloguinho Portuga disse...

Sem tentar rebater os teus argumentos colocava apenas uma questão. A tentativa de homicídio não é um crime público? Ou seja, depende da queixa do ofendido ou basta haver conhecimento da mesma para que o Ministério Público possa acusar o suspeito?

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