terça-feira, 17 de janeiro de 2006

BBC NEWS | Americas | Elderly US killer is put to death

BBC NEWS | Americas | Elderly US killer is put to death

Mais um condenado à morte nos EUA que acaba por ver a pena executada... bem, neste caso o senhor era cego, por isso não viu grande coisa. O que eu acho curioso nesta notícia é que um dos fundamentos para os pedidos de clemência foi que o senhor, que por acaso era um homicida e mandante de homicídios, era cego, doente e vivia numa cadeira de rodas. Ainda que eu seja contra a pena de morte, não vejo que estes argumentos ajudem muito ao pedido de clemência para Clarence Ray Allen. Quando muito seriam argumentos a favor da execução, visto adicionarem à punição uma caracter de misericórdia. Se quisessem prolongar o seu sofrimento então sim, deviam mantê-lo vivo e deixá-lo cumprir o resto da pena de prisão perpétua no corredor da morte.

Os defensores da pena de morte consideram-na como a aplicação da justiça, mas será mesmo? Toda a gente morre, e com a evolução dos conceitos de humanidade e defesa dos direitos humanos, as formas de execução são cada vez menos crueis, procurando-se sempre garantir que os executados não sofrem. Todos os dias pessoas que nunca fizeram mal a uma mosca morrem em sofrimento e mais tarde ou mais cedo todos morremos. Por isso a pena de morte como factor de punição parece-me um pouco inútil. No fundo é apenas antecipar aquilo a que ninguém pode escapar.

A verdadeira punição é a prisão, especialmente no caso da prisão perpétua. É uma pessoa ver-se despojada da sua liberdade e concretizar que nunca mais vai ver outra coisa que não sejam aqueles muros, aquela cela. Conheço quem por motivos profissionais tenha de visitar instituições profissionais e quando de lá saiem vêm com o dia estragado. O ambiente de uma prisão é descrito como algo opressivo, agressivo, escuro, degradante. Mesmo para alguém que só lá vai estar umas horas.

É claro que não consigo pôr-me na pele de um homicida de 76 anos, cego e doente. Mas com algum esforço acho que se pode afirmar com alguma segurança que se estivesse nessas condições e a alternativa à pena de morte fosse a prisão perpétua, muito proavelmente encararia a perspectiva da minha execução com algum alívio.

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