segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

O ambiente ideal para constipações

Estou constipado. Pronto, ok, não só não é uma notícia assim muito interessante como também não é propriamente uma condição que me seja exclusiva. Mas eu sou um gajo que gosta de pensar nas coisas e tudo é pretexto para divagar um pouco. Quando se está constipado surgem uma série de problemas. Um deles é o número de vezes que temos de nos assoar. O assoar é incómodo devido a uma série de aspectos inerentes ao acto. No meu caso faz barulho. Muito. A mim não me incomoda, mas quer-me parecer que os meus colegas de trabalho não gostam muito da minha técnica. Mas esse nem é um dos pontos que gostaria de melhorar. As coisas chatas de termos de nos assoar são a gestão dos lenços e as feridas no nariz. As feridas no nariz são óbvias, a gestão dos lenços está relacionada com o facto de que o lenço vai ficando cada vez mais molhado. Daí advêm uma série de consequências desagradaveis:
  • é desagradável pegar no lenço

  • é desagradável assoarmo-nos no lenço molhado

  • é desagradável pôr o lenço molhado no bolso


Quando a constipação dá origem a expectoração a gravidade dos problemas aumenta consideravelmente. É a que a melhor solução para o problema da expectoração é mesmo tossir e em seguida cuspir. No entanto, por alguma razão que não consigo entender, o acto de cuspir já não é socialmente bem visto. No Oeste Americano tinham aquela excelente solução dos escarradores. Ok, talvez não fosse muito higiénica, mas os fulanos estavam no saloon e quando precisavam tinham onde cuspir. Imagino que nem sempre acertassem, mas pelo menos deveria haver um raio à volta do escarrador para onde seria aceitável cuspir. Quando estavam na rua cuspiam em qualquer direcção. É muito ecológico porque a expectoração é biodegradável. Mas já estou a divagar, onde eu quero chegar é que no velho Oeste as tosses deviam curar-se muito mais rapidamente. Nos dias civilizados de hoje sou obrigado a tossir e engolir, o que se não estou errado é o mesmo que não ter tossido. A expectoração volta a instalar-se confortavelmente na traqueia (ou é na laringe?) e fica tudo na mesma. Portanto, devido às questionáveis convenções sociais dos dias de hoje, as constipações levam muito mais tempo a curar-se.

Em seguida vem o problema da cura e das recaídas. Qualquer porcaria de corrente de ar faz o processo de cura regredir. Passa-se o Inverno todo constipado. Ou pior, com dores de garganta, mas isso é outra maleita de que não vou falar agora. O ideal era que pudéssemos ficar num ambiente em que o ar fosse muito renovado mas ao mesmo tempo mantido a uma temperatura constante

Pois bem, estive a pensar e acho que a solução ideal é a instalação de duches nos locais de trabalho. Estes duches deviam ser daqueles de cabina fechada aos quais fosse adicionado um sistema de circulação de ar de baixo fluxo. Esta solução tinha várias vantagens. A primeira é que eu gosto de duches longos e assim podia estar o dia todo no duche. Mas há mais. Com uma boa caldeira a água do duche estaria sempre à mesma temperatura. Por outro lado, a humidade no ar ajudaria à libertação da expectoração mas com a vantagem extrema de que como estávamos sozinhos (em princípio) poderíamos cuspir para o chão à vontade. A água levava tudo. Para ajudar à recuperação rápida podiam ser acrescentados vapores de eucalipto. Havia ainda a vantagem de os colegas de trabalho não se infectarem uns aos outros, uma vez que o ar era renovado a partir do exterior. O primeiro problema que apontei, das assoadelas, também ficava resolvido porque deixava de ser preciso lenço. Uma pessoa assoava-se com os dedos e pronto. Não havia lenços molhados nem feridas no nariz.

Pela minha parte só vejo vantagens nesta solução, só precisava de rato, teclado e ecrã à prova de água e o ecrã não podia embaciar.

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