sexta-feira, 31 de março de 2006

A Partilha de Ficheiros e a Utilização Razoável

Em 1984, a Universal Studios processou a Sony Corp. num caso que foi posteriormente designado como "Betamax case". Segundo os Universal Studios, o Betamax, o sistema de leitura de vídeo para uso caseiro criado pela Sony, podia ser utilizado para desrespeitar os direitos de cópia por parte dos seus utilizadores. Como tal, a Sony era responsável por essas acções e devia ser penalizada por isso. O Supremo Tribunal dos EUA decidiu contra a Universal, tomando uma posição considerada histórica, em que considerou que a gravação de programas de televisão completos para poder vê-los noutro horário não constituía uma violação dos direitos de cópia considerando-a antes como uma utilização razoável (fair use).

Ao recordar este processo e pensando na actual prática de partilha de ficheiros pela net, ocorreu-me uma dúvida. Não ponho em causa que descarregar da net um filme que eu nunca comprei seja uma violação do direito de cópia. Mas será que não existem outras situações em que a mesma prática não represente uma violação? O exemplo que me ocorre é o seguinte: como se sabe, a excelente série "Perdidos" ("Lost") está actualmente a ser transmitida pela RTP. Recebendo eu a RTP em casa, tenho todo o direito a gravar os episódios da série para visualizá-los numa altura que me convenha. A questão que eu ponho é a seguinte: eu não gravei os episódios, mas podia tê-lo feito. Ao abrigo do princípio de que posso ver noutra altura algo que foi transmitido num canal a que tenho acesso, parece-me que posso tirar como corolário que se eu não tiver gravado o episódio, continuo a poder vê-lo noutro horário que me convenha. Logo não será legítimo eu descarregar esse episódio a partir da net, como substituto de algo que podia estar gravado numa cassete em minha casa mas que não está apenas por acaso?

O Criminoso Descalço

Está em investigação um sistema de comparação automática de rastos de sapatos com sapatos recolhidos como prova. A ideia é que este sistema que deve funcionar de forma o mais automática possível seja capaz de associar os sapatos de um suspeito às marcas deixadas no local do crime.

Agora só falta criminalizar a destruição de sapatos, caso contrário todos os criminosos passarão a destruir os seus sapatos após um "trabalho". Ou talvez a indústria do calçado descartável venha a aumentar.

BBC NEWS | Technology | Shoeprint analysis to fight crime: "Shoeprint analysis to fight crime
By Mark Ward
Technology correspondent, BBC News website

The system could help the work of crime scene investigators
Researchers in the UK are working on a computer system that aims to make shoeprints at crime scenes as useful as fingerprints and DNA."

segunda-feira, 27 de março de 2006

Não há cá conversões!!!

Aparentemente, segundo o sistema legal afegão que é baseado na Sharia, um gajo que tenha nascido(?) islamita não tem o direito a mudar de ideias. Um tal de Abdul Rahman decidiu há 16 anos que a religião cristã (uma delas, não sei qual) fazia mais sentido para ele, e hoje está a chegar à conclusão de que se calhar devia ter pensado mais tempo no assunto. Mas lá cometeu esse erro e agora está a ser julgado por ter renunciado ao Islão. A pena como seria de esperar é a morte, o que para a nossa maneira de pensar talvez seja um pouco exagerado, mas lá para aqueles lados é obviamente a medida certa a tomar.

Mas não se pense que aquela gente é desprovida de compaixão. Nada disso. Se o homem se arrepender e abraçar de novo aquela religião tolerante e bondosa será perdoado. Nas palavras do juiz Ansarullah Mawlafizada

"Islam is a religion of peace, tolerance, kindness and integrity. That is why we have told him if he regrets what he did, then we will forgive him,"

Até me vêm as lágrimas aos olhos com tanta bondade junta.

BBC NEWS | South Asia | Afghans protest against convert: "Afghans protest against convert
Afghans attending Friday prayers in Kabul
Many Afghans are not happy with the decision to dismiss the case
Several hundred people have protested in northern Afghanistan against a decision to dismiss a case against a man who converted to Christianity."

terça-feira, 21 de março de 2006

Adeus cadeirinhas

Estavam todos nervosos, era o primeiro dia de snowboard da época. A ressaca de meses sem pôr os pés numa prancha era tal que a perspectiva de começar a descer a montanha dentro de 15 minutos lhes dava nervoso miudinho. As conversas sobre o estado da neve e quedas ridículas que tinham dado em férias anteriores tinham acabado após o primeiro vislumbre dos novos meios mecânicos que os levariam ao topo da montanha. Aliás, os novos meios mecânicos eram eles próprios razão para algum nervosismo. Eram novidade absoluta a nível mundial e prometiam revolucionar a prática dos desportos de neve e a própria paisagem. Esta estância estava a levar a cabo um teste piloto. Se os resultados fossem de acordo com o esperado seria o fim das telecabinas e cadeirinhas suspensas em cabos. Estes novos meios mecânicos eram pequenos helicópteros não tripulados com capacidade para 8 pessoas. Levavam os esquiadores ao topo da montanha num terço do tempo das telecabinas mais rápidas e eram controlados por um sistema computorizado instalado numa torre de controlo. Ao contrário das telecabinas e cadeirinhas não era necessário entrar ou sair com o veículo em movimento. Os utentes faziam fila junto a um conjunto de portas pertencentes ao terminal que abriam em simultâneo com as portas das cabinas. Após a entrada de um máximo de oito utentes os dois conjuntos de portas fechavam-se e a cabina era elevada até encaixar na carcaça do helicóptero que a esperava no topo do terminal.

Esta carcaça era composta por um nariz necessário para efeitos de aerodinâmica e para alojar os componentes electrónicos, pelo rotor principal e por uma cauda com um pequeno rotor estabilizador.

Após confirmação electrónica de que a cabine estava bem encaixada, o conjunto levantava voo rapidamente. Enquanto esperavam pela cabina uma mangueira enchia o depósito de metanol que seria utilizado pelas células de combustível para gerar a electricidade necessária ao motor do aparelho. Estes pequenos helicópteros eléctricos eram consideravelmente mais silenciosos que os antigos helicópteros de turbina. Eram também perfeitamente não poluentes, emitindo apenas água como resultado da produção de electricidade.

À chegada o helicóptero aterrava automaticamente e a cabine descia de novo abrindo as portas do lado oposto para a saída dos esquiadores. Com estes novos meios mecânicos ganhavam os utilizadores que perdiam menos tempo a chegar ao topo e ganhava a paisagem uma vez que desapareceriam os postes, cabos e cabines suspensas.

How fuel cells work

segunda-feira, 13 de março de 2006

Os árabes é que as sabem fazer

As calças. Olhando para aquelas túnicas árabes que incluem umas calças que se juntam perto dos joelhos em vez de se juntarem nas virilhas, percebe-se facilmente que aquilo é que são calças confortáveis. Ultimamente as minhas calças estilo europeu têm-me apertado os tomates quando estou sentado, que é a maior parte do dia. É um bocado desconfortável. Para contrariar isto ainda tentei há cerca de um ano deixar de usar slips para passar a usar boxers, mas sem resultado. Continuo com os tomates apertados. Isto tem dois inconvenientes. Um é directo, ter os tomates apertados é desconfortável por si só. O outro é indirecto, os tomates apertados têm tendência a ficar mais quentes, o que também é desconfortável, mas tem ainda a agravante de supostamente prejudicar a contagem de espermatozóides... mas vendo bem, no meu caso que não quero fazer mais crianças nos próximos tempos, é capaz de não ser um inconveniente... a não ser que me apeteça entrar num concurso de contagem de espermatozóides como vi recentemente naquele programa da MTV, o Jackass... nah, acho que não há perigo.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Podemos contar sempre com ele

Sempre que estivermos aborrecidos podemos contar com o Berlusconi, o político mais descaradamente corrupto e manipulador da Europa, para nos dar algo com que nos entretermos.
Já se está a preparar outro processo por corrupção contra o Primeiro Ministro de Itália. Mas sendo o homem tão comprovadamente resistente a processos por corrupção e não tendo o mínimo pejo em fazer passar leis específicas para as suas necessidades, é bem provável que este processo venha a ter o mesmo destino que os outros.

BBC NEWS | Europe | Italy bid for PM corruption trial

quinta-feira, 9 de março de 2006

Isto ainda vai dar merda

Historicamente a situação entre a China e o Japão nunca foi muito confortável. Especialmente depois de o Japão ter invadido a China durante a II Guerra Mundial. Parece que os chineses levaram a mal uma série de coisas, certamente sem importância, que os japoneses fizeram por lá. E o simples facto de ver o seu país invadido tem a tendência para deixar as pessoas mal-dispostas. Seja como for, a II Guerra Mundial já foi há uns tempos, por isso era de esperar que já fossem todos amigos. Mas não, nada disso. Nisto de invasões e crimes de guerra, as coisas tendem a ficar na memória, mesmo de quem ainda não era nascido na altura.

E como tal, nos últimos tempos os dois países têm trocado picardias que têm subido de tom, embora ainda se mantenham no nível "tu és mau e se continuas a ser mau deixo de falar contigo", não tendo ainda chegado ao ponto do "se te oiço dizer mais uma ???aladoarda???? dessas vou aí parto-te a tromba toda e mato o teu cão". Felizmente, porque a China entreteve-se desde o fim da II Grande Guerra a construir um bonito arsenal, cheio de aviões, barcos, e equipamento diverso que inclui armas atómicas de belo efeito. E o Japão tem uma coisa a que chamaram Forças Japonesas de Auto-Defesa que foi o que se conseguiu arranjar depois de os EUA ter invadido. Esta força de defesa tem a particularidade de estar proibida pela Constituição de fazer guerra contra outros países. O que pode ser aborrecido em determinadas situações. No entanto, existe uma outra coisa que sempre transmite uma certa sensação de conforto que é um acordo entre o Japão e os EUA e que se chama algo como Tratado de Cooperação e Segurança Mútuas e que basicamente diz que se alguém bater no Japão este vai chamar os EUA. O contrário não é verdade por causa daquele artigo curioso da Constituição e que eu já referi. E ainda bem para o Japão, caso contrário não faziam outra coisa que não andar a correr atrás das forças dos EUA.

Mas disperso-me. Eu estava a falar era das recentes picardias entre a China e o Japão. Segundo me lembro, se bem que devem ter havido muitos outros eventos anteriores, esta história começou por causa de um manual escolar japonês que a China acusou de ser revisionista em relação ao que o Japão fez na China durante a II Grande Guerra. Mais recentemente houve uma outra questãozita que os chineses levaram a mal e que foi uma visita do Primeiro Ministro Junichiro Koizumi, ao templo Yasukuni que honra as 2,5 milhões de vítimas japonesas da guerra, com o pormenor de lá estarem enterrados 14 criminosos de guerra japoneses que foram enforcados e tudo. O Governo chinês disse que era estúpido e amoral venerar criminosos de guerra. Os japoneses por seu lado ficaram chateados porque estúpido e amoral não é coisa que se chame a um Primeiro Ministro.

A última troca azeda de palavras foi desencadeada por um "deslize" freudiano do Ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, que se referiu a Taiwan como país. Ora como muito bem sabemos, a China continua a considerar Taiwan como parte do seu território. Embora exista um tratado assinado entre China e Japão em 1972 em que os últimos reconhecem que existe apenas uma única China.

Mas se tudo isto parecem coisas ligeiras para que possa vir a haver um conflito entre estes dois países asiáticos, então o novo pomo da discórdia talvez faça mais sentido. Existe um sério desacordo entre Japão e China no que diz respeito à definição dos limites das respectivas Zonas Económicas Exclusivas (ZEE).



E o problema nem sequer diz respeito a direitos de pesca, como no caso de Portugal e Espanha. Neste caso podemos construir um paralelo com o histórico Tratado de Tordesilhas. A questão de se chegar a divisão das fronteiras atribuídas a cada um dos países um bocadinho mais para a esquerda ou mais para a direita não é completamente inocente. Se no caso da divisão do Mundo entre Portugal e Espanha, a hábil alteração às linhas iniciais nos deu o Brasil, a definição da fronteira da ZEE que o Japão persegue pode-lhe dar acesso a reservas de gás natural, que a China tem vindo a explorar e às quais o Japão certamente não se importaria de deitar a mão ou pelo menos, de partilhar com a China.

A minha dúvida relativamente a tudo isto é se todas estas quezílias a que temos assistido nos últimos anos não serão apenas fait-divers, jogadas de distracção num jogo de weiqi (go) de âmbito regional com o objectivo final de conquistar importantes reservas energéticas.

BBC NEWS | Asia-Pacific | Japan-China row turns to Taiwan

O homem tem alguma razão

Está em julgamento nos EUA um processo em que o pai de uma criança procura libertar-se da obrigação de pagar a pensão de alimentos à mãe do seu filho. Ok, dito só assim isto soa muito mal mas temos de ver o que está por detrás deste pedido. O pai alega que a sua namorada lhe garantiu que tinha um problema que a impedia de engravidar. Ora isto não era verdade e ela disse-o só para poder engravidar (a vaca!). A questão que o homem levanta é que não é justo ele ser obrigado a sustentar uma criança que ele nunca quis ter e que lhe foi imposta através de uma mentira. Na situação actual nos EUA, pelo menos em alguns estados, as mulheres têm o direito de abortar. Isto dá-lhes um controlo absoluto sobre a decisão de ter ou não uma criança. Por um lado o aborto é uma medida extrema contra uma gravidez indesejada pelo que ninguém as pode obrigar a ter um filho. Por outro elas podem engravidar contra a vontade do companheiro ficando este obrigado a sustentar a criança, apesar de poder ter expresso de forma clara que não era essa a sua vontade. Temos de admitir que não é uma situação justa.

A minha opinião é que se fosse possível penalizar só a mãe, então nestes casos isso devia ser feito. No entanto existe uma criança que não tem a culpa de ter uma mãe capaz de pensar só em si, e há que garantir o seu bem-estar. Ou seja, o homem está fodido.

Neste caso, o sr. Dubay, que interpôs o processo, não tem esperança de que o tribunal decida a seu favor. Como ele diz "What I expect to hear is that the way things are is not really fair, but that's the way it is".

BBC NEWS | Americas | US men fight child support laws

P.S.: Uma maneira de os homens atingirem este nível de controlo, se não quisessem correr o risco de serem aldrabados nem usar preservativo, era fazer uma vasectomia que funcionasse com um interruptor. Ou seja, normalmente os vasos que permitem aos espermatozóides sair estariam bloqueados e estes só passariam se fossem desbloqueados. Era mais seguro que a pílula.

quinta-feira, 2 de março de 2006

Lavou as mãos?

Eu trabalho num parque empresarial que tem relva e flores e árvores e essas coisas que tornam a nossa vida mais agradável. Todas essas maravilhas da natureza são protegidas e cuidadas por uma empresa de jardinagem que contrata rapazes com níveis variados de deficiência mental (tenho a certeza de que existe um termo politicamente correcto, mas este serve perfeitamente). Esses rapazes e muito mais gente usam a mesma casa de banho que eu. Ora acontece que alguns destes rapazes têm conceitos de higiene diferentes dos meus. Por exemplo, ainda agora estive na casa de banho (fiz uma mijinha, lavei as mãos e os dentes, se querem saber) e reparei, porque sou muito observador, que um destes rapazes fez uso do urinol e nem autoclismo nem lavar as mãos. E já vi sairem da retrete, nas raras vezes em que reparo que está alguém na retrete e não consigo despachar-me antes da pessoa sair de lá de dentro juntamente com os distintos odores, e nem olá disseram ao lavatório. Felizmente que na maior parte das vezesem que está envolvida a retrete, o autoclismo é também chamado à função, mas também vos digo que não é garantido. É por essa razão que faço sempre os possíveis por abrir a porta sem recurso ao puxador. Mas nem sempre é possível. Por isso acho que todas as portas de casa de banho pública deviam ser assim:

quarta-feira, 1 de março de 2006

Texto-para-voz

Descobri por acaso uma empresa que oferece um produto que me parece interessante para acrescentar ao sítio comercial de empresa. Este produto consiste em personagens virtuais que podem, por exemplo para apresentar produtos, criando um ambiente mais agradável ao utilizador. O que eu achei mais interessante foi a qualidade da funcionalidade de texto-para-voz, ou seja, a capacidade de gerar voz sintetizada de excelente qualidade a partir de texto escrito. A voz gerada por computador será talvez um pouco brusca, mas não tem os típicos cortes entre palavras das versões anteriores. E esta geração de voz funciona mesmo para português europeu ou brasileiro e sabe dizer palavras com til e tudo.

Podem experimentar aqui. Experimentem frases com muitos palavrões que a boneca nem cora.

Seguidores