segunda-feira, 7 de março de 2016

Medo de quê?

Li agora o artigo da Fernanda Câncio e achei que foi um tiro ao lado. Alegar que alguém tem medo de alguma coisa é uma parvoíce. Alegar que não há liberdade de escolha é uma falsidade. Na discussão que se seguiu li pessoas histéricas a contar que lhes tinham perguntado se queriam brinquedo para menino ou para menina como se lhes tivessem perguntado se eram judeus ao mesmo tempo que preparavam a agulha e a linha para lhes coser a cruz de seis pontas na roupa. Vamos lá a ter calma, não há razões para histerias.

Se um pai, sabendo dos gostos do seu filho, perguntar quais são as opções e escolher o My Little Poney para o seu rapaz, acho que ninguém vai chamar a polícia do sexo dos brinquedos e impedir a entrega do pónei piroso ao rapaz. Nem o empregado da McDonalds se vai recusar a dar a caixa do Happy Meal sem pedir para confirmar que a criança tem pipi.

Estou de acordo que não faz sentido que na caixa diga se é para menino ou para menina, mas o problema não é a McDonalds. O problema são as outras crianças. No outro dia a minha mulher contava-me uma conversa que ouviu na piscina onde vão os nossos filhos. Um menino de oito ou nove anos queixava-se à mãe de que na escola os outros meninos gozavam com ele quando ele falava da Elsa e do Frozen. O Frozen é um filme da Disney mais direccionado para o público feminino, daí gozarem com o rapaz. Eu já vi o filme e até achei giro, mas os meus filhos demonstram alguma aversão por ser um filme para meninas. Também é verdade que se estivermos em viagem e não houver alternativa acabam por ver, mas pronto, a rejeição inicial ninguém lhes tira. E garanto que não andei a fazer a cabeça aos putos para não verem o filme, tenho mais que fazer. Enfim, a moral da história é que se um menino tiver na mesa uma caixa da Happy Meal a dizer que é para menina, corre o risco de ser gozado e isso deve ser evitado. Resumindo, espero que continuem a haver carrinhos e bonecas e que as crianças possam escolher o brinquedo que querem. Espero também que, na sanha de fingir que rapazes e raparigas não têm gostos diferentes, não venham a eliminar a liberdade de escolha. Disso sim, tenho medo.

Sem comentários:

Seguidores