Sobre as afirmações de Passos Coelho sobre a sua política de "nunca" participar de inaugurações, coisa que, segundo a sua opinião, os Primeiros Ministros não deviam fazer e logo, por maioria de razão, António Costa também não devia fazer, a única coisa que me ocorre dizer é que só pode ser parvo. Custa-me a crer que a intenção dele tivesse sido mentir. Provavelmente não tinha preparado uma resposta e, quando os jornalistas lhe perguntaram porque não ia participar na inauguração, a boca começou a mexer-se mais depressa que o cérebro permitia e foi por aí fora tentando minimizar os estragos através da melhor articulação que conseguia das palavras que lhe saltavam da boca para fora, tal como alguém que escorrega por uma ribanceira abaixo e não consegue parar, a pouco mais pode aspirar do que desviar-se dos obstáculos que se lhe vão apresentando. É claro que se Passos Coelho vivesse na Idade Média, a coisa teria passado, mas hoje em dia há jornais, telejornais, Internet e outras coisas do género e a aldrabice não durou mais que uns milésimos de segundo até centenas de pessoas começarem a fazer um apanhado de todas as inaugurações a que Passos foi, não só quando era Primeiro-Ministro como quando já o tinha deixado de ser.
Esta história lembra-me uma outra na minha família. O meu pai vive num monte alentejano e na altura tinha cavalos. Acontecia que os cavalos andavam à solta e por vezes gostavam de estacionar em frente à porta do anexo onde eu dormia quando lá ia de visita. Na altura comentei que era um bocado chato ter pilhas de poia de cavalo mesmo em frente à porta da rua. E foi então que o meu pai inventou no momento um pedaço de sabedoria popular que ainda hoje uso como piada: "isso não vai acontecer porque os cavalos só cagam onde comem". É claro que na altura foi hilariante e ainda hoje é mentira, mas está visto que quando é preciso arranjar uma desculpa, a boca dispara primeiro e as preocupações com a verdade vêm depois.
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