sexta-feira, 27 de março de 2015

De que tamanho serão?

O meu filho mais velho, de 11 anos, chamou-nos às dez da noite porque... Tinha as unhas dos pés muito grandes... De que tamanho serão? Não aguento tanta curiosidade, mas vai ter de esperar por amanhã.

domingo, 15 de março de 2015

O Fim do Mundo - Parte II

Foi-me comentado que o meu texto anterior seria pessimista e redutor. Pois eu contesto essa avaliação e como evidência apresento o Estado Islâmico. Esta organização terrorista que pretende construir um califado tem demostrado alguma facilidade em recrutar novos elementos para as suas fileiras. E porquê? Como é que, mesmo após a exibição de imagens de uma bestialidade horrível, como as da degolação e decapitação de pessoas inocentes, continuam a ser eficazes nos seus esforços de recrutamento? A resposta está na simplicidade da sua mensagem. Quem é que eles recrutam? Como se viu no caso recente do ataque ao Charlie Ebdo, eles recrutam jovens que não compreendem o seu lugar na sociedade e que sentem desenraizados. Eles utilizam mecanismos psicológicos conhecidos e aproveitam-se das fragilidades das pessoas, oferecendo objectivos a quem não os tem. A mensagem é simples: nós sabemos que estás confuso, não sabes como lidar com as complexidades da vida nem qual é o teu lugar neste mundo. Pois bem, o teu lugar é ao nosso lado, a lutar contra os infiéis (os maus) e a defender Alá. É claro que um mínimo de sentido crítico levantaria imediatamente uma série de questões e facilmente desmontaria este discurso, mas a verdade é que quem é susceptível a este tipo de mensagem não está à procura da verdade, mas sim de uma escapatória. O que é que há de mais simples que a guerra? Os bons contra os maus? Os injustiçados contra os injustos?

A minha opinião é que chegámos a um ponto de viragem ou pelo menos de abrandamento nas sociedades democráticas. As pessoas começam a compreender que este regime também tem muitas fragilidades. É claro que noutros países poderão ter chegado a esta conclusão há muito tempo, mas Portugal tem uma democracia jovem. O que eu vejo, embora não possa ter a certeza de que seja uma perspectiva partilhada por outros, é que a democracia foi vendida aos aparelhos partidários que não passam de uma perspectiva de carreira muito promissora para quem sobe pela escadaria interna dessas instituições. As coisas evoluíram de tal maneira que quem chega às posições elegíveis não são aqueles que melhores condições têm e mais desejáveis são para governar o país mas sim os que melhor navegaram o labirinto das juventudes partidárias. Essas pessoas desenvolvem as competências ideais para um vigarista ou para um apunhalador de costas profissional, mas definitivamente não as necessárias para governar um país. O actual primeiro-ministro é o exemplo acabado disso. Desde jovem nas juventudes partidárias, detentor de um longo ainda que não invejável  percurso académico, apresenta um currículo profissional que consiste na passagem por uma ONG onde executou actividades que não consegue nomear para ser fulgurantemente admitido como administrador em empresas de Angelo Correia como se o seu passado profissional o justificasse. Na prática foi levado ao colo e figurativamente engordado para ocupar a posição que ocupa hoje.

Em face a isto, quem é que não precisa de simplicidade?

sábado, 14 de março de 2015

It's the end of the world as we know it

Estava a ver um episódio da segunda temporada da séria Revolution e caiu a moeda. As séries apocalípticas estão na moda:
- Perdidos - Um avião despenha-se numa ilha e os sobreviventes depressa chegam à conclusão de que a ilha não é só uma ilha. Uma mescla de ciência e mística condiciona as opções dos sobreviventes.
- Revolution - a criação acidental de uma inteligência de entidades de tamanho nanoscópico resulta no desligamento da electricidade a nível mundial. A electricidade deixa de existir e a consequência é o desmembramento da sociedade com o retorno a um modelo feudal/nova fronteira. Na prática os EUA regressam ao século XIX com uns toques de século XX mas limitados às roupas e ao armamento mecânico.
- Walking Dead - Um vírus converte cadáveres em zombies o que resulta no fim da civilização fazendo com que os poucos sobreviventes retrocedam à idade média: estabelecer uma comunidade é quase impossível e a vida limita-se a pouco mais que a capacidade de sobreviver, obrigando as poucos vivos a uma vida de caçadores-recolectores em constante migração. Os vivos têm de sobreviver não só aos zombies como aos restantes sobreviventes que abandonam as mais básicas regras de vida em sociedade para retrocederem até à pré-história: a tribo, a caça, um local seguro para pernoitar, sobrevivência.
- The Strain - um nosferatu, um drácula da vida resolveu fazer agora a sua ofensiva definitiva. O seu caixão é enviado para Manhatan num avião e depois deste aterrar todos os passageiros menos quatro aparecem mortos. Os mortos ressuscitam, mas o seu destino é o mesmo dos sobreviventes: transformarem-se em vampiros para conquistarem o mundo em nome do seu mestre. Começando logicamente por Manhatan, nos EUA, como todas as desgraças de jeito. É impressionante como não há porcaria de invasão extraterrestre ou praga zombie que não comece nos EUA.
- The Dome - uma misteriosa redoma invisível mas muito palpável isola uma vila americana do resto do mundo. É impossível entrar ou sair, apenas uma pequena quantidade de ar circula, mas mesmo esse é mínimo. Sem limites impostos pelo exterior o presidente da câmara põe as manguinhas de fora e toda e qualquer decência desaparece, precedida pelos abusos da autoridade e o ataque aos mais básicos direitos humanos. As facções definem-se e o confronto é inevitável.

Todas estas séries são uma variação do mesmo tema: o Apocalipse. Por que é que estas séries têm tanto sucesso? Eu acho que é porque a vida se complicou terrivelmente:

  • As crianças já não têm direito de o ser, a pressão para terem boas notas começa muito cedo e os pais sentem-se obrigados a estudar com os seus filhos desde muito cedo. Por exemplo a professora do meu filho de seis anos que anda no primeiro ano disse hoje na turma que eles podiam chumbar.
  • Já não existem empregos para a vida. Hoje em dia ser funcionário público já não é garantida nenhuma e muito menos trabalhar para uma empresa privada.
  • Aparecem novas profissões todos os dias e as profissões antigas estão a desaparecer.
  • A expectativa de que os nossos filhos venham a ter uma vida melhor que a nossa é cada vem menor. Muito pelo contrário parece quase garantido que terão um movimento descendente na escada social.
  • A especialização tanto pode ser uma bóia de salvação como um beco sem saída. Não é possível prever.
  • Os bancos vão à falência e entregar dinheiro ao balcão de um é o mesmo que jogar na roleta russa: não existe a garantia que o dinheiro não é colocado em aplicações financeiras contra as nossas instruções e não parece ser possível condenar que abusa desta maneira da confiança das pessoas.
  • A vida na cidade não permite que os mais novos cuidem dos mais velhos mas a confiança de que todos terão direito a Segurança Social é cada vez menor.
E mais exemplos haveriam, mas onde quero chegar é que as pessoas anseiam por simplicidade. E existem poucas coisas mais simples que a simplicidade da sobrevivência. Dia-a-dia procurar alimentos, abrigo, fugir do perigo, evitar as outras tribos, sobreviver...

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