This blog's purpose is to help me consolidate my thoughts about science, politics and social issues, whatever. Past entries all in Portuguese, current ones either in English or Portuguese. Depends on context.
sábado, 18 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Perdidos - O Fim da Série
Terminei de ver esta série fantástica. Embora considere o final à altura do resto da série, não esperava que o fim da série trouxesse um sentimento de paz, de encerramento. Toda o resto da série foi um sufoco de perguntas por responder, cada resposta a gerar mais cinco perguntas, cada episódio acabando sempre com uma injecção de adrenalina, uma sensação de negação, de rejeição por a história só avançar mais na semana seguinte. Habituado a esta sensação contínua, penso que no meu íntimo já me tinha habituado à ideia de que o fim da série seria uma coisa muito mal enjorcada que me deixaria uma sensação de que os argumentistas teriam construído um final à pressa que deixaria muitas pontas soltas e outras mal resolvidas.
É um síndrome típico destas séries. Lembro-me de ver grandes discussões em fóruns sobre os Ficheiros Secretos (X-Files) em que os fãs discutiam que o que verdadeiramente se tinha passado neste ou naquele episódio tinha sido isto ou aquilo. A nítida sensação que eu tinha era que os argumentistas da série não pensavam das perguntas que a série deixava por responder. Ou seja, o subtítulo da série "The Truth is Out There", nunca passou de falsa publicidade. Não há verdade nenhuma porque os argumentistas nunca pensaram nas causas dos mistérios, preocupando-se apenas em criar emoções nos espectadores. O que no fundo também é legítimo: deixavam aos espectadores a opção de imaginar o que entendessem. Mas em Perdidos, os produtores conseguiram concretizar o objectivo de fazer uma série com princípio, meio e fim antes de lhes fecharem a torneira, obrigando-os a deixar a história a meio ou a fazer um fim à pressa, como já vi acontecer em tantas séries. A guerra das audiências é cruel.
Mas voltando aos Perdidos, as respostas chegaram mesmo e o encerramento da série foi extremamente elegante. Achei fabulosa a forma como as personagens se encontram todas na espécie de sala de espera depois da morte que era a realidade alternativa que nos confundiu ao longo da 6ª temporada. A ideia de que cada um morreu na sua hora, mas que todos se encontraram numa vida depois da morte para seguirem juntos para a próxima etapa é muito interessante, dando uma interpretação diferente e mais fácil de compreender da relatividade do Tempo, que já tinha sido explorada noutras temporadas da série. A forma como a morte de algumas das personagens foi representada é também muito comovente. Quando Jin e Sun morrem juntos dentro do submarino, o espectador sente que uma pessoa pode escolher o momento da sua morte. E quando Jack morre olhando para o céu enquanto os seus companheiros sobrevoam a ilha, sentimos que a morte pode ser recebida em paz, com a certeza de que fizemos a diferença. O facto de Vincent, o cão de Walt, encontrar Jack pouco antes da sua morte, permite-lhe ultrapassar o medo de morrer sozinho e torna a experiência libertadora para a personagem e para o espectador. É claro que a série não é perfeita. Com tempo seria muito fácil apresentar incongruências. Mas foi um marco na História da Televisão.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Estrumpfes estalinistas
Segundo Antoine Buéno, as histórias de Peyo sobre os minúsculos seres azuis que nomeou de Estrumpfes (Schtroumpfs no original) são a descrição de uma sociedade estalinista. Esta leitura política dos estrumfes é uma delícia. Valeu uma boa gargalhada. Vou já recuperar os meus livros dos estrumpfes e não me posso esquecer de fazer este enquadramento quando contar as histórias aos meus filhos. Quem diria que esta série podia ser utilizada como introdução à política. Só há uma coisa que me faz confusão. Se o Papá Estrumpfe é a representação de Estaline, quem será a personagem histórica correspondente ao Gargamel, o mau da fita? Torna-se particularmente confuso porque Estaline foi uma besta abominável, mas nas histórias de Peyo, era o Gargamel quem ocupava o seu tempo a tentar destruir a povoação de seres azuis, recorrendo aos mais mirabolantes esquemas. Para o retrato histórico ser mais preciso seria necessário que, volta e meia, o Papá Estrumpfe levasse a cabo umas quantas purgas no aparelho político, deportações para locais remotos e gelados, eliminação física dos seus opositores e invasão de regiões vizinhas. E não me parece que a estrumpfina lhe escapasse...
in Público
in Público
Subscrever:
Mensagens (Atom)