quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Hurra Europa!!!


A primeira pedra, que é como quem diz, o primeiro satélite do Galileu, o sistema de navegação por satélite europeu, foi colocado ontem em órbita. O Galileu é, como se sabe, a alternativa europeia ao actual GPS norte-americano e ao GLONASS, russo. Tem a vantagem de, ao contrário destes dois sistemas, ser um sistema civil e não militar. E representa para a Europa um valor estratégico incalculável, uma vez que até agora a utilização do GPS estava limitada à boa-vontade dos EUA que decidiam o grau de precisão com as coordenadas eram fornecidas aos utilizadores civis. Mas o Galileu não será apenas um sistema complementar relativamente aos já existentes. O Galileu será mais moderno, com maior precisão e mais funcionalidades. O simples facto de a precisão aumentar para erros inferiores a um metro vai permitir que o sistema de navegação venha a ter novas utilizações que até agora não eram viáveis devido à margem de erro inaceitável.

Quando o Galileu foi inicialmente proposto, os EUA fizeram uma lobbying enorme para convencer a Europa a desistir do sistema com argumentos que iam desde a possibilidade de o sistema vir a ser utilizado por terroristas até à redundância de um novo sistema quando já existe um. No entanto o que os EUA queriam e querem era manter o controlo completo sobre a navegação por satélite. Felizmente a UE e a ESA não cederam às pressões.

O Galileu terá ainda implicações na criação de novos empregos, estimando-se que venham a ser criados cerca de 100.000 postos de trabalho em aplicações do sistema às diversas indústrias.

De qualquer maneira já ganhavam demais (este país é uma trampa)

O Governo propõe-se aumentar os funcionário públicos uns estrondosos 1,5%. Eu acho bem, afinal eles provavelmente já ganhavam demais e hão-de sentir-se muito mais motivados a fazer um bom trabalho se tiverem aumentos inferiores à inflacção. Provavelmente até passam a ir a pé para casa e como chegam muito quentinhos do esforço até poupam no aquecimento, reduzindo assim o consumo energético e as importações de petróleo. O que ajuda a equilibrar a balança de importações. É só vantagens.

Coño, pues que si, que soy portugués (este país é uma trampa)

Mais um da série "Este país é uma trampa". Segundo o DN, cada vez mais mulheres portuguesas da raia alentejana vão ter as suas crianças em Espanha. Algumas utilizam-se de clínicas privadas a que têm direito através de seguros de saúde espanhois, outras de hospitais públicos. Mas a opinião destas mães parece ser unânime: os meios e o apoio médico disponível em Espanha são incomparavelmente superiores aos existentes em Portugal.

É interessante ver como Espanha e Portugal encaram de forma diferente as suas regiões do interior. É porque até prova em contrário, Badajoz é tão interior para os espanhois como Elvas o é para os portugueses. A diferença é que Espanha investe no seu interior enquanto Portugal desinveste. Mas tavez seja uma medida inteligente. Como somos pobrezinhos talvez faça mais sentido concentrar tudo no litoral para não dispersar recursos. E com sorte os espanhois compram umas coisas ali junto à fronteira e pode ser que façam lá alguma coisa de jeito.


Mulheres da raia alentejana preferem ter bebés em Espanha
no DN

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Este país é uma trampa (26)

Este país é uma trampa, por milhões de razões, sendo a que vou referir certamente uma das menos importantes. Mas é a que me está a enervar neste momento, por isso...

As pessoas que gostam de banda desenhada já analisaram bem como funciona o nosso país em termos de publicações de banda desenhada? É ou não é uma tristeza? Passo a descrever para quem não sabe.

Este país, não sei se por ser minúsculo, se por ser um país de gente pobre o com outras prioridades que não comprar BD, é um deserto em termos de publicações de BD. As grandes escolas de BD de qualidade, isto é, BD com boas histórias e bom traço, são basicamente três: a escola Norte-Americana, a escola Franco-Belga e a Japonesa. Depois existem outras fontes de BD, como o Brasil, mas que não me seduzem e vivem muito à custa do humor em formato tira de jornal como "Os Skrotinhos".

A BD norte-americana vive essencialmente à custa de dois tipos diferentes. Por um lado a BD de super-heróis, sendo as principais editoras a DC Comics e a Marvel, e por outro as BD humorísticas estilo tira de jornal como o Calvin. A DC e a Marvel primam mais pela quantidade que pela qualidade. Têm publicações mensais, que já coleccionei quando era miúdo e têm publicações mais esporádicas e mais cuidadas em formato de história completa. Em Portugal as edições Marvel e DC são publicadas com a mesma periodicidade que nos EUA e os fãs deste tipo de BD vão-se safando.

A escola japonesa na forma dos Manga tem pouca publicação em português mas a Fnac importa alguma Manga em francês e penso que existe uma ou outra loja especializada que também se dedica à importação deste tipo de BD.

Finalmente, a escola franco-belga, a minha preferida, historicamente tem bastantes albuns publicados em português, mas a cadência de publicação é muito reduzida. E vê-se um fenómeno tremendamente irritante que é publicarem um ou dois albuns de uma colecção e depois ter de se esperar tempos infindáveis por novos albuns. Tenho umas quatro colecções começadas mas que não avançam. E a coisa é tanto mais irritante quanto a Fnac importa as versões francesas, o que demonstra que os albuns estão a sair mas que as editoras portuguesas não os publicam. Se eu lesse em francês estava feliz da vida. Comprava os originais e borrifava-me para as versões portuguesas. Infelizmente não é o caso, por isso tenho de me resignar ao prolongado calendário das editoras portuguesas. Alternativamente podia tentar comprar as edições traduzidas para inglês, mas se adicionarmos os portes de correio, os preços são proibitivos.

Outro dos problemas que existe para quem gosta de BD é a fraqueza dos sítios na net dos editores.

A Meribérica-Liber, uma das editoras mais importantes do país, tem há anos e anos apenas uma página inicial em construção que não diz absolutamente nada. Antes ainda tinha uma daqueles sinais das obras agora é simplesmente uma página em branco. Há uns tempos correram informações de que esta editora estava perto da falência.

A Editorial Verbo tem a obra completa do Tintin e pouco mais de jeito, mas pelo menos dá para listar a colecção toda.

Depois temos a BookTree que editou uns albuns interessantes. O sítio desta editora é esteticamente muito pobre e falta-lhe um plano das próximas publicações. Mas pelo menos parece listar todos os albuns já publicados e oferece boa informação sobre estes.

A editora que tem o melhor sítio em Portugal é a Devir que actualmente publica a Marvel em português e daí talvez o seu sucesso mas que tem muito mais BD, incluindo brasileira e franco-belga.

Mas se quiserem ver como é que é um sítio a sério podem espreitar a Les Humanoides Associes editora francesa por exemplo da série "O Incal" e "A Casta dos Meta-Barões", ambas (lentamente) publicadas pela Meribérica-Liber. Só para terem uma ideia, o último album desta última série publicado em Portugal é o número 3 e foi publicado em 2000. Em França a Humanoides publicou o número 8 em 2004.

Entretanto encontrei um sítio sobre a BD em Portugal que embora seja muito fraco em termos gráficos tem muito informação e constitui uma boa base de pesquisa: BD Portugal.

Com o cabelo escorridinho

Estava a pensar no nojo que não devia ser uma visita à idade média, ou a outras épocas um pouco mais recentes em que os banhos diários eram um conceito desconhecido. Estou a imaginar toda a gente, dos mais pobres aos mais ricos a tresandarem a suor e com o cabelo escorridíssimo. A maioria das pessoas não deviam tomar banho até à hora da morte. O mais parecido que a maior parte das pessoas dessa época deve ter tido com um banho deve ter sido no dia em que nasceram que os limparam com um pano sujo para tirar a maior. E uma pessoa que nunca tivesse lavado o cabelo devia ter uma comichão horrível na cabeça. Acho eu.

As pessoas deviam cheirar tão mal que dias depois de morrerem os conhecidos ainda deviam ficar na dúvida se o morto estaria mesmo morto ou apenas particularmente mal cheiroso.

E pronto, estava há tanto tempo sem escrever que qualquer coisinha fútil é melhor que nada.

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