quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Mais de 20 anos para aprender a fazer um bife

Acho que comecei a aprender a cozinhar há uns 24 anos. E ainda não sei nada, claro. Mas acho que já posso dizer que, pelo menos bifes, sei fazer. Parece que hoje em dia quem queira aprender a cozinhar alguma coisa em específico só precisa mesmo de uma televisão ou ligação à internet e um pouco de perseverança. Aprendi a fazer bifes num programa especial sobre carne. É muito simples:
- colocar a frigideira vazia ao lume. Os bifes só se põem ao lume um minuto antes da frigideira derreter;
- besuntar os bifes com azeite, temperar com alho em pó e sal. Normalmente faço isto só num dos lados e repito o processo no outro lado já na frigideira;
- quando a frigideira estiver quase a rebentar colocam-se os bifes. Não, não se põe gordura na frigideira e sim, põe-se o lado temperado para baixo;
- temperar a parte de cima do bife tendo o cuidado de não aplicar tanto azeite que escorra para a frigideira. Eu deito só um pouco e esfrego como dedo. A parte de cima do bife ainda não está quente, não queima;
- com a frigideira tão quente o bife vai tostar por fora mas se a coisa for bem controlada não fica seco por dentro;
- controlar a cor do bife do lado que está a fritar. Virar quando parecer bem tostado. Se o bife largar sangue, este vai ter tendência a agregar-se. Costumo apanhar essa massa e ponho em cima do bife para não se queimar. Mais tarde pode-se juntar ao molho;
- virar o bife. Agora é que ainda preciso de aperfeiçoar a técnica: com os sucos libertados pelo bife a temperatura de frigideira baixou e já não consigo a mesma qualidade de fritura. Agora é também a altura em que é preciso começar a controlar a cozedura, caso contrário o bife duro independentemente da qualidade da carne;
- quando o bife estiver no ponto pretendido, passar para os bifes para um prato. Está na altura de fazer o molho. Aqui, infelizmente, não tenho muito para dizer. Possivelmente preciso de mais alguns anos para perceber como é que se fazem molhos decentes para bifes. O que eu costumo fazer é juntar azeite e margarina à frigideira vazia, deixar derreter a margarina e juntar um pouco de vinho branco. Picam-se uns dois dentes de alho e junta-se ao molho. O alho não precisa de fritar, só de  amolecer.

Curiosamente, constatei hoje que isto de não saber fazer molhos é uma ignorância que partilho com a Knorr. Posso afirmar com propriedade que os cubos de molho cervejeira desta marca são uma trampa.




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Asteróides, venham eles!

Neste artigo da BBC é brevemente apresentada a questão da mineração dos asteróides no espaço. Aparentemente existe legislação de 1966 das Nações Unidas que impide a exploração comercial de qualquer corpo celestial. Na minha opinião existem duas situações claramente diferentes: de um lado a Lua e alguns planetas/luas que poderão conter vida, como é o caso de Europa, uma das luas de Júpiter, do outro lado todos os asteróides. Os corpos celestes do primeiro grupo devem ter toda a protecção possível e imaginária contra a exploração comercial. A Lua é demasiado importante para toda a Terra para que alguém se possa arrogar o direito de a explorar comercialmente. Quando a Europa, se existe a possibilidade de albergar vida no oceano protegido pela superfície gelada então a Humanidade não pode correr o risco de destruir essa possibilidade por questões comerciais. Já quanto aos restantes objectos do sistema solar a questão é bem diferente. Não vejo que faça sentido ou que exista legitimidade para impedir a exploração comercial destes objectos que são riquíssimos em água, minerais e metais. Mais do que isso, acho que é do interesse do planeta que essa exploração comece tão cedo quanto possível. Em primeiro lugar porque isso reduzirá a pressão sobre os recursos da Terra. Em segundo lugar porque é do interesse de todos que se comecem a identificar e a por em prática formas de controlar asteróides e cometas que representam um perigo para a Humanidade.

sábado, 21 de junho de 2014

A razão pela qual o porco está na gaiola

Tenho um porquinho da Índia como animal de estimação. Os miúdos é que o quiseram mas o bicho é meu e da minha mulher. Mais meu que da minha o mulher uma vez que na realidade sou eu que faço quase tudo. Enfim.

Até hoje o bicho tem estado sempre à solta, mas passou das marcas e fechei-o da gaiola. Tão cedo não sai de lá. Já por várias vezes que o tinha avisado de que não podía cagar fora da gaiola e normalmente até se portava bem. Mas hoje encontrei umas 30 caganitas debaixo de uma mesa da cozinha e depois de tanto o avisar achei que já chegava. E dizem vocês, "Ai, oh Paulo, mas coitadinho do bicho, não vês que ele não percebe?". E então, o que é que querem que eu faça? Se o bicho não aprende não pode estar cá fora, é tão simples como isso. Imaginem que eu tinha um tigre de Bengala e deixava-o andar à solta pela casa. A primeira visita que ele comesse, pronto, dava-se um desconto, podía ter sido acidente. Da segunda vez, enfim, estaría na brincadeira, ter-se-á entusiasmado.  Mas à terceira tinha mesmo de ir para a gaiola. É porque depois dá imenso trabalho convencer a polícia de que o bicho não fez por mal, que foi só na brincadeira. Depois as pessoas começam a não querer aparecer cá por casa. É só chatices.

sábado, 8 de março de 2014

A Prescrição volta a atacar

Jardim Gonçalves viu reduzidas a metade as coimas a que tinha sido condenado pelo Banco de Portugal (BdP) e anulada a proibição de ter actividade profissional na banca por 9 anos. Mais uma vez, através do mecanismo da prescrição, um caso de crime económico fica por julgar em Portugal. Num caso em que existe um milhão de euros em coimas em jogo, quando há prescrição não há consequências para ninguém? Quem é que estava a dormir? Ou será que é o mecanismo que está errado? Uma coisa é certa, Jardim Gonçalves sacode o problema dos ombros, pode voltar às falcatruas e ainda pode fazer de vítima por não lhe ter sido dada a oportunidade de provar a sua inocência. A prescrição é o Euromilhões dos corruptos.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Pimenta no rabo dos outros...

Eu e a minha mulher estivemos hoje a recordar com prazer uma das cenas mais hilariantes a que já assistimos na nossa vida. Até estou espantado por nunca ter escrito sobre esse acontecimento, mas a verdade é que não encontrei nenhum texto neste blogue sobre este assunto.

Bom, então há muitos, muitos anos, quando ainda não tínhamos filhos, fomos fazer uma Passagem de Ano em Nelas, Concelho de Viseu, a casa de um amigo/colega da minha mulher. Na realidade, o dono da casa não era do nosso círculo de amigos mais próximos, mas outros amigos em comum eram. Dentro desses amigos há um casal em que são ambos um pouco peculiares, muito em particular, ele que é uma pessoa muito pouco característica. Pela sua postura perante a vida, pelos seus gostos e passatempos, pelo seu percurso de vida, etc. É um tipo um pouco excessivo numa série de coisas, entre as quais a comida. É um gajo porreiro mas um bocado inútil em casa. Tanto quanto sei, em casa só ocupa espaço. Não ajuda a mulher em nada e recusa-se a tirar a carta pelo que tudo o que implica deslocações obriga a mulher a ir. Idas ao médico, ir levar e buscar as miúdas à escola, ir às compras, etc, ou vai sozinha, ou tem de o levar a ele. Uma coisa é certa, aquele carro sem ela não se mexe. E é um tipo fino. De manhã vai de carro com a mulher para Lisboa, ela deixa-o num sítio qualquer e o rapaz daí para o trabalho só mesmo de táxi. Transportes públicos não são para ele. Ao fim do dia há mais táxi. Bom, é lá com eles. À parte estes pormenores é um tipo porreiro e é interessante conversar com ele porque é culto e tem coisas divertidas para contar.

Regressando a Nelas, num dos dias fomos almoçar fora. Cada um comeu a sua coisa, e ele pediu uma posta mirandesa, ou um bife, não sei. A verdade é que, como é um tipo um bocado exagerado, cortou um naco de um tamanho absurdo e foi mesmo assim para dentro da boca. Andou com a carne às voltas dentro da boca durante um bocado, mas ao fim de um pouco tornou-se evidente que não era possível mastigar aquilo. Como dava um bocado mau aspecto cuspir a carne para o prato e a situação estava a tornar-se incomportável, o meu amigo tentou empurrar o naco para baixo com vinho tinto. Entretanto já toda a gente se tinha apercebido de que a coisa estava complicada. Foi por isso que toda a gente o viu a levantar-se da mesa com ar atrapalhado enquanto o vinho voltava pelo mesmo caminho por onde tinha entrado uma vez que, tal era o tamanho do pedaço de carne que tinha entupido completamente a canalização. Nesta altura já se lhe via pânico nos olhos. E foi com um ruído curioso que um pedaço de carne de grandes dimensões lhe voou directamente da garganta para cima da mesa. A mulher dele estava nervosíssima a mandar vir com ele e o dono da casa onde passámos o Ano encolhia-se contra as costas da cadeira o mais que podia com um ar enojado, tentando aumentar a distância entre si e aquele pedaço mal-tratado de carne. Um dos empregados aproximou-se rapidamente para compor a mesa e a cena terminou com o meu amigo a apanhar o pedaço de carne com o guardanapo e a entregá-lo ao empregado - "Olhe, já agora leve também isto".

Com toda aquela alarvidade, a mim já me doía a barriga de tanto rir...

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