domingo, 17 de outubro de 2010

Continuamos à espera do D. Sebastião


Perante o fim do mundo (enfim, de Portugal) tal como o conhecemos, não falta quem defenda alterações ao regime político do país. Uns falam num regime presidencial, outros em nada mais, nada menos, que transformar o país numa monarquia. Imagino que defendam uma monarquia constitucional, mas não vou jurar. Mas passa tudo pelo mesmo. O regresso de D. Sebastião numa manhã de nevoeiro que virá ajudar a Nação na sua hora mais negra. Mas o problema do país não é o modelo do regime mas sim a falta de qualidade dos governantes. Ninguém vislumbra um rumo que leve o país a produzir mais e simultaneamente reduza o peso do Estado libertando os portugueses de tanto imposto. O grande problema deste país é que os seus timoneiros se esqueceram das lições e inovações da época em que fomos grandes. Os Descobrimentos nunca teriam acontecido se nos tivéssemos limitado a navegar à vista. E este país não tem feito outra coisa senão navegar à vista.

Este país não tem futuro?

Perante este cilindro compressor que é o orçamento de Estado em vias de ser aprovado, sinto-me como se estivesse à beira de um precipício. Olho para a minha esquerda e para a minha direita e vejo todos os portugueses com os pés a escorregar para o abismo. Bom, não exactamente todos. Há alguns que vão calcando os outros, desta forma ganhando uma distância considerável da beira do precipício.

Este país é como que um passageiro de um comboio em que entrou a meio do percurso. Mas como tantos outros comboios, mais passageiros vão entrando. Estranhamente os novos passageiros vão avançando nas carruagens, empurrando Portugal para vagões sucessivamente mais atrás. Se tudo correr bem, a viagem deste comboio não tem fim. Tem uma direcção mas não um destino. No entanto, para alguns dos seus passageiros a viagem pode terminar. Será que Portugal avançará tanto na direcção contrária que acabará por cair da última carruagem para o meio da linha?

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