Sou ouvinte assíduo da Caderneta de Cromos do Nuno Markl, da qual sou fã (na vida real, não no Facebook), mas fiquei em êxtase, quase a atingir o orgasmo, com dois fabulosos cromos: Chucky, o boneco diabólico e Já fumega. A qualidade do texto do primeiro é estrondosa. O Markl estaria particularmente inspirado, quem sabe depois de uma noite de sexo fantástico ou talvez após um período de jejum sexual ou simplesmente porque dormiu bem... ou ainda por outra razão qualquer. A verdade é que o ritmo imposto pelo texto é extremamente envolvente, de grande qualidade e divertido. Não é alheio ao factor envolvência a utilização da banda sonora do filme, num volume que me parece mais alto que o costume, mas que alcança um resultado muito bom. Digamos que o Markl conseguiu algo que os comentadores de futebol em Portugal nunca conseguiram: fazer o seu comentário utilizando o ruído de fundo do estádio para transmitir a atmosfera do jogo.
O segundo cromo, que na realidade é o primeiro do dia, tem o grande mérito de me ter feito ver a grande qualidade do grupo português Jafumega. Quando as músicas passavam pela rádio eu não ligava pevide à música... pensando bem, ainda não ligo. Seja como for, a verdade é que ouvindo este cromo com a música da banda em fundo se torna flagrante a sua qualidade. Algumas piadas fantásticas como a comparação do estilo da banda ao de uma associação de professores de trabalhos oficinais. O que é fantástico é que, não me recordando do aspecto dos Jafumega, mas perscrutando os confins da minha mui depauperada memória, ao reunir o único professor de Trabalhos Oficinais que tive com a prof e o prof de Educação Visual que tive em anos distintos, heis que se me forma uma imagem com grande precisão do aspecto que deveriam ter os Já Fumega. Bom, é claro que antes da piada já o Markl tinha feito uma descrição com grande detalhe da banda. E para confirmar a precisão da imagem reconstituída na minha mente, nada como uma pesquisa para confirmar o resultado:
Oh Diabo...! Parece que os professores de trabalhos oficinais do Markl seguiam um estilo de vestuário diferente dos meus... bom, enfim, talvez não ande muito longe da verdade.
Bom, não vamos deixar que um pequeno soluço estrague um dos melhores Cromos que ouvi nos últimos tempos. Como no anterior, a banda sonora deste Cromo cria uma um ambiente fantástico em que a qualidade das letras se combina com o excelente texto do Markl.
Para dizer a verdade, os Cromos sobre música e sobre bandas musicais são os de que gosto menos. Não é uma coisa de agora. Já nos tempos de antigamente, quando os programas do Herman José passavam pelo Serafim Saudade sentia um tédio de morte. Também nunca achei grande piada a concertos. O mês passado fui ver a Madonna a Coimbra e para dizer a verdade para mim não resultou.
Mas os Jafumega eram mesmo muito bons.