domingo, 11 de outubro de 2009

Autárquicas: o Yin e o Yang compostos pela corrupção e pela Justiça

Sinto-me triste com a re-vitória do Isaltino em Oeiras. Palavra, Portugal é um país de gente curiosa. Tenho a certeza de que a maior parte das pessoas que votou no Isaltino deve ter participado em conversas de café em que se terão referido ao autarca como corrupto, que se anda a encher às custas da Câmara e dos negócios com os construtores. Durante anos e anos isto não passava de conversa de café apimentada pelos "casos verídicos" que uns iam contando aos outros por via do tio da sobrinha do cunhado de um amigo da senhora do talho que é conhecida do senhor das castanhas cujo primo é homem de confiança de um construtor e que sabe muito bem que o Isaltino terá recebido um apartamento pela licença de construção de um bloco de 4 edifícios. Durante anos e anos isto não passou de conversa de café e Isaltino lá foi ganhando e trabalhando e ficando mais rico. E fez de Oeiras um dos melhores concelhos para se viver em Portugal, é bem verdade. Durante anos e anos os eleitores de Isaltino vociferaram contra os corruptos que nunca vão a julgamento e os que vão mas que obviamente nunca são condenados. Porque em Portugal só os pobres vão presos. Mas em 2009 há um grande que finalmente é condenado. E é condenado a pena de prisão efectiva, de nada mais nada menos que 7 anos, suspensa apenas por interposição de recurso. Agora que podemos todos dizer que Isaltino é corrupto sem o risco de sermos processados por difamação, o que faz o eleitorado Oeirense? Volta a eleger o corrupto. Porquê? Porque o Isaltino pode ser corrupto, mas é o nosso corrupto. Nós, os de Oeiras, graças a esta condenação temos um luxo que muitos outros não têm. Temos a certeza de quem temos à frente do nosso Município. Temos um corrupto que tem feito obra.

Curiosamente, a Fátima perdeu a Câmara de Felgueiras. E isto é tanto mais curioso quanto, ao contrário do que aconteceu com Isaltino, a Fatinha conseguiu uma clara absolvição no processo do saco azul. Não faço ideia da competência da Dª Fátima como autarca, será que não é grande? Será que após todo o folclore do julgamento, da fuga à prisão preventiva, do regresso, recandidatura, reeleição e absolvição, a Fátima perdeu a inspiração autárquica e o amor dos felgueirenses? Ou será que depois de absolvida deixou de ser elegível? Afinal, quem é que quer um autarca que não é corrupto? Sobretudo um que não foi condenado a pena de prisão efectiva?

P.S.: Faço questão de esclarecer que não votei no Isaltino. Caso ainda não fosse evidente.

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