domingo, 4 de dezembro de 2016

Tempo livre, livre de culpa

Hoje apercebi-me de que tenho o pacote de DVD dos filmes d'O Padrinho. Já nem me lembrava. Anseio por um tempo em que possa ver os três filmes mais o DVD extra ao ritmo que me apetecer sem sentir culpa. Por não ter ido às compras. Por não ter estudado com os miúdos. Por não ter lido qualquer coisa para o trabalho. Assisti há bocado ao "Alta Definição" com o Ricardo Araújo Pereira. Foi o melhor de sempre, acho. Bem conduzido pelo Daniel Oliveira, muito bem feito editado. Mas sobretudo, o entrevistado era o RAP. É verdade que ouvi muitas coisas que já tinha ouvido antes, mas a consistência e qualidade do discurso é, só por si, um valor impagável. Uma das coisas que o RAP disse foi que os proveitos da publicidade, que aparentemente há quem considere que tenha sido excessiva, lhe compraram tempo. Tempo precioso para fazer algumas coisas que ele nomeou como sendo importantes para si e que não poderia ter feito se, como muita gente, incluindo eu, tivesse um emprego. Faz-me confusão como é que alguém se pode arrogar ao direito de definir para terceiros se uma determinada actividade, legal até prova em contrário, estará abaixo ou acima da respectiva condição. Fazendo uns quantos anúncios, RAP conseguiu a liberdade para escolher como ocupar o seu tempo. Mas para alguns esse tempo que lhe foi pago teria de ter sido aplicado de outra maneira. Mais, deveria ter sido aplicado de outra maneira. Não há paciência. Quem me dera poder trabalhar muito por períodos limitados de tempo para depois poder fazer o que me apetecesse por igual período de tempo. 

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