terça-feira, 10 de novembro de 2015

A Palhaçada

Nota prévia: considero perfeitamente legítima a criação de um governo formado por um partido minoritário, desde que tenha o necessário apoio na Assembleia da República que garanta a legislatura. Como já escrevi, as interpretações das intenções do "eleitorado" são abusivas e, na minha opinião, qualquer resultado que não seja uma maioria absoluta pode ser interpretado de múltiplas maneiras, tipicamente de acordo com as preferências partidárias. As regras da nossa democracia permitem-no e não é uma solução inédita na União Europeia. Para além disso tinha alguma curiosidade em saber como seria um governo com partidos verdadeiramente de esquerda, embora também seja verdade que não é isso que está neste momento em cima da mesa. Dito isto...

Em primeiro lugar há que reconhecer que me enganei redondamente. Ao contrário do que eu tinha escrito, Costa não estava a utilizar a oferta do BE e da CDU para forçar a PaF a negociar. É evidente que Costa nunca teve qualquer intenção de negociar com Passos Coelho. Em vez disso preferiu colocar-se na situação em que podia ter colocado a PaF ao não ser capaz de garantir um acordo de legislatura com as três forças à sua esquerda. Confesso que não li os acordos, o meu interesse por esta matéria é limitado. Mas parece ser opinião generalizada que os três acordos assinados garantem pouco mais que um ano de legislatura, A partir daí vai ser como BE e PCP quiserem. Se quiserem mandar o Governo abaixo é quase garantido que o conseguem e os acordos não o proíbem. O PS vai andar a toque de caixa, dançando ao ritmo dos seus dois viabilizantes, sendo que cada um vai tocar a sua música o que levará Costa a uma coreografia esquizofrénica para manter o Governo de pé ao longo da legislatura. É verdade que a dança moderna permite movimentos no chão e até bastante acrobáticos. Porventura Costa brindará o Povo Português com alguns movimentos coreográficos mais ousados. Para mim tenho por certo que o futuro Governo PS respaldado por BE, PCP e Verdes, não durará mais do que ano e meio. E daqui a ano e meio teremos maioria absoluta do PSD com CDS, esperemos que com uma sigla conjunta menos idiota do que PaF, porque esta jogada de Costa, sendo legítima do ponto de vista das regras da nossa democracia, é, sem margem para dúvida, uma irresponsabilidade que levanta sérias dúvidas sobre as intenções do Secretário Geral do PS que parece estar mais preocupado em salvar o seu traseiro político do que com a estabilidade governativa  e como futuro do país.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O Burguer de Caranguejo do Prego da Peixaria

A semana passada fui ao Prego da Peixaria do Príncipe Real à hora do almoço com a minha mulher e experimentei um prato espectacular que deve ser bastante recente no menu desta casa: o Burguer de Caranguejo. Fiquei extasiado! É uma cena do outro mundo. É demasiado bom para descrever, mas vou fazer um esforço. Vem em pão de hambúrguer com camarinha, que conforme explica a New in Town, é "um camarão pequeno que é desidratado e colocado por cima do pão antes de ir ao forno", vem com um molho não sei de quê e com um tipo de caranguejo que eu desconhecia que existia: caranguejo de casca mole. A verdade é que é excepcionalmente bom. O nosso erro foi ter comido a meias e ter começado pelo Burguer de Caranguejo em vez de começar pelo de Bacalhau. Nada de confusões, o Burguer de Bacalhau é uma oferta divinal mas tem um sabor consideravelmente menos efusivo que o do de Caranguejo. Digamos que o Burguer de Bacalhau é sublime mas subtil. Já o de Caranguejo é sublime, o oposto de subtil e estimulante. Não se consegue parar de mastigar. Se quiser ter uma refeição variada e em crescendo, assim à laia de preliminares seguidos de violento orgasmo, aconselho a começar pela metade do Burguer de Bacalhau e continuar com a metade do Burguer de Caranguejo. Divinal!

Nota: ao que parece este hambúrguer do mar só existe na loja do Príncipe Real.

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