sábado, 8 de fevereiro de 2014

Pimenta no rabo dos outros...

Eu e a minha mulher estivemos hoje a recordar com prazer uma das cenas mais hilariantes a que já assistimos na nossa vida. Até estou espantado por nunca ter escrito sobre esse acontecimento, mas a verdade é que não encontrei nenhum texto neste blogue sobre este assunto.

Bom, então há muitos, muitos anos, quando ainda não tínhamos filhos, fomos fazer uma Passagem de Ano em Nelas, Concelho de Viseu, a casa de um amigo/colega da minha mulher. Na realidade, o dono da casa não era do nosso círculo de amigos mais próximos, mas outros amigos em comum eram. Dentro desses amigos há um casal em que são ambos um pouco peculiares, muito em particular, ele que é uma pessoa muito pouco característica. Pela sua postura perante a vida, pelos seus gostos e passatempos, pelo seu percurso de vida, etc. É um tipo um pouco excessivo numa série de coisas, entre as quais a comida. É um gajo porreiro mas um bocado inútil em casa. Tanto quanto sei, em casa só ocupa espaço. Não ajuda a mulher em nada e recusa-se a tirar a carta pelo que tudo o que implica deslocações obriga a mulher a ir. Idas ao médico, ir levar e buscar as miúdas à escola, ir às compras, etc, ou vai sozinha, ou tem de o levar a ele. Uma coisa é certa, aquele carro sem ela não se mexe. E é um tipo fino. De manhã vai de carro com a mulher para Lisboa, ela deixa-o num sítio qualquer e o rapaz daí para o trabalho só mesmo de táxi. Transportes públicos não são para ele. Ao fim do dia há mais táxi. Bom, é lá com eles. À parte estes pormenores é um tipo porreiro e é interessante conversar com ele porque é culto e tem coisas divertidas para contar.

Regressando a Nelas, num dos dias fomos almoçar fora. Cada um comeu a sua coisa, e ele pediu uma posta mirandesa, ou um bife, não sei. A verdade é que, como é um tipo um bocado exagerado, cortou um naco de um tamanho absurdo e foi mesmo assim para dentro da boca. Andou com a carne às voltas dentro da boca durante um bocado, mas ao fim de um pouco tornou-se evidente que não era possível mastigar aquilo. Como dava um bocado mau aspecto cuspir a carne para o prato e a situação estava a tornar-se incomportável, o meu amigo tentou empurrar o naco para baixo com vinho tinto. Entretanto já toda a gente se tinha apercebido de que a coisa estava complicada. Foi por isso que toda a gente o viu a levantar-se da mesa com ar atrapalhado enquanto o vinho voltava pelo mesmo caminho por onde tinha entrado uma vez que, tal era o tamanho do pedaço de carne que tinha entupido completamente a canalização. Nesta altura já se lhe via pânico nos olhos. E foi com um ruído curioso que um pedaço de carne de grandes dimensões lhe voou directamente da garganta para cima da mesa. A mulher dele estava nervosíssima a mandar vir com ele e o dono da casa onde passámos o Ano encolhia-se contra as costas da cadeira o mais que podia com um ar enojado, tentando aumentar a distância entre si e aquele pedaço mal-tratado de carne. Um dos empregados aproximou-se rapidamente para compor a mesa e a cena terminou com o meu amigo a apanhar o pedaço de carne com o guardanapo e a entregá-lo ao empregado - "Olhe, já agora leve também isto".

Com toda aquela alarvidade, a mim já me doía a barriga de tanto rir...

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