terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O Sentido da Vida

Acabei de ver o filme "Up in the Air", realizado em 2009 por Jason Reitman, com o George Clooney no papel principal. Gostei do filme. Dou-lhe 8 em 10 pelo argumento, pelos diálogos e pela realização. Uma das coisas que me desconcertou, que me fez sentir uma profunda desagrado com a realidade, foi a forma idílica como são representadas as viagens de avião. As cenas de paisagens filmadas a partir do ar com uma qualidade e clareza sem mácula e acompanhadas por um maravilhoso silêncio não podiam estar mais longe da realidade. Andar de avião é desconfortável. É barulhento. Aquele barulho de fundo que nunca se vai embora acumula com a pressão artificial que faz com que os pés inchem dentro dos sapatos. E quando se olha pela janela, as mais belas paisagens perdem sempre cor devido ao reflexo na janelas duplas. Isto quando não se vai em cima da asa, o que arrasa qualquer hipótese de se ver seja que paisagem for. Mas adiante. O que me fez pegar no blogue foi a pergunta que ecoa ao longo de todo o filme: qual é o sentido da vida? É uma pergunta eterna que porventura toda a gente já se colocou. Mas é pergunta que tresanda a religião. Por que carga de água terá a vida que ter algum sentido? Qual é o sentido da vida de um lagarto? Qual é o sentido da vida de uma bactéria? A vida não tem que ter nenhum sentido. Para achar que sim é preciso acreditar no destino. É preciso acreditar que existe uma peça de teatro cósmica em que todos temos um papel a desempenhar. Mas para quê? Com que objectivo? Para a Glória de deus, respondem alguns. Mas por que é que deus tem de ser glorificado? Ele precisa disso? Se tem necessidades, isso não faz dele menos divino? Adiante. Ao longo da nossa vida, o Sentido vai mudando. Quando nascemos nem temos consciência de nós próprios. Nos primeiros anos só queremos brincar, evitar tudo o que seja aborrecido, gastar energia. Entrando na puberdade começa a necessidade de afirmação, a dinâmica de grupo, a instabilidade hormonal, a necessidade de sexo e as primeiras paixões. Aos poucos vão-nos sendo impostas obrigações, que vão crescendo ao longo da vida. A partir do momento em que ganhamos obrigações parece quase irrelevante procurar um sentido na vida e antes disso, a pergunta nem sequer faz sentido. Independentemente de qual seja esse sentido, existem coisas que temos de fazer, sob pena de várias coisas. Quando se tem filhos, quem tem tempo para questionar se tudo isto faz sentido?
É necessário trabalhar todos os dias, não porque temos um papel para desempenhar no Grande Esquema das Coisas, mas antes porque se não o fizermos não teremos dinheiro para comida, para roupa, para uma casa, já para não falar dos luxos dos países ricos, como carros, aparelhos electrónicos, televisão por cabo e por aí fora. À medida que se vai envelhecendo as preocupações vão mudando, os filhos saem de casa (às vezes). O Sentido da Vida, assim mesmo em maiúsculas, não existe. Algumas pessoas não têm, nem podem ter, um horizonte mais ambicioso que a sobrevivência diária. Outras podem dar-se ao luxo de dedicar a sua vida a procurar maneiras de escapar ao tédio. De um extremo ao outro, cabe a cada um dar um sentido à sua própria vida. Isso passa, obviamente, por estabelecer objectivos e trabalhar para os alcançar. Tudo o resto são balelas.

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