terça-feira, 24 de abril de 2012

Ser louco ou não ser louco, heis a questão

Quando alguém comete um acto de que a maior parte das pessoas mentalmente sãs nunca seria capaz, existe a normal tentação de pensar que o autor só pode ser louco. Mas a História, desde a mais distante à mais recente, demonstra que quase todas as barbaridades já foram cometidas e a questão da loucura não se colocou nem tão pouco poderia ser utilizada como argumento. Encontra-se em julgamento o cobarde Anders Behring Breivik, que assassinou 77 pessoas num só dia mas não enfrentou um único homem armado. Estando determinada a sua culpa, o tribunal tenta apurar o seu grau de sanidade. Foi sugerido que Breivik poderia estar num estado psicótico no dia em que cometeu o atentado à bomba e a chacina na ilha de Utoeya. Esse argumento parece insustentável se tivermos em conta que Anders começou a planear e montar os atentados no ano de 2002. Seria um muito longo estado psicótico, embora seja honesto da minha parte admitir que não faço a menor ideia se é comum ou possível um estado psicótico durar 10 anos. Mas sei que essa justificação não é obrigatória. Todos os dias são assassinadas pessoas em assaltos, umas vezes por grandes quantias, outras nem por isso. No México são assassinadas e mutiladas pessoas todos os dias na luta pelo controlo do narcotráfico junto à fronteira com os EUA. Em 1994, no Ruanda, os membros da etnia Hutu perseguiram e chacinaram 800 mil Tutsis ao longo de 5 meses. Os sérvios fuzilaram 8.000 bósnios num só dia. Os soviéticos executaram 22 mil polacos no Massacre de Katyn. Como é bem conhecido, os nazis conduziram uma política de extermínio dos judeus, tendo eliminado 6 milhões nos campos de concentração. E não faltam na História muitos e muitos e muitos mais exemplos de mortes por motivações políticas, religiosas, pela luxúria do poder, pela ganância ou simplesmente pela sobrevivência. Muito dificilmente se poderia argumentar que do lado confortável do gatilho ou da catana esteve sempre um psicótico temporário.

No caso de Breivik tratou-se de uma estranha mistura de narcisismo com xenofobia e um extremo desprezo pela vida humana.

São ou não, o maior castigo para Breivik seria o seu internamento psiquiátrico. Seria o maior golpe para o seu ego.

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