segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

E quem fala assim...

Gostei da entrevista da Luís Figo no Público. Claro e sem meias tintas. E estou como ele. Gerações sucessivas de políticos têm afundado este país, porventura até ao ponto do não-retorno.

Típica é a reacção dos necrófagos que povoam a caixa de comentários daquele jornal. A maioria apresenta-se muito escandalizada pelas palavras do ex-jogador, mas penso que isso não espelha mais que a corriqueira inveja do portuguesinho. No caso do Figo parece-me que a equação é bastante simples: tornou-se um jogador de excepção, o que o colocou nos maiores clubes mundiais e lhe deu contratos milionários com esses clubes e com grandes empresas que queriam associar a sua imagem à de Figo e estavam dispostas a pagar por isso. E pagaram. E ele recebeu, investiu e fez mais dinheiro. Nalguns casos ganhou, noutros seguramente terá perdido. Qual é o problema? Ninguém se preocupa com o dinheiro que ele perdeu mas todos se sentem muito ofendidos com o que ele ganhou. A inveja é uma coisa muito feia.

http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1525463


domingo, 18 de dezembro de 2011

Um sorriso absurdamente longo

Faz-me pena a pobre rapariga que faz aquele anúncio da SIC. Deve ter sido muito duro estar ali aquele tempo todo a forçar toda a variedade possível de sorrisos. Em abono da moça, ninguém conseguiria fazer tal absurdo melhor do que aquilo.

A morte de um ateu

 
Christopher Hitchens ateu indefectível, escritor e jornalista morreu no dia 15 de Dezembro de 2011. Morreu cedo, aos 62 anos, mas teve uma vida preenchida e muito produtiva. Autor de uma extensa bibliografia e colunista, abordava temas políticos, sociais, religiosos e culturais. Mais do que ateu, Christopher autoentitulava-se antiteísta, considerando que a religião era uma força destrutiva e que devias ser combatida. Pouco conheço de Christopher Hitchens. Tenho um livro dele de 2007, "deus não é grande" mas ainda estou no início, é um pouco cedo para ter uma opinião. Mas felizmente nos tempos que correm existe um manancial enorme de intervenções, entrevistas e debates acessíveis no YouTube e que permitem de uma forma fácil conhecer o estilo e argumentos deste pensador. É verdade que esta é apenas uma face da pessoa, porque a capacidade de exposição não é igual na forma verbal e na forma escrita. Mas as intervenções que vi deixam claro que se trata de um homem cheio de humor, de uma grande riqueza cultural e com grande capacidade de argumentação e de sustentação dos seus argumentos. Deixou uma obra de grande dimensão e riqueza que seguramente me enriquecerá muito daqui para a frente.

É claro que a morte de um conhecido ateu deu origem a manifestações de satisfação de muitos energúmenos religiosos que nas suas opiniões boçais e vingativas demonstram à saciedade que Hitchens tem razão quando aponta a religião como um perigo contra a própria civilização. Mas fui agradavelmente surpreendido com um artigo curto mas objectivo do Christian Post sobre a morte do ateu, mostrando que nem todos os crentes carecem de desportivismo e de valores Humanistas como o reconhecimento do direito ao livre pensamento, à opinião e à sua livre expressão.

A minha opinião sobre as religiões é que estas de facto têm um potencial de perigo extremamente elevado, tendo este potencial sido concretizado inúmeras vezes como a História cabalmente demonstra, mas também penso que é justo reconhecer que muitas pessoas são intrinsecamente boas e que é através da sua associação à religião que encontram forma de transformar a sua bondade em resultados práticos, ajudando outros.

Quanto à dimensão de deus, o que eu estranho é que muitos crentes não se apercebam quão pequenino e mesquinho é o deus em que acreditam. Ou seja, quando se regozijam com a morte de um ateu porque finalmente vai ser confrontado com deus e, seguramente, castigado, estão na realidade a passar um atestado de menoridade ao deus em que acreditam. Acreditam num deus vingativo, que toma nota do que as pessoas, no seu livre arbítrio, pensam e fazem, para depois as castigar quando estas acabarem o seu percurso na "vida terrena". Acreditam num deus que castiga a honestidade intelectual de quem não baseia o seu raciocínio num conjunto de dogmas datados e desajustados do actual estado civilizacional, mas antes na observação dos factos tal como se lhe apresentam, no estudo do comportamento humano, da História ou da Ciência. Acreditam num deus que castiga quem tem o desejo de conhecer mais da realidade que o rodeia, das regras que regem o funcionamento de todas as coisas e que não aceitam pretensas "verdades definitivas" escritas em livros recheados de histórias da carochinha.

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